Maduro comanda exercícios militares enquanto Guaidó conclama a população para manifestações
Nicolás Maduro demonstrou que está disposto a continuar no poder; Juan Guaidó ressaltou que é necessário cessar com as “perseguições e assassinatos” na Venezuela
Ao comandar exercícios militares, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, demonstrou que está disposto a continuar no poder e não atender à manifestação feita por parte da comunidade internacional para reconhecer a legitimidade de Juan Guaidó como interino e promover novas eleições no país.
“Estamos preparando os exercícios mais importantes da história da Venezuela porque vamos demonstrar o poder militar de Forças Armadas com capacidade operacional, combate e defesa”, disse o presidente que é também o comandante-em-chefe do Exército.
Os exercícios militares foram realizados ontem (27) em Fuerte Paramacay, na região de Naguanagua, no estado de Carabobo, sob comando de Maduro. O venezuelano promete repetir as atividades até fevereiro.
Europeus
No último dia 26, os governos da Espanha, Alemanha e da França se manifestaram a favor de Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela que se autoproclamou presidente interino do país em substituição a Nicolás Maduro.
Pelo Twitter, o presidente francês, Emmanuel Macron, declarou que a “o povo venezuelano deve decidir livremente seu futuro”, e que a França pode reconhecer Guaidó como presidente enquanto não são realizadas novas eleições para resolver o impasse político na Venezuela.
Em pronunciamento oficial, o primeiro-ministro da Espanha (presidente de governo), Pedro Sánchez, estabeleceu prazo de oito dias para que Maduro convoque “eleições justas, livres, transparentes e democráticas”.
Segundo a porta-voz do governo alemão, Martina Fietz, “se as eleições não forem anunciadas no prazo de oito dias, a Alemanha está pronta para reconhecer Juan Guaido como presidente interino”.
Durante a semana, a União Europeia já havia manifestado apoio às novas eleições e à Assembleia Nacional da Venezuela. Brasil, Argentina, Colômbia, Canadá e Estados Unidos já reconheceram Guaidó como presidente.
Papa
Ontem (27), o papa Francisco, que participa da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) no Panamá, pediu que seja tomada uma solução justa e pacífica para a crise na Veneuzuela.
“Aqui no Panamá, tenho pensado muito sobre o povo venezuelano, a quem me sinto particularmente unido ultimamente”, afirmou o papa. “Peço ao Senhor que busque e alcance uma solução justa e pacífica para superar a crise, respeitando os direitos humanos e desejando exclusivamente o bem de todos os habitantes do país.”
Aliados de Maduro
México, Cuba, Irã e Turquia declararam apoio a Maduro. Rússia e China divulgaram manifestações incisivas contra qualquer intromissão externa na política venezuelana.
Maduro governa a Venezuela desde 2013, foi reeleito em pleito em 2018 sob suspeição. Ele diz que há um “golpe midiático” contra a Venezuela, promovido pelos Estados Unidos.
Guaidó
O presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, fez um pronunciamento, por meio de transmissão ao vivo nas redes sociais, em que anunciou manifestações em todo país, na próxima quarta-feira (30) e no sábado (2). Também agradeceu o apoio internacional e a ajuda humanitária prometidos ao povo venezuelano.
A reação dele ocorre logo após a Organização das Nações Unidas (ONU) apelar para novas eleições na Venezuela e a maior parte da comunidade internacional anunciar apoio ao governo interino.
“A nossa luta não terminou por excesso de usurpação de poder”, afirmou o interino, no início da declaração, ressaltando ter informações de que seu nome foi vetado em rádios do país. Ao conclamar para novas manifestações ao longo da semana, ele pediu que sejam “pacíficas” e frisou a palavra.
“Peço a todos os venezuelanos que saiam às ruas”, disse Guaidó. “Levando a nossa mensagem”, acrescentou o presidente interino, lembrando que a ONU deu prazo de oito dias, a contar de sábado (27), para serem realizadas novas eleições no país.
O pronunciamento durou cerca de 14 minutos e foi ao ar por volta das 23h (horário de Brasília). Guaidó usou um cenário simples para discursar: sentado em uma mesa, tinha atrás dele, do lado esquerdo do vídeo, a bandeira da Venezuela e à direita um busto de Símon Bolívar, herói nacional.
Guaidó ressaltou que é necessário cessar com as “perseguições e assassinatos” na Venezuela e com o desrespeito aos direitos humanos. Também lembrou que há cerca de 160 militares presos no país. Nos últimos dias, ele tem defendido a anistia aos militares e civis que servem ao governo do presidente Nicolás Maduro.
Sem mencionar o nome de Maduro, Guaidó se refere a ele apenas como “usurpador”. Segundo o presidente interino, o esforço será também para recuperar a economia da Venezuela, iniciando com as emergências humanitárias com apoio internacional, oferecido por vários países, inclusive os Estados Unidos e o Reino Unido.
Mais cedo, Guaidó apelou para que as Forças Armadas “não disparem mais contra o povo da Venezuela, nem reprima as manifestações que têm caráter pacífico e democrático”. (Agência Brasil)