Espaço Cultural Casa de Vidro vai precisar de nova licitação para sair do papel
Obra ficou paralisada por quase seis anos, atual gestão retomou o andamento com adequações no projeto
Igor Caldas
O Espaço Cultural Casa de Vidro vai precisar de nova licitação para sair do papel. A proposta ambiciosa de convergência de várias modalidades artísticas contemporâneas em uma abóboda de vidro foi idealizada no fim da última gestão do prefeito Iris Rezende, em 2008. A execução da obra ficou paralisada por quase seis anos, mas retornaram na atual gestão do prefeito. No entanto, sofreram adequações no projeto para que ele pudesse se ajustar à previsão do orçamento em R$ 4 milhões.
De acordo com a Secretaria de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra), após a execução da obra civil do espaço, que atualmente está com 65% de conclusão, uma nova licitação deve ser aberta para contemplar a estrutura interna, necessária as atividades a serem realizadas na “casa”. A nova concorrência deve ser aberta até janeiro do próximo ano e a conclusão da obra civil da Casa de Vidro está prevista para o dia 2 de janeiro de 2020. Enquanto paralisada, a obra havia se transformado em abrigo de pessoas em situação de rua e usuários de drogas.
De acordo com o titular da Seinfra, Dolzonan Mattos, a principal mudança no projeto original foi a estrutura da grande abóboda de vidro, que não é mais contemplada no projeto atual. “Foi idealizado uma grande cúpula de vidro com isolamento térmico e acústico. No entanto, o custo desse aparato seria muito elevado, ficaria mais caro do que todo o prédio. Além disso, o calor da cidade de Goiânia faria com que a climatização interna também ficasse onerosa e inviável”, esclarece. A proposta original da Casa de Vidro chegou a ser orçada em R$ 10 milhões.
A idealização da Casa de Vidro foi feita em 2008, depois de uma proposição de emenda parlamentar da então deputada federal Dona Iris (PMDB), atual primeira dama de Goiânia. A cúpula de vidro inclusa no projeto teria mais de 10 metros de altura e um salão que seria revestido com lâminas de alumínio. Houve liberação de R$ 4 milhões do Governo Federal para o projeto.
A obra teve início em dezembro de 2010, mas foi paralisada no ano seguinte, após a desistência da empresa ganhadora da licitação que alegou “inconsistência no projeto” e orçamento incompatível com a realidade do trabalho. O novo projeto do centro cultural teve a empresa Geo Engenharia como ganhadora. Os recursos são oriundos de uma parceria entre Ministério do Turismo, Prefeitura de Goiânia e Caixa Econômica Federal. A Secretaria Municipal de Cultura vai fazer a gestão da unidade.
A licitação contemplou a construção de estrutura física em área de 2.280 metros quadrados de dois salões, um auditório com capacidade para pouco mais de 206 pessoas sentadas, deck com café e bar, biblioteca virtual, espelho d’água, estacionamento subterrâneo com 31 vagas, espaço de convivência, camarins, espaço multiuso, salão de artes e espaço para atividades interativas. O andar superior será destinado à administração.
Maior parte da estrutura da Casa de Vidro será de alvenaria
De acordo com o Secretário de Infraestrutura e Obras Públicas, Dolzonan Mattos, para não descaracterizar tanto o projeto inicial da casa de vidro, serão adicionados algumas esquadrilhas na fachada do prédio onde serão instaladas vidraças. Mas elas não serão transparentes. “Vamos aplicar insulfilm nos vidros para que as esquadrilhas de metal não fiquem à mostra. Uma obra dessa envergadura não pode ter a estrutura exposta”, opina.
A primeira etapa de trabalho, que deve ser concluída até o início do próximo ano, abrirá espaço para a contratação de um novo serviço que vai executar a estrutura interna do prédio, como móveis, utensílios, equipamentos e ar condicionados. “A nova licitação vai permitir que o prédio exerça a função cultural a altura da Capital. Será um espaço multiuso que a população poderá desfrutar”. O secretário de infraestrutura ainda afirma que após a conclusão da segunda etapa dos trabalhos, o espaço deve ser inaugurado até junho do próximo ano.
De acordo com o Secretário de Cultura de Goiânia, Kleber Adorno, a Casa de Vidro será administrada diretamente pela Prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e deve contemplar modalidades artísticas de Artes Cênicas, Artes Visuais, Música, Dança e outras. Kleber ainda afirma que a secretaria vai aceitar propostas externas para compor a programação da casa cultural, que está aberta a parcerias e já estuda algumas propostas para o próximo ano. A programação para 2020 ainda está em construção e a Secult divulgará mais informações em breve.
Ainda de acordo com o titular da Secretaria Municipal de Cultura, o espaço terá diálogo com a produção artística e de conhecimento das universidades do Estado. “A Secult manterá o seu relacionamento com as Universidades e outros setores da sociedade com o objetivo de oferecer atividades para os goianienses, bem como promover eventos culturais que enaltecem Goiânia como uma cidade atenta às diversas modalidades artísticas”, conta.
O espaço cultural está localizado em área nobre de Goiânia, no bairro Jardim Goiás. A conclusão do projeto vai permitir que os cidadãos goianienses possam entrar em contato com exposições artísticas, peças de teatro, espetáculos de dança e arte contemporânea em uma área central da cidade.
Produtor Cultural elogia projeto
Produtor cultural há mais de 40 anos na Capital, Carlos Brandão visitou as instalações há cerca de dois meses, convidado pela Prefeitura. “Eu fui lá conhecer o espaço e vou ser honesto, é muito bonito, fiquei surpreso com a qualidade das instalações. A sala de exposições é muito grande, a sala de multiuso é moderna e o teatro é muito bonito. Como produtor cultural acho que Goiânia tem muito a ganhar com a conclusão desse projeto”.
Sobre a questão da ocupação cultural democrática na Casa de Vidro, Brandão afirma que os produtores culturais não terão dificuldades. “Ficando pronto, eu acho que é um espaço onde os produtores ficarão felizes de trabalhar. O mais fácil vai ser a ocupação cultural do prédio. Assim que tiver o lugar pronto é só pautar e ir em frente. Goiânia não tem dificuldade para ocupação de espaços culturais”.
Apesar dos elogios, Carlos Brandão afirma que a Prefeitura poderia dar mais atenção a outros espaços culturais da cidade, que necessitam de reparos. “O Martim Cererê que é um ponto cultural importante da cidade está precisando de uma reforminha. O governo passado acabou com todos os cargos técnicos do setor cultural. É preciso pensar nisso para que os espaços possam funcionar corretamente. É uma dificuldade enorme fazer a administração deles sem funcionários e equipamentos”. (Especial para O Hoje)