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segunda-feira, 25 de novembro de 2024
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Segurança

Vigilância armada é aposta do setor privado para coibir crimes

Há pelo menos 8 mil profissionais desse tipo na Capital. Os profissionais podem chegar a 17 mil no Estado

Postado em 11 de dezembro de 2019 por Sheyla Sousa
Vigilância armada é aposta do setor privado para coibir crimes
Há pelo menos 8 mil profissionais desse tipo na Capital. Os profissionais podem chegar a 17 mil no Estado

Igor Caldas

Eventos recentes envolvendo, diretamente ou indiretamente, vigilantes armados em Goiás jogam luz a um fenômeno atual: o investimento em serviços de segurança especializada em empresas privadas. No Estado, informou a Polícia Federal (PF) ao O Hoje, existem 171 empresas especializadas em segurança privada (entre as atividades de vigilância patrimonial, transporte de valores, escolta armada e segurança pessoal) e 106 empresas com serviço orgânico de segurança (empresas de qualquer ramos de atividade que pretendem possuir o próprio setor de segurança), totalizando 277 empresas autorizadas pela PF no Estado de Goiás.

Segundo o Sindicato dos Vigilantes de Goiânia, há pelo menos 8 mil profissionais desse tipo na Capital. O número pode chegar a 17 mil em todo Estado. Um vigilante foi baleado na noite da última segunda-feira (9) dentro de uma grande rede de supermercados no Papillon Park, em Aparecida de Goiânia. O ex-namorado da vigilante Keila Ribeiro Tinoco foi preso em novembro, suspeito de ter matado a companheira, em Senador Canedo, Região Metropolitana de Goiânia. Os dois crimes tem um fator comum: Todos foram feitos com arma de fogo de profissional de segurança armada. 

No caso da noite de segunda-feira (9), mesmo protegido por colete à prova de balas, o vigilante tomou um tiro, que atingiu no ombro. Ele foi socorrido e encaminhado para o Hospital de Urgências de Aparecida de Goiânia. De acordo com o Sindicato dos Vigilantes de Goiânia (SINDVIG), o projétil perfurou o ombro e causou uma fratura na costela do profissional que não teve nenhum órgão vital atingido.

A vigilante Keila morreu no dia 9 de novembro. Na ocasião, ela estava em turno de trabalho. Durante a troca do turno entre os funcionários, um homem pegou a arma de outro funcionário, atirou contra a vítima e fugiu. De acordo com a Polícia Militar, a mulher ainda conseguiu dizer o nome do autor do disparo.

De acordo com o Presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada de Goiás (SINDESP –GO), Ivan Hermano Filho, a preparação para atuar como vigilante armado é fundamental para evitar incidentes desse tipo. Legalmente, o aspirante a profissional de segurança armada deve fazer uma formação específica com a realização de curso de reciclagem a cada dois anos. 

Para Ivan, além do curso, é importante que o profissional tenha 100% de atenção durante o turno de serviço. Ele ressalta que a formação é adequada e funciona, pois a ocorrência de crimes e assaltos com armas tiradas de vigilantes é rara. “É importante frisar, pelo lado das empresas de segurança privada que esse tipo de crime existe, mas é raro. Na maioria das vezes, os vigilantes conseguem impedir o criminoso que terminam alvejados ou presos”.

Baixo investimento em efetivo de vigilantes pode gerar insegurança

Para o presidente do SINDVIG, Esly Guerreiro, os profissionais são devidamente preparados para enfrentar situações de risco. “Inclusive, são obrigados por lei a possuir qualificação profissional para o exercício da profissão”, afirma. No entanto, segundo ele, muitas empresas resolvem economizar no efetivo e não seguem um plano de segurança. Isso compromete a vida do vigilante e de outras pessoas.

Esly cita  o exemplo do incidente da noite de segunda-feira (9) no supermercado em Aparecida de Goiânia. “Só havia um vigilante no Supermercado. E houve acúmulo de funções que aumentou a vulnerabilidade do funcionário”. O presidente do SINDVIG afirma que no momento da ocorrência, o vigilante estava atento a um procedimento conhecido como “sangria” que é o recolhimento dos valores de um caixa para transferi-lo a um cofre no estabelecimento.

“Nesses casos, devem ser dois trabalhadores atuando. Se um vigilante estiver atento à sangria, teria que haver outro para executar a segurança do local. Nesses locais onde o acesso é livre, como postos de combustível, farmácias e plataformas de ônibus, o profissional  acaba ficando vulnerável e pode ser surpreendido”. Esly ainda afirma que a economia de contingente pode resultar em falhas de segurança.

Segundo o  SINDVIG, os contratantes diminuíram muito a mão de obra efetiva, inclusive em estabelecimentos, sobrecarregando as funções e expondo a vida das pessoas.  “Hoje, os os bandidos estão de olho na arma do vigilante. O armamento que ele usa para fazer a segurança acaba sendo o que coloca sua vida e a de terceiros em risco. Mesmo que o profissional tenha passado por todas as preparações, se não houver um plano de segurança a ser seguido, poderão haver falhas que levem a um caso como o ocorrido na noite de segunda-feira [9]”. 

O presidente do Sindicato dos Vigilantes de Goiânia afirma que o órgão já realizou denúncias de casos que podem comprometer a vida dos trabalhadores e freqüentadores de locais com potenciais falhas de segurança. Por outro lado, o presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada de Goiás, Ivan Hermano Filho, afirma que a questão de contingente de vigilantes é uma prerrogativa de negociação entre a empresa de segurança e o contratante do serviço.

Empresas clandestinas podem elevar crimes 

Outro fator perigoso na vigilância armada é a clandestinidade. A Polícia Federal atua para coibir empresas irregulares ou pessoas não capacitadas para oferecer o serviço. Em setembro, o órgão deflagrou a Operação Segurança Legal IV em âmbito nacional. A PF atuou em 26 estados da federação e no Distrito Federal, em mais de 95 unidades de Polícia Federal espalhados por todo país. Pelo menos 318 empresas de segurança e estabelecimentos estão sendo fiscalizados.

As exigências desempenhar esse serviço são diversas. Elas podem variar de acordo com o tipo de atividade e tipo de segurança que se pretende obter autorização. “Para que uma empresa atue nesta área, ela precisa de uma autorizaçao da PF e tem que cumprir inúmeros requisitos. Infelizmente, existem empresas clandestinas e eles não estão preparados para fazer o serviço com eficiência”, Ivan ainda afirma que essas empresas contribuam com a ocorrência de crimes por meio das armas dos vigilantes.

Dentre as exigências estão, possuir capital social de no mínimo R$ 106.410,00 (100.000 UFIR), os sócios, gerentes, administradores não podem possuir condenação criminal, as instalações físicas devem ser aprovadas pela Polícia Federal em vistoria específica, dentre outros. Segue anexa a Portaria 3.233/12-DG/DPF que traz todos os requisitos exigidos para a autorização da PF.  (Especial para O Hoje) 

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