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segunda-feira, 25 de novembro de 2024
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Lide Empresarial

“Não faz muita lógica ter poupança e pagar juros altos por dívida”, diz senador Vanderlan Cardoso

De acordo com especialistas, a venda direta de moeda norte-americana reduz o seguro externo contra crises, mas diminui os juros da dívida pública num momento de dificuldades fiscais. Foto: Aline Bouhid

Postado em 27 de agosto de 2019 por Aline Carleto
“Não faz muita lógica ter poupança e pagar juros altos por dívida”
De acordo com especialistas

Aline Bouhid

Em jantar de negócios do Lide Empresarial na noite de ontem (26), em Goiânia, o senador Vanderlan Cardoso falou sobre a atuação no Senado Federal e as perspectivas econômicas do País. O senador defende que seja usada parte das reservas internacionais do Brasil para saldar a dívida pública. “Temos senadores que são contra a ideia, mas hoje temos mais R$ 380 milhões de reservas internacionais e somos pouco remunerados por esse dinheiro, que seria mais bem empregado se quitássemos parte de nossa dívida pública na qual pagamos juros altíssimos”, explicou. De acordo com especialistas, a venda direta de moeda norte-americana reduz o seguro externo contra crises, mas diminui os juros da dívida pública num momento de dificuldades fiscais.

Para ser ainda mais didático ele afirmou “é como aquela pessoa que tem poupança, mas paga juros altos por conta de outro empréstimo”, detalhou. Durante o jantar, ele também explicou que se gasta mal no País, citando o exemplo recente do PNL 4, no qual o Congresso Nacional aprovou crédito suplementar de R$ 248 mi. “Esse valor deveria ter sido liberado para investimentos, e não para despesa corrente”, ilustrou. “Essa é a grande diferença entre os Países desenvolvidos e o Brasil. Por exemplo, quando a Alemanha sabe que vai passar uma crise, a primeira coisa que eles fazem é aumentar a quantidade de investimentos em pesquisa, educação, obras e outros. Aqui, fazemos o contrario, contingenciamos”, disse. 

A destinação de parte das reservas internacionais, que hoje totalizam US$ 388 bilhões, para investimentos ou pagamento de uma parcela da dívida pública, divide a opinião de economistas. Muitos afirmam que a finalidade das reservas é servir de seguro contra crises externas e usá-las num momento de grande desconfiança em relação à economia brasileira. Outros argumentam que há excedente desses recursos hoje e que, por isso, as reservas poderiam ser usadas para reduzir o endividamento público. Na opinião da professora da Escola de Administração e Economia da FGV, Celina Ramalho: “essas reservas têm caráter de poupança, então se forem usadas como investimento, precisa ser atrelado ao um plano de crescimento que possibilite a geração de impostos”, escreveu em trabalho publicado em 2016.

Para uma plateia de empresários, Vanderlan se mostrou otimista com o futuro. “A equipe econômica do presidente Jair Bolsonaro é extremamente competente e se conseguirmos passar todas as reformas, o País vai finalmente sair da crise”, afirmou. O senador acredita que com a reforma tributária, a previdenciária e a revisão do pacto federativo o País vai conseguir driblar o desemprego. “Não considero esse cálculo de desemprego de 13 milhões. Temos que computar aí quem está vivendo de bico, e se formos acrescentar esse pessoal, teremos 28 milhões de brasileiros nesta situação”, comentou.

Para nossa reportagem, senador Vanderlan explicou que tem trabalhado pela revisão do pacto federativo. Como exemplo, ele citou os royalties do petróleo, que deverão ser distribuídos para os municípios. “O presidente Jair Bolsonaro, desde que foi eleito, tem dito que acredita na revisão do pacto federativo e que o dinheiro deve ir mais para Estados e Municípios que é onde as coisas acontecem”, disse.

Para Goiás, ele explica que o maior ganho para o Estado será com a compensação da Lei Kandir. A União ainda não compensou/ressarciu o Estado de Goiás pelas perdas. “Se formos atualizar o valor a ser compensado, seria R$ 31 bilhões, o que é mais do que a dívida que o Estado tem com a União”, explicou Vanderlan.

Quanto à atuação do governador Ronaldo Caiado, o senador criticou o uso do FCO para quitar dívidas. “Tenho muitos pontos que apoio o governador, mas discordo do uso do FCO como vem sendo discutido para realizar investimento em estradas.” A partir do momento que você pega parte desses recursos para fazer investimento em Estado, tira condições para que as empresas venham para o Estado, e isso eu sou contra. “Quanto ao ajuste que o Estado está fazendo, cortando gastos desnecessários, concordo muito”, finalizou.

 

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