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segunda-feira, 25 de novembro de 2024
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Crédito

Cai número de devedores em Goiás

Número de negativados teve alta no último mês, mas apresentou queda em relação ao ano passado

Postado em 12 de agosto de 2019 por Sheyla Sousa
Cai número de devedores em Goiás
Número de negativados teve alta no último mês

Igor Caldas

De acordo com a últimos dados da Câmara de Dirigentes Lojistas de Goiânia, houve aumento no número de negativações no SPC na Capital, entre os meses de junho e julho deste ano. O último mês fechou com 41.027 negativações. No entanto, em comparação com o mesmo período do ano passado, houve uma redução de 15,75% nesses números. Especialistas acreditam que a queda desses números está relacionada com a redução de compras feitas a prazo e do resultado de campanhas de quitação de débitos.   

Em âmbito nacional, os números são preocupantes. A última Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, indica que o percentual de famílias endividadas no Brasil cresceu 64% em junho para 64,1% em julho deste ano. No entanto, o número de negativações não corresponde ao número de pessoas endividadas, como explica a Gerente de Negócios do CDL Goiânia, Dina Marta Correa.

“O número de negativações no SPC não corresponde ao número de endividados. Um CPF pode ter mais de uma negativação. Isso vai depender de como a empresa computa essa dívida. Se uma pessoa estiver devendo três parcelas de um pagamento, por exemplo, ela pode ser negativada três vezes”, explica a Gerente.

O mecânico industrial Marcos Ferreira, está com o nome negativado no SPC/Serasa. Ele comprou um veículo à prazo no ano passado, mas um primo dele sofreu um acidente de caminhão e Marcos teve que ajudar a família na compra de remédios. Por isso, o mecânico fez uma negociação com a moto comprada a prazo e vendeu para outra pessoa, mas o comprador não honrou o pagamento das parcelas e deixou Marcos com o “nome sujo”. Agora, o mecânico tenta quitar a dívida.

“Na época, eu estava em outro emprego, recebendo menos e estava mais apertado. Eu paguei um curso de mecânica industrial por dois anos e meio e conquistei uma vaga no mercado com um salário melhor. Agora que estou em uma condição melhor, quero limpar meu nome na praça”, o mecânico ainda diz que seu maior incômodo de estar com o CPF negativado é a impossibilidade de conseguir crédito em instituições bancárias.

Para o economista Marcus Antônio Teodoro, a disposição para quitação de dívida, geralmente vem das classes mais baixas. “Se olhar pelo aspecto do crédito. Quem está devendo e está preocupado em resolver são as pessoas de nível social mais baixo. A pessoa que tem uma situação melhor pode usar outras estratégias para negociar a dívida ou até mesmo dar o calote. Eles têm outras fontes de renda e não dependem muito de linhas de crédito. Agora quem é de baixa renda e está com o nome sujo, fica todo travado”.

Consumidores preferem realizar  pagamento à vista 

O economista também diz que a redução dos números no SPC em relação ao mesmo período do último ano refletem a mudança de comportamento do consumidor frente ao momento de crise enfrentado pelo país. É o receio do pagamento à prazo. “O índice de desemprego está alto e as pessoas vêm buscando fontes de renda na informalidade de acordo com suas realidades e expectativas. Isso reflete em como ele vai consumir. Ninguém quer firmar um contrato a longo prazo sem garantias de que vai conseguir pagar”.

Segundo a gerente de negócios do CDL, Dina Marta, outro recurso que acabou diminuindo as compras a prazo foi a estratégia dos comerciantes darem maiores descontos nos pagamentos à vista. “Os lojistas têm conseguido mais descontos nas vendas com pagamento à vista. Essa é uma das formas de burlar a inadimplência. Quando eles utilizam qualquer ferramenta de crédito parcelado, a inadimplência está passível de acontecer. A crise mexeu com o orçamento do consumidor que se tornou mais cauteloso ao efetuar uma compra, priorizando pagar à vista”.

Ela revela que as vendas em períodos sazonais de maior volume de compras também caíram. Isso contribui para a diminuição do número de negativações no SPC. “Se as pessoas compram menos, elas também vão dever menos”. Ela ainda afirma que o aumento de vendas nas datas comemorativas em períodos sem crise econômica fica entre 7% a 12%. Em 2019 o aumento de vendas em datas comemorativas ficou abaixo de 7%.

Medidas do governo podem melhorar quadro 

Dina Marta ainda afirma que a inadimplência segue alta porque é reflexo do alto índice de desemprego no país. “Muitas pessoas que perderam o emprego contraíram dívidas e ainda não recuperaram as vagas. Essas pessoas acabam entrando na informalidade e priorizam os gastos essenciais como aluguel, contas de luz, gás à quitação de dívidas”. No entanto, sugere que com a entrada de dinheiro no mercado, muitos irão em busca de limpar o nome.

O economista Marcus Teodoro concorda com a ligação estreita entre o desemprego e o alto índice de inadimplência no país. “O governo tem ensaiado algumas medidas que podem contribuir com melhorias na economia. A aprovação da Reforma da Previdência não injeta dinheiro no mercado diretamente, mas se for aprovada, vai sinalizar uma melhora na economia. Isso pode atrair o empresário e gerar empregos. O resgate do FGTS teve o valor reduzido, mas injeta dinheiro diretamente no mercado e pode melhorar o quadro de consumo e o pagamento de dívidas”, pontua.

A gerente de negócios destaca que o governo tem a responsabilidade de adotar medidas para melhorar o quadro econômico. “Ele tem que desempenhar um papel mais coerente com o mercado, tomar medidas que visam reduzir a burocracia para contribuir com a melhoria do ambiente de negócios. Se melhora isso, cresce a empregabilidade e outras questões, como as vendas no comércio e o pagamento de dívidas. O fator fundamental para que a gente tenha uma melhoria com relação ao consumo e à inadimplência é o emprego”.

Crédito consciente

De acordo com o economista Marcus Antônio Teodoro, outro motivo para a diminuição das negativações no SPC foram as inúmeras campanhas de conscientização e renegociação de dívidas promovidas por bancos, redes de eletrodomésticos e pela própria CDL. “O consumidor usa as cartas que tem na mão, para pagar suas dívidas. Mas a melhor forma de não ficar endividado é o pagamento à vista. As pessoas acabam vendo que isso é verdade e tomam essa postura para as compras não interferirem tanto no cotidiano”.

Outra forma é adotar a questão do crédito consciente. “Às vezes se o consumidor quiser comprar à prazo, ele dá uma entrada maior para ter uma taxa de juros menor e parcelar menos. Ou tem um dinheiro poupado que garante a quitação da dívida no contrato que vai firmar. Ele tem que ter a consciência de que se perder o emprego, os boletos não vão parar de chegar”, pontua o economista.

Ele acredita que o próprio papel da mídia tem divulgado isso, a maior maneira de pagar é a vista. “Pagando à vista você tem a negociação melhor não carrega divida para sempre. Às vezes da uma entrada maior pegar uma taxa de juros menor. Crédito consciente. Por que credito é credito se a pessoa assumir um contrato de longo prazo que la na frente não dá conta de pagar. Como o emprego está grande as pessoas estão mais conscientes. Se perder o emprego os boletos não param de chegar. Perde o emprego, mas o boleto continua”. 

Dina Marta fala sobre ações promovidas pelo CDL para o consumo consciente. “Temos um site que ajuda o consumidor a trocar uma dívida cara por uma mais barata, dá orientações para gestão do dinheiro. Também tem material de educação financeira para os pequenininhos, com gibis ensinando sobre a gestão da mesada”. O conteúdo pode ser acessado em www.meubolsofeliz.com.br. 

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