Mercado de luxo decola em Goiânia
Alto poder aquisitivo fomenta o mercado de grandes marcas internacionais. Mercado segue em franco crescimento
Os corredores dos grandes shoppings da Capital, antes ocupados por lojas do mercado local, cedem espaço para grandes marcas internacionais de luxo. Percebi que, ao longo dos últimos anos, houve uma mudança no comportamento do consumidor goiano, em consequência do aumento do poder aquisitivo, atribuído ao aquecimento do agronegócio presente no Centro-Oeste. Antes, a disponibilidade de produtos de luxo em Goiânia era restrita a joias, relógios, carros e imóveis. Agora, se estendeu a roupas, calçados, bolsas e acessórios, e mudou a realidade da oferta de produtos em nossa região. Hoje, é possível encontrar muitos objetos de desejo em lojas bem próximas.
A exemplo disso, Goiânia recebeu, em 2014, a loja de luxo Emporio Armani, considerada uma das maiores grifes do mundo e reconhecida pelo arrojo em sua alfaiataria. Em entrevista a esta coluna, a visionária por trás desse feito, Rose Vieira, confidenciou que foram grandes os desafios para implantar a grife italiana. “A falta de parâmetros para apresentar o projeto para o CEO da Emporio Armani foi uma dificuldade no início, e o descrédito das pessoas por pensarem que o produto seria inacessível também. Mas o comportamento de compra do goiano mudou; a globalização trabalhou em favor à medida que os consumidores, por meio de viagens, e-commerce ou até mesmo por pontos físicos de vendas de marcas de luxo, pôde ter acesso aos produtos, preços e valores, despertando neles o desejo de aquisição”. Na opinião de Rose, a vinda de novas marcas de luxo é positiva, pois o projeto da grife foi um tanto quanto audacioso – por ter sido pioneiro –, porém apostou que novas marcas viriam, em seguida, por também acreditarem em bom gosto, apreciação por qualidade e conforto – além do elevado poder aquisitivo. Hoje, Rose celebra por ter sido responsável por trazer a primeira monomarca ‘padrão AAA’ para a Capital.
Entre uma xícara de café e outra, o diretor executivo de uma plataforma para empresários e executivos do mercado de luxo Thiago Almeida contou a esta colunista que o mercado local não sentiu tanto o impacto da crise econômica do País em função de estar aquecido. “Por isso essas lojas estão apostando no Centro-Oeste; aqui, gira muito dinheiro em razão do agronegócio e da logística privilegiada, mas, infelizmente, as pessoas com maior poder aquisitivo acabam comprando fora do Brasil. Cabe agora às lojas terem ações para cativar esse público”, identifica o boos da Set-Up Conference.
Da mesma forma, Freddy Rabbat, presidente da Associação Nacional de Mercado de Luxo e CEO da marca de relógios Tag Heuer, observou em uma descontraída e apaixonante conversa. Freddy pontua que o ideal seria que todos tivessem acesso ao luxo, porém esse mercado envolve certa exclusividade, o que dificulta a massificação. “É difícil popularizar produtos em um mundo que prioriza peças personalizadas. Isso faz com que o produto de luxo torna-se cada vez mais raro e mais caro”.
Além disso, o consumidor desse mercado é muito específico e busca itens exclusivos, de ótima qualidade e duradouros. Para o especialista, “mesmo a moda mudando o tempo todo, esses objetos são para sempre, e passam de pais para filhos”.
Para arrematar, Freddy observa que a variedade dos catálogos existe para que cada pessoa alcance produtos que dialoguem diretamente com a personalidade de cada um: “Por isso a existência de várias marcas e a diversidade produtos de luxo para que possa atender a todo mundo. A pessoa não se adapta ao produto, o produto é que se adapta à personalidade do indivíduo”.
Concluo que mercado de luxo, mais do que qualquer outro, tem como motor o relacionamento, tendo como público um perfil de consumidor muito peculiar – eles buscam saber de onde vêm seus produtos e quem os produz, buscando marcas e empresas que condizem com seus valores pessoais e atendam seus anseios e expectativas. A personalização o torna único e gera também uma forma de dar ‘alma’ ao produto, que sempre vem acompanhado de uma história.