Carne clandestina gera riscos e está relacionada a 30 doenças
Somente este ano foram mais de 18 toneladas de carne clandestina apreendidas no Estado
Rafael Melo
O programa Goiás contra a Carne Clandestina tem alertado os consumidores sobre o risco do consumo de alimentos impróprios com procedência irregular. Por ser um produto de origem animal, a carne necessita de uma inspeção adequada na sua produção e comercialização, além de aspectos relativos à saúde pública e vigilância sanitária. Segundo o promotor de justiça e coordenador do centro de apoio ao consumidor, Rômulo Correa de Paula, foram quase 12 toneladas de carne apreendidas este ano somente na Capital goiana.
“Tínhamos a expectativa de que em Goiânia o problema seria um pouco menor. No entanto, fizemos uma grande operação em março deste ano, na Capital, e para nossa surpresa foi a maior apreensão registrada na história, quase 12 toneladas de carne imprópria para o consumo”, conta o promotor. Em todo o Estado, as apreensões somam cerca de 18 toneladas.
Apesar na necessidade atuante dos órgãos de fiscalização, o promotor também avalia a importância de conscientizar a população no momento da compra. “A carne imprópria para o consumo não recebe o selo de inspeção, não é devidamente abatida e prejudicial para nossa saúde. A conscientização seria essencial para reduzirmos bastante o número de apreensões”, argumenta.
“São mais de 30 doenças que podem ser transmitidas pelo consumo da carne clandestina. O consumidor deve sempre avaliar o local onde está comprando, deve ser um local com total higiene e alvará sanitário. Caso seja necessário, pode solicitar no açougue a nota fiscal de aquisição da carne que demonstra que ela veio do frigorífico. Mas a principal medida é sempre observar as condições estruturais de higiene do estabelecimento”, complementa Rômulo de Paula.
Operações
Na última semana, dia 14 de agosto, o promotor discorreu sobre o projeto Goiás Contra a Carne Clandestina durante o Seminário Saúde Única em Foco, no auditório da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG, promovido pela Comissão de Saúde Pública do CRMV-GO. Na ocasião, ele apresentou o balanço dos últimos três anos de operação do projeto.
Em 2015 foram fiscalizados 242 estabelecimentos, apreendidas 23 toneladas de carne imprópria para consumo e oito pessoas foram presas em flagrante. Em 2016 foram visitados 226 estabelecimentos, cinco toneladas de carne foram apreendidas e quatro prisões em flagrante foram efetuadas.
Já em 2017, 343 estabelecimentos foram fiscalizados, 22 toneladas de carne recolhidas e sete prisões em flagrante registradas. Entre 2015 e 2018 (até agora) foram realizadas 23 operações, 1.127 estabelecimentos fiscalizados, mais de 68 toneladas de carne apreendidas e lavrados 20 autos de prisão em flagrante. A fiscalização foi a primeira etapa do projeto.
Na segunda etapa do projeto acontecem as audiências públicas para conscientizar os empresários e a sociedade sobre a importância do alimento de origem animal inspecionado por um médico veterinário, que pode ser verificado pelo Selo de Inspeção Federal, Estadual ou Municipal.
Nos dias 13, 15 e 16 de agosto, os municípios de Itaberaí, Itapaci e Bela Vista de Goiás, respectivamente, receberam a audiência que integra a segunda etapa do projeto. Na oportunidade, os técnicos detalharam quais medidas devem ser tomadas para a melhor conservação do produto, os riscos de exposição da carne a agentes contaminantes e as principais doenças que podem ser transmitidas ao homem em razão do abate e comercialização de forma irregular.
O Projeto Goiás contra a Carne Clandestina é uma parceria entre Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), Conselho Regional de Medicina Veterinária de Goiás (CRMV-GO), Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), Vigilâncias Sanitárias, Associação Goiana de Supermercados (Agos), Sindicarne-Go, Secretaria Estadual de Saúde, entre outros órgãos.