Bolsonaro convoca reunião de emergência para discutir crise na Venezuela
A pauta do encontro está relacionada aos registros de violência na fronteira do Brasil com a Venezuela
Da Redação
O presidente
Jair Bolsonaro convocou uma reunião de emergência no Palácio do Planalto para
tratar da crise na região da Venezuela, devido aos registros de violência na
fronteira do Brasil com o país. Na manhã
desta sexta-feira (22), militares venezuelanos abriram fogo contra um grupo de
civis que tentavam ajudar a manter aberta a fronteira da Venezuela com o Brasil,
um dia após o ditador Nicolás Maduro ter anunciado o fechamento da divisa entre
os dois países. Ao menos duas pessoas morreram nos conflitos desta sexta.
A decisão de
Maduro ocorre em meio à tentativa de envio de ajuda humanitária do Brasil e da
Colômbia ao país vizinho com coordenação dos EUA. Os primeiros suprimentos
—alimentos e medicamentos— chegam nesta sexta na região fronteiriça.
Mesmo com a
decisão de fechamento da fronteira, o governo brasileiro decidiu manter a programação
de enviar ajuda à região. O líder opositor Juan Guaidó, reconhecido por 50
países (incluindo o Brasil) como presidente interino da Venezuela, se
comprometeu a fazer chegar “de uma forma ou de outra” a ajuda
humanitária ao país a partir de diversos pontos na fronteira, neste sábado (23).
Estão reunidos
no Planalto, além de Bolsonaro, representantes de dez ministérios, o chefe do
Estado-Maior do Conjunto das Forças Armadas, tenente brigadeiro do Ar, Raul
Botelho. O governador de Roraima, Antonio Denarium participa por videoconferência.
O governo vai enviar uma comitiva no fim de semana à Colômbia, onde o Grupo de
Lima se reunirá na segunda-feira (25) para discutir a situação da Venezuela. O
Brasil será representado pelo vice-presidente, general Hamilton Mourão e pelo
chanceler, Ernesto Araújo, que já está no país. Criado em 2017, na capital do
Peru, o Grupo de Lima é formado por chanceleres de 14 países das Américas — apenas
o México não reconhece Guaidó como presidente interino da Venezuela.
O governo
federal vai manter um gabinete de crise para acompanhar a situação da
fronteira, e Bolsonaro se reunirá com Mourão no domingo (24), antes do embarque
do vice para a Colômbia. O confronto desta sexta ocorreu em uma vila de
Kumarakapay, na Venezuela, que fica ao lado de uma estrada. Um grupo indígena
tentou parar um comboio militar que se dirigia à fronteira com o Brasil, em um
dos pontos onde o governo Maduro pretende barrar a entrada de ajuda
humanitária. Os soldados entraram na vila, abriram fogo contra as pessoas,
liberaram o caminho e seguiram em frente. Apesar do bloqueio, duas ambulâncias
venezuelanas cruzaram a fronteira brasileira para levar cinco feridos a um
hospital de Roraima. “Neste momento, cinco pacientes venezuelanos estão
sendo atendidos no Hospital Geral de Roraima. Todos foram feridos por arma de
fogo”, disse a Secretaria Estadual de Saúde, em nota.
Após o ataque,
ao menos 30 moradores dos arredores da vila sequestraram três funcionários do
governo. Segundo Tamara Suju, advogada e defensora dos Direitos Humanos, eles
só serão liberados pelos indígenas caso o ministro da Defesa da Venezuela,
Padrino López, vá buscá-los pessoalmente. Os ativistas que fizeram o bloqueio
pertencem ao grupo indígena Pemones, que se uniu ao esforço da oposição
venezuelana para ajudar a receber a ajuda humanitária enviada pelos EUA.