Protesto contra medidas do Governo Bolsonaro tem pouca adesão, em Goiânia
Os organizadores justificaram que, ao contrário de outros estados, as instituições federais goianas continuam de férias, o que teria influenciado a baixa participação
Nielton Soares
A participação de estudantes e servidores públicos na manifestação em favor da educação e contra o Governo Federal na Praça Universitária, em Goiânia, ficou abaixo das expectativas. Segundo os organizadores, ao contrário de outros estados, as instituições federais goianas continuam de férias e isso teria influenciado a baixa adesão do público. Assim como em todo o Brasil, os participantes se mobilizaram nesta terça-feira (13) para criticar o Governo Federal em relação às medidas de contingenciamento de verbas na rede de ensino, a implantação do programa Future-se e a reforma da Previdência.
O presidente do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg), Flávio Alves da Silva, explicou que a manifestação não se trata de uma greve dos professores universitários. De acordo com ele, a própria situação de contingenciamento de verbas já tem paralisado as instituições de ensino público no país e uma das principais críticas levantadas pelos participantes é um programa Future-se. “Esse programa do Governo Federal de imediato já fere 16 leis que regulamenta o funcionamento das universidades federais”, destaca. Silva lembra ainda que no próximo dia 22 haverá uma Assembleia Geral para debater esses e outros assuntos e formatar pautas para serem enviadas ao O Conselho da Unidade (CONSUNI) das universidades federais de Goiás.
A diretora de assuntos educacionais do magistério da Adufg, Geovana Reis, ressaltou que os cortes de verbas têm atingindo as universidades em cheio. De acordo com ela, tudo iniciou com a aprovação da PEC 95 (Proposta de Emenda Constitucional do ex-presidente Michel Temer, que congelou por 20 anos os investimentos em diversas áreas, inclusive a educação). Agora, “o MEC cortou 30% do orçamento das universidades e já anunciou o corte de mais 30%. A intenção é sufocar as universidades, forçando adesão ao programa Future-se. Em muitas regiões, talvez, seja possível parcerias da universidade com grandes empresas e indústrias, mas no Centro-Oeste, Norte e Nordeste é muito difícil. Além disso, as universidades já têm boas parcerias com a iniciativa privada”, explica.
A estudante universitária Letícia Scalabrini, 20 anos, acredita que os cortes de verbas na educação poderá prejudicar o ensino público e gratuito. Para ela, não há crise no Estado que justifique reduzir ainda mais os recursos financeiros das universidades e institutos federais. “Nos estudantes não daremos nem um minuto de sucesso a esse Governo [Federal]”, avisa. A estudante argumentou ainda que a baixa participação no protesto em Goiânia é devido às instituições federais ainda estarem de férias.
Outro participante, o índio Caeté Micheas Gomes de Almeida, 85 anos, disse lutar por algo mais amplo, que ele acredita ser o “equilíbrio social e planetário. Segundo Almeida, as pessoas ainda são escravizadas no Brasil ao sustentar uma parcela mínima da sociedade, que além de arrecadarem impostos, praticam atos de corrupção. “Antes sustentávamos reis e rainhas, agora bancamos 0,5% de uma parcela que escraviza os demais. Além disso, querem acabar com a educação, pois apenas ela consegue libertar as pessoas”, acredita.
Trânsito
Durante a saída dos manifestantes da Praça Universitária para o centro da capital, o trânsito da região ficou travado por cerca de 20 minutos, uma vez que já era o horário de fluxos de veículos. O motorista Eliezer da Silva Tosta, 50, disse ser legítimo que a população proteste e reivindique direitos. Porém, ele não concorda com atos que aconteçam em determinados horários e locais. “Atrapalhar as demais pessoas podem significar um tiro no pé de quem organiza essas manifestações”, opina.