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domingo, 24 de novembro de 2024
Categorias de Base

Os berços do futebol goiano

Fauzi Jaber, presidente do conselho deliberativo, na frente do Estádio Waltrudes Cunha, do Campinas FC – Foto: Felipe André

Postado em 24 de outubro de 2019 por Raphael Bezerra
Os berços do futebol goiano
Fauzi Jaber

Felipe André

Quando se fala em futebol em Goiânia, quatro clubes são os
mais lembrados pelos torcedores: Atlético, Goiás e Vila Nova, que estão nas
principais divisões do campeonato brasileiro e o tradicional Goiânia que voltou
neste ano para a primeira divisão estadual. Entretanto o esporte começa pelas
categorias de base e quando o assunto é com a “molecada”, Campinas, Ovel e
Monte Cristo tem muita experiência na área.

Fundado em abril de 1964, o Campinas Futebol Clube tem em
sua lista de revelações jogadores como Felipe Menezes, que já atuou no Goiás e
Benfica e atualmente está no CRB, Tom Tom que defendeu o Santos, Juninho que se
destacou com a camisa do Atlético Goianiense. Dos jogadores mais recentes,
Mateus Anderson, que pertence ao Vila Nova e está emprestado ao Cuiabá, ainda
guarda muito carinho pelo clube.

“O Campinas foi o clube onde eu comecei, cheguei em 2012 para
jogar a Taça Mané Garrincha, onde fomos vice-campeão e eu fui o artilheiro. O clube
me ajudou muito na evolução na base, me deu uma oportunidade de jogar um
campeonato e foi onde eu me destaquei. Já estava com uma idade avançada, estava
com 18 anos, mas graças a Deus eu fiz uma grande temporada e então surgiu a
oportunidade de ir para o Vila. Sou muito grato ao Campinas. Até hoje tenho
contato com o pessoal, principalmente o Robson Jaber (presidente do conselho
executivo), que é uma pessoa que sou muito grato a Deus por ter colocado na
minha vida, sempre me ajudou, e que me dá conselhos até hoje”, relembrou Mateus
Anderson.

Captação de jovens

O Campinas está trabalhando atualmente com o que é chamado
de “pré-equipe”, que são categorias sub-10, sub-12 e sub-14. O clube se baseia
muito em sua “rede de contatos”, com parcerias com escolinhas de futebol,
esteve sob o comando da Asefut (Associação das Escolas de Futebol de Goiás),
mas que retornou para a Federação Goiana de Futebol. Algumas peneiras ainda são
realizadas ao longo do ano para abrir oportunidade para que novos adolescentes
tentem entrar na vida do futebol.

O Campinas recentemente decidiu encerrar as atividades com
as categorias sub-13, sub-15 e sub-17, e fato está ligado ao Flamengo. “Estávamos
com muitos problemas em relação ao alojamento, tivemos visitas do Ministério
Público, vigilância sanitária principalmente depois do episódio fatídico com o
Flamengo, eles bateram muito doído na gente que não tem tanta estrutura quanto
os grandes. Queriam que a gente oferecesse em relação a estrutura o mesmo tanto
que o Goiás oferece. Não tem como”, lamentou Fauzi Jaber Neto, presidente do
conselho deliberativo do Campinas.

Para ter um “alívio” nas questões financeiras, o Campinas
decidiu apostar em um “projeto ousado”, trocou toda a grama do seu estádio, o
Waltrudes Cunha, por um gramado sintético. Cerca de seis anos atrás, o clube
tomou a decisão e durante os dias da semana, à noite, aluga o gramado – que é
divido em quatro campos – para ser alugado para quem quiser jogar, e essa é
apenas uma das formas de manter o clube “vivo” financeiramente.

“Nós trabalhos com porcentagem, com percentual de formação,
mas a maioria é em relação a parceria, ficamos com alguma porcentagem combinada
com o clube. Hoje temos várias fontes de renda, como a escolinha, o Society,
alugamos o salão de festas, não são apenas os jogadores não”, ressaltou Fauzi
Jaber.

Quase na Itália

O Campinas quase emplacou uma de suas maiores negociações em
2017. O modesto clube que tem sua sede na Vila Santa Helena esteve próximo de
negociar um atleta diretamente com a poderosa Juventus, da Itália. Cristhyan
Noto, ainda com 16 anos, embarcou para Turim, quase 700km da capital Roma, e
ficou em uma semana de testes. O jovem agradou os dirigentes que pediu para que
ele retornasse para outra semana de testes, mas sua cabeça continuou no Brasil.

Cristhyan então não embarcou para Turim e pouco depois
assinou seu primeiro contrato profissional, com o Atlético Goianiense, onde tem
vínculo até agosto de 2020.  “Eu fiquei
por opção minha e da minha família. Me interessou bastante a proposta do Atlético.
O Campinas foi bastante importante, aprendi muita coisa, foi uma passagem de
bastante evolução, tanto técnica, como tática”, relembrou Cristhyan Noto.

“O nosso
objetivo é revelar jogadores”

Quando o assunto é revelar jogadores, o lema de Toninho,
como é chamado carinhosamente pelos jogadores, é de insistência. O Monte Cristo,
fundado em 1970, que disputa atualmente a terceira divisão do Campeonato Goiano
e só somou um ponto nas cinco primeiras rodadas, tem como prioridade a
revelação de jogadores.

“Buscamos jogadores jovens, colocar eles para jogar e dar
oportunidade concreta e não essa oportunidade de 10, 15 minutos. É colocar para
jogar, para treinar, as vezes ficar com ele um ano, dois anos, três anos,
porque pegamos jogadores jovens”, afirmou Toninho.

Assim como o Campinas, o Monte Cristo Esporte Clube também
apresenta dificuldades financeiras. O clube que teve John Lennon, atualmente no
Operário-PR, Jorginho camisa 10 do Atlético Goianiense, Francesco que está
jogando no mundo árabe, o Lucca que está no Bahia, mas talvez o principal nome
e que a diretoria pode ter o maior retorno financeiro é de Michael, do Goiás.

A diretoria não esconde que “torce” para que ele seja
negociado e pelo maior valor possível, já que o Monte Cristo entra na lista de
times que recebem 5% como clube formador, assim como o Goiânia e o Goianésia.

“Esse ano teve um empresário que colocou seis jogadores no
nosso elenco, em contrapartida ele nos ajudou com as despesas de viagem e
pagamento da arbitragem. Um jogo é muito caro, uma partida fica em torno de
quatro a cinco mil. Quando é o nosso mando, temos que pagar o ônibus para os
atletas que não é menos de R$ 1.500, todo o processo do jogo. Pagamos duas
enfermeiras que é quase R$ 200, três policiais que é R$ 200 cada um, pagamos a
ambulância que não é barato, ainda tem os maqueiros, o médico que para ficar no
banco é R$ 800 e as vezes nem entra em campo. Esse ano não pagamos o aluguel do
campo, o prefeito de Inhumas cedeu o estádio sem precisar pagar”, lamentou
Toninho.

Ovel

Berço que viu o nascimento de craques como Lucas Silva,
ex-Real Madrid e Cruzeiro, Dudu, atacante do Palmeiras, e Carlos Eduardo que
também está no Palmeiras e surgiu para o profissional no Goiás, a Ovel se
especializou em parcerias fora do estado. Através de seu site oficial, a equipe
anunciou que realizou uma peneira no Macapá-AP e que rendeu a aprovação de sete
jovens jogadores, nascidos entre 2002 e 2010.

A Ovel (Escola de Futebol Agremiação Esportiva) conta com
cerca de 430 Alunos e possui uma estrutura com mais de 50.000 mts². A
agremiação busca a formação do caráter do jogador, e tem como lema em seu site
“revelando grandes talentos”. Apesar das dificuldades, a Ovel mantém parceria
com escolas e associações de bairros das periferias, mantendo um índice de
alunos carentes através de doações de bolsas, trazendo jovens da periferia para
praticarem o esporte, para que possa afastar os mesmos da criminalidade e
incentivar aos estudos, já que o desempenho na escola é essencial para
continuar ganhando a bolsa.

“Lá foi a base de tudo onde me preparou para
grandes clubes e como ser humano. Estrutura de um grande clube formador de
talentos, disputávamos as competições regionais e a nível nacional onde sempre
também obtivemos grandes resultados”, contou o ex-jogador Alex Goiano, que se
aposentou aos 22 anos após uma sequência de lesões no joelho, mas que não impediu
de defender o Cruzeiro, Athletico Paranaense, Goiás e alguns clubes de São
Paulo e principalmente no Nordeste, ele também acumulou passagens pelo Chile e
por Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. 

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