Entidades cobram explicações de OAB e shopping por exposição de crianças
Defensoria Pública, confederações e membros do Congresso Nacional falam em objetificação de menores de idade expostos ao público
Da Redação
Na última terça-feira (21), um evento causou diversas discussões em todo o Brasil. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional Mato Grosso, e o Pantanal Shopping, de Cuiabá (MT), realizaram o evento “Adoção na Passarela”, onde crianças e adolescente de centros de adoção desfilavam nas dependências do centro comercial para o público presente. Várias entidades de representação repudiaram a iniciativa e cobraram explicações dos organizadores, afirmando que o evento expõe menores de idade de forma negativa.
A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM) enviou ofício ao Conselho Federal da OAB e ao Ministério Público do Mato Grosso (MP-MT) pedindo informações sobre a iniciativa. Na tarde desta quarta (22), a Defensoria Pública de Mato Grosso emitiu um comunicado repudiando o evento. “Corre-se o risco de que a maioria dessas crianças e adolescentes não seja adotada, o que pode gerar sérios sentimentos de frustração, prejuízos à autoestima e indeléveis impactos psicológicos”, diz a instituição.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade (Contratuh) afirmou em nota que vê com perplexidade a notícia de crianças desfilando em passarelas, “objetificadas em uma vitrine, numa tentativa infeliz de promover a importante prática da adoção”.
“A Contratuh se preocupa com a questão psicológica de crianças expostas ao público, com organizadores passando a ideia equivocada de que aparência é uma premissa fundamental para que sejam escolhidas por novas famílias, deturpando a ideia fraternal que deve ser o foco de qualquer processo adotivo”, afirma Wilson Pereira, presidente da confederação.
Além do repúdio, algumas entidades cobram outras ações que inibam essa prática e redução de processos burocráticos de adoção. “Esperamos que se apresente de fato uma prática ou projeto que efetivamente auxilie na melhoria do processo de adoções do país, que são altamente burocráticos e tendem a dificultar a real interação com possíveis famílias que pensam em dar um novo lar para nossas crianças e adolescentes”, completa Wilson Pereira.