Calor altera rotina de trabalhadores
Funcionários de empresas da construção civil precisam mudar rotina para não sofrerem com o calor intenso e baixa umidade na Capital – Foto: Wesley Costa
Igor Caldas
A forte onda de calor que atinge os goianienses exige cuidados e adoção de hábitos para reduzir os danos do clima infernal à saúde. Trabalhadores da construção civil, por exemplo, já tiveram que alterar a rotina para não sofrerem sob o castigo da combinação de calor intenso e baixa umidade. A atividade na construção civil demanda esforço físico e pode causar desidratação sob a exposição excessiva ao sol sem os devidos cuidados.
Algumas empresas reduziram o tempo de exposição ao sol de seus funcionários e promovem palestras sobre a necessidade de beber água e se hidratar constantemente. Equipamentos de proteção também são fornecidos por algumas empresas da construção civil. Filtro solar, roupas de manga longa e touca árabe são alguns acessórios imprescindíveis para redução dos danos causados pelo sol.
O clima fez com que uma empresa de construção civil da Capital que possui um dos prédios sendo edificado no Setor Marista mudasse a rotina dos trabalhadores que executam a obra sob o sol quente. Além de fornecerem o equipamento de proteção solar, a empresa oferece palestras sobre a importância da hidratação, sobretudo no tempo da estiagem.
Os funcionários são munidos de camisas manga longa, touca árabe e filtro solar. Eles são orientados a renovarem o uso do produto na pele em intervalos regulares de tempo. Além disso, os trabalhadores também são orientados a revezar os turnos na parte mais quente da obra, o terraço. O mestre de obras Deucimar Ruela afirma que a diminuição do ritmo da obra no período da estiagem é inevitável.
“É nítido a percepção de que o andamento da construção diminui na época desse calor, principalmente na concretagem. O trabalho com o concreto já é quente, com o sol na cabeça então, a temperatura fica muito alta”. Ele ainda afirma que o revezamento de turnos é muito importante para não sobrecarregar o trabalhador, porque o esforço físico sob o sol quente e tempo seco faz o corpo desidratar muito rápido.
“Ninguém aguenta ficar fazendo esforço nesse sol quente. O trabalho de construção é pesado, demanda esforço físico. Se o trabalhador ficar sobrecarregado, não rende no outro dia, pode adoecer e isso é muito ruim para empresa e não é correto com o funcionário”, afirma o mestre de obras.
Trabalho nas alturas
O edifício completo terá 35 andares. Atualmente, é a laje do terceiro andar que está sendo construída. Restam mais 33 pavimentos. O trabalho de quem fica no último andar para concretar a laje é o mais pesado porque a exposição ao sol é constante. Todos eles têm que estar munidos de cintos de segurança para evitar acidentes nas alturas.
Os trabalhadores também são obrigados a usar capacetes e roupas que cobrem o corpo para se protegerem dos raios solares. Os garrafões térmicos que carregados para a cobertura têm que ser mantidos sempre cheios e com água gelada. Lorisvaldo Pereira da Silva é um dos homens que, sob o comando de Deucimar, pega forte no batente para levantar o edifício o mais rápido possível.
Ele afirma que a partir das 14 horas, eles começam a fazer o rodízio de turnos do trabalho da laje. “A gente foi orientado a beber bastante água para não desidratar nesse calorão. O garrafão aqui nunca fica vazio. Toda hora tem que ir um lá embaixo encher com água gelada”. O operário ainda afirma que nos andares inferiores a sombra e o concreto diminuem muito a temperatura, mas ainda assim é quente para trabalhar.
Água toda hora
“Nós aprendemos na palestra oferecida pela empresa que beber água é muito importante para quem está trabalhando sob o sol quente. É bom para hidratação e para prevenção de problemas nos rins e na coluna. Com o tempo seco, o suor evapora muito rápido e a gente não percebe quanta água o corpo vai perdendo com o tempo”, explica o funcionário com a testa suada sob o sol quente da construção.
Segundo o funcionário, a pior hora do dia para trabalhar no nível superior do prédio é depois do almoço, por volta das 13 horas. “A gente almoça meio dia e faz o descanso de uma hora. Quando voltamos para o batente é a hora mais quente do dia. Parece que está tudo fervendo. E mesmo aqui em cima, nas alturas, o vento que bate é esse que você está sentindo. Um bafão quente que faz é esquentar mais”, explica.
O pedreiro sorri quando lembra do alívio que é o fim do turno, quando tira o macacão e se refresca com um banho gelado. “A melhor parte do dia é quando acaba o trabalho, a gente pendura esse macacão calorento e vai para o chuveiro gelado para refrescar. Essa é a hora que o corpo descansa do calor. Depois é só refrescar mais com o vento da moto até a gente chegar em casa para o descanso merecido”.