No Dia Mundial de Luta Contra o Câncer, conheça a história do João Saci
João teve a doença cinco vezes, perdeu uma perna e um pulmão, e, atualmente, é atleta de crossfit
Suzana Meira
O Dia Mundial de Luta Contra o Câncer é celebrado nesta segunda-feira
(8). A data, criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), tem como objetivo
conscientizar a população sobre a enfermidade, que é atualmente a segunda causa
de morte no mundo.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer é composto
por um conjunto de 100 doenças que possuem, em comum, o crescimento desordenado
de células que invadem os tecidos e órgãos do corpo. Ainda de acordo com o INCA, essas células são
muito agressivas e incontroláveis, o que causa a formação de tumores.
No Brasil, estima-se que entre 2018 e 2019 serão 600 mil novos
diagnósticos da doença. De acordo com o cirurgião oncológico e diretor técnico
do Hospital de Câncer Araújo Jorge, Roberto César Cândido
Fernandes, os principais fatores de risco para o câncer estão relacionados, primeiramente,
com a idade, o sedentarismo, a obesidade, ao consumo excessivo de bebida
alcoólica e a prática do tabagismo.
“A população está
superando a expectativa de vida. Em 1940, esperávamos viver por 40 anos. Já em
2019, estamos vivendo acima dos 70. Apesar de termos câncer em crianças e recém
nascidos, o principal fator é a idade, quanto mais à sociedade envelhece, mais
ela desenvolve a doença”, afirmou o médico.
Além desses fatores, os
processos de industrialização e urbanização, conhecidos também como a vida
moderna, são considerados fatores importantes no desenvolvimento da
enfermidade. O oncologista ressaltou que
o tabaco é uma das principais causas de morte por câncer: “O tabaco é um dos
principais fatores de morte. Atualmente, a nova forma de tabagismo é o
narguilé. E, só saberemos o impacto desse ato nos próximos 15 ou 20 anos. No
Araújo Jorge, morriam três pessoas por dia, uma delas era por causa do cigarro.
Além disso, a obesidade está relacionada, pelo menos, com 15 tipos de cânceres.
Mais de 50% da população brasileira é obesa”, afirmou.
O cirurgião destacou
também que o consumo do álcool, associado ao uso do tabaco, está relacionado
com alguns tipos de cânceres de cabeça e pescoço, tendo como sintomas: caroços
na região do pescoço e feridas na boca que demoram muito a cicatrizar.
Segundo o médico, os cânceres de próstata, pulmão, mama e colorretal são
os mais frequentes entre os brasileiros. Além disso, o especialista adverte que
o câncer de próstata é mais comum em pacientes negros e o de mama estão
relacionados também a fatores hereditários. De acordo com a OMS, 14 milhões de
pessoas descobrem a doença todos os anos. A organização calcula que esse número
deve crescer 70% até o ano de 2038.
O médico explicou que o câncer é uma doença que provoca muito
sofrimento, principalmente nos casos avançados.
Roberto pontuou também, que no país, a enfermidade ainda é vista com
muito estigma, o que atrapalha no diagnóstico precoce da doença. “A descoberta
em fase inicial da doença pode ser curada em até 100% dos casos”. Além disso, o
oncologista explicou que não se deve esperar por sinais de qualquer doença. “Deve
se realizar exames preventivos, de acordo com as etapas da vida e idade. Qualquer
alteração no corpo, um caroço, uma ferida na pele, na boca, na mama, já é um
alerta e um médico deve ser procurado”, enfatizou.
O tratamento do câncer
pode ser realizado por meio de cirurgias, quimioterapia, radioterapia ou
transplante de medula óssea. O método é
indicado pelo especialista conforme o tipo de câncer identificado. Em muitos
casos, é necessário combinar mais de uma modalidade.
Importante
O câncer de pele é o
mais comum no Brasil. O especialista, cirurgião oncológico, Roberto César Cândido
Fernandes, disse que esse tipo de câncer, em específico, mata menos, e que por
esse motivo, pouco se fala sobre ele. “Entre 600 mil novos casos esperados entre
2018 e 2019, 160 mil são de pele. O principal fator desse câncer é a exposição
solar. No caso do trabalhador rural, por exemplo, ele fica exposto ao sol desde
criança, o que pode causar no futuro a evolução para a doença”, explicou.
“Quando recebi a notícia pela primeira vez, foi como se meu
mundo tivesse acabado”
Pensando
nessa data, a equipe do jornal O Hoje, convidou o atleta João Carlos Rodovalho,
mais conhecido como João Saci, para contar a sua história com o câncer. O
ex-nadador paraolímpico teve a doença cinco vezes. Precisou amputar uma perna,
perdeu um pulmão, e, atualmente, faz exercícios de crossfit.
Durante
a entrevista, Saci contou como foi a descoberta da doença e como lida com a
situação. “Quando recebi a notícia pela primeira vez, foi como se meu mundo
tivesse acabado. Um turbilhão de emoções tomou conta de mim e eu não sabia o
que fazer. Pensava, apenas, que tinha que lutar contra uma doença que ainda é
um estigma para muita gente. Sabia que deveria seguir em frente”, relatou.
João Saci
revelou, ainda, que se sentia doente apenas no momento no qual era submetido à quimioterapia.
“Quando eu não estava nesse processo fazia as coisas normalmente. Passeava no
shopping, tinha vários momentos de lazer”, explicou.
Recentemente,
João Saci escreveu o livro ‘Nascido Para Vencer’, onde ele relata toda sua
história com o câncer, suas dificuldades e como superou esse grande desafio em
sua vida.
Assista
a entrevista.