Você está realmente pronto para sua entrevista de emprego?
Segundo especialista em gestão, entre 70 e 80% de quem passa pela primeira vez nessa fase de um processo seletivo costuma ser eliminado
Da Redação
Estou bem vestido? Será que pergunto sobre o salário? O que falo sobre meu último emprego? Se acharem que não tenho experiência? Se pensarem que estou velho? Sorrio ou fico sério? Quando se está numa ante-sala esperando para ser chamado para uma entrevista de emprego essas e várias outras perguntas parecem invadir nossa cabeça e aumentar ainda mais o nervosismo do momento. Mas todos esses questionamentos que surgem, muitas vezes, só escondem a principal pergunta a ser respondida: você está realmente preparado para uma entrevista de emprego?
Para o consultor em administração e especialista em governança corporativa Marcelo Camorim, a maioria não está, mas nada que não se resolva com dicas simples e práticas, válidas para profissionais de qualquer segmento. Segundo ele, a entrevista costuma ser a fase mais temida num processo seletivo, e não é por menos, afinal é nessa conversa de poucos minutos que você terá com o recrutador que estão suas maiores chances de mostrar seu potencial ou de estragar tudo.
De acordo com Marcelo Camorim, uma média de 70 a 80% dos candidatos não se saem bem nas primeiras entrevistas de emprego. “Dentro do trabalho de seleção, a entrevista é sim um momento crucial, tanto para o candidato, quanto para o recrutador, que deverá buscar nas palavras, gestos, jeito de se vestir e falar de informações complementares que não estão no currículo, que não foram demonstradas em dinâmicas e testes. É o famoso olho no olho, que fará toda diferença”, destaca o especialista.
Conforme explica o consultor, durante essa fase da entrevista, o recrutador busca saber de fatos relacionados ao histórico profissional, experiências, habilidades, vida educacional do candidato, etc. É também o momento para se confirmar ou não o que está no currículo. “Já para o candidato, é a hora dele vender o seu talento, demonstrar suas habilidades, experiência, perfil e disposição para o trabalho”, pontua o consultor.
Autocontrole
Embora o nervosismo seja compreensivo e até normal, mesmo para os mais experientes, ter o devido autocontrole é fundamental. “Ficar um pouco nervoso é natural, mas esta condição não pode te travar na hora de se expressar. Lembre-se que você precisa passar segurança ao responder as perguntas que lhe serão feitas, especialmente sobre sua experiência e perfil profissional. Então, a dica nessa hora é prestar atenção nas perguntas do entrevistador. Se não entender peça para repetir. Não tente falar difícil, use a linguagem que você está acostumado, desde que seja polida e respeitosa. Responda a tudo sempre de forma bem objetiva e clara”, orienta Camorim.
Pensamento positivo
Mas apesar de todo peso que tem uma entrevista num processo seletivo para uma vaga de emprego, isso não é motivo para pessimismo por parte do candidato. Aliás, o otimismo é uma das principais dicas dada por Marcelo Camorim. “Saia de casa como se estivesse indo para sua última entrevista de emprego na vida. Acredite no momento e faça o seu melhor. O pensamento positivo ajuda a trazer mais segurança nessa ocasião de grande ansiedade”, frisa o consultor.
Visual
O especialista chama atenção para duas dicas que devem ser seguidas antes da entrevista. A primeira delas diz respeito à aparência. Marcelo Camorim destaca que estar bem trajado ou vestido adequadamente para uma entrevista traz sempre uma ótima impressão, além de dizer muito sobre o interesse do candidato pela vaga e de como poderá ser sua postura dentro da empresa.
“Quando digo estar bem trajado não me refiro a ter que colocar um terno chic ou uma roupa de marca, ou no caso da mulheres se ‘enfeitar’ em demasia. É claro que cada tipo de vaga requer do candidato um alguns padrões de vestimenta, como no caso da seleção de um engenheiro ou advogado, mas o que se precisa ter na verdade é um visual harmonioso, que transpareça asseio, organização, que não chame mais atenção do que você mesmo. Sendo assim os ‘penduricalhos’ como bonés, brincos muito grandes, colares, cordões e pulseiras muito chamativos são dispensáveis. Para as mulheres, maquiagem excessiva e roupas muito curtas e com decotes também não são uma boa ideia”, elenca o especialista em gestão.
Camorim afirma que o gestual também integra o visual de uma pessoa, por isso ter uma postura adequada ao se sentar, caminhar e falar é muito importante. “Na hora da entrevista, sem essa de ficar mexendo em outro objeto, como caneta, papel, colar, anel, celular então nem pensar! Mantenha o olhar focado no entrevistador”, indica.
Saiba sobre empresa
Outra dica dada por Camorim em relação à preparação para a entrevista é a pesquisa sobre a empresa em que se pretender entrar. “Essa é uma obrigação para qualquer pessoa que esteja passando por um processo seletivo. Você não precisa, é claro, ser um especialista no que a empresa faz, mas demonstrar que procurou saber sobre a corporação e que tem a mínima noção do que ela faz, é sinal de interesse e respeito pelo seu possível empregador”, diz Camorim.
“Pegadinhas”
O especialista lembra ainda, que ao longo da entrevista, o recrutador pode até fazer algumas “armadilhas” ou “pegadinhas”, com intuito de identificar a reação e postura do candidato diante de situações que podem ocorrer na rotina da empresa. “Um entrevistador pode sim lançar mão de uma informação falsa ou perguntar o que você faria diante de uma situação hipotética, com intuito de averiguar alguma incoerência no seu discurso, ou qual tipo de comportamento teria diante de um determinado cenário”, pontua o consultor.
Segundo Camorim, esse tipo de “pegadinha” pode dizer muito do perfil ético e profissional de uma pessoa, e dependendo da reação e da resposta, será quando o recrutador perceberá se o candidato, pode ter um traço de personalidade que é adequado ou não ao que a empresa procura. “Nessa situação, quem está selecionando pode perceber se a pessoa tem um perfil de personalidade que mais irá atrapalhar do que ajudar”, explica o consultor.
Honestidade
De acordo com Camorim, parece meio óbvio orientar a uma pessoa, que está passando por um processo seletivo para uma vaga de emprego, que é preciso que ela tenha sempre uma postura de honestidade e diga a verdade sempre. Mas de acordo com o consultor em gestão e governança corporativa, desde quem disputa vagas operacionais do baixo escalão das empresas, a quem pleiteia a cargos mais estratégicos, tem muita gente que acredita ainda que mentir uma informação ou outra pode lhe garantir uma vaga.
“Definitivamente, ser desonesto numa entrevista de emprego, mentindo ou omitindo um fato muito importante, não funciona. Hoje em dia os recrutadores são altamente treinados para detectar incoerências e inverdades numa entrevista. E se a mentira for descoberta já dentro da empresa, a consequência é uma só, quebra de confiança e demissão sumária. E aí será uma empresa da qual sua referência não será positiva”, diz Marcelo Camorim.
Falar de Salário
De acordo com Camorim, uma dúvida recorrente na cabeça de várias pessoas que passam por uma entrevista de emprego é saber se neste momento pode-se perguntar sobre salários e benefícios. Para o especialista em gestão sim, mas desde que esta não seja a primeira pergunta a ser feita pelo candidato.
“Em geral, o recrutador costumam explicar no final da entrevista algumas informações mais objetivas sobre o cargo a que se concorre, como valor do salário, horário de trabalho, se tem algum beneficio ou não. Mas se ele não fizer isso, o candidato poderá perguntar ao final, de maneira sutil, dizendo não ter lembrado se ele falou do salário e se poderia esclarecê-lo sobre tal informação. O problema é perguntar de cara sobre salário, ou no meio da entrevista, do nada. Aí a impressão que irá de causar será ruim”, explica Camorim
Suas expectativas
Falar durante a entrevista, de maneira clara, sobre as expectativas que se tem para a função a qual se candidata e com pode contribuir para tal trabalho é também um sinal de demonstração de interesse. De acordo com Camorim, é também uma boa chance de se dizer um pouco mais sobre sua experiência profissional e até mesmo apresentar algum case de sucesso. “Mas cuidado para não demonstrar desespero. Não prometa o que você não pode cumprir”, orienta o especialista.