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segunda-feira, 25 de novembro de 2024
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Manutenção

Rodovias danificadas podem aumentar o preço do frete

Danos revelam a falta de manutenção preventiva que deveria ser feita nas rodovias goianas ao longo do ano| Foto: Wesley Costa

Postado em 29 de janeiro de 2020 por Sheyla Sousa
Rodovias danificadas podem aumentar o preço do frete
Danos revelam a falta de manutenção preventiva que deveria ser feita nas rodovias goianas ao longo do ano| Foto: Wesley Costa

Igor Caldas

A GO-060 foi atingida pelas chuvas essa semana e sofreu alagamento e desmoronamentos. Um trecho da via entre os municípios de São Luís de Montes Belos e Israelândia está interditado nos dois sentidos da pista. A interdição aconteceu após um bueiro ceder e causar uma erosão, durante as fortes chuvas que atingiram a região Oeste do Estado. Na GO-070 houve desmoronamento e uma enorme cratera se formou. Os danos revelam a falta de manutenção preventiva que deveria ser feita nas rodovias goianas ao longo do ano. Motoristas de caminhão prevêem aumento no preço do frete se os reparos demorarem.

Até o final de fevereiro, a produção agrícola vai aumentar por causa do período de safra e os agricultores, assim como 73% das cargas do país, dependem das rodovias para escoar sua produção.   “Estamos em pleno contato com a Goinfra, fazendo a interlocução e apresentando as rodovias mais problemáticas, que estão prejudicando os produtores, principalmente nesse momento que a colheita começa a se avolumar”, afirma o Alexandro Santos, analista técnico do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária em Goiás (IFAG).

Ele afirma que a situação é a mesma todos os anos no período chuvoso. “Infelizmente, essas rodovias, assim como outras do país, enfrentam o problema do impacto da chuva”. Alexandro diz que são rodovias que vem sendo recuperadas ao longo dos anos, mas o material de baixa qualidade somado ao alto fluxo de veículos em algumas destas vias faz com que a infraestrutura fique comprometida no período de chuvoso.

O analista diz que o mais sensato a fazer é aguardar um momento mais propício quando poderia haver uma diminuição do volume de chuvas para realizar reparos mais contundentes. “Infelizmente, nesse momento não podemos fazer muita coisa. Recapeamento ou uma operação tapa-buracos mais incisiva é complicado porque a chuva vai continuar a desfazer o trabalho”. Ele diz que espera que o volume de chuvas comece a diminuir a partir da primeira quinzena de fevereiro.  Ele ressalta que a Faeg está em pleno contato com a Goinfra para apresentar as vias que mais comprometem o escoamento dos produtores.

Aumento do frete

De acordo com o Presidente da Associação de Condutores de Veículos Automotores (ABRAVA), Wallace Landim, conhecido como Chorão, o período chuvoso afeta a circulação nas rodovias em âmbito nacional. “Sempre afeta todas em nível nacional, mas em Goiás a gente vê essa dificuldade, principalmente devido a falta manutenção das estradas”. Ele afirma que se o reparo das vias demorar, a elevação do preço do frete é inevitável.

Chorão afirma que a ABRAVA tem feito um levantamento de onde estão os locais onde mais sofreram danos das chuvas para priorizar vias que possuem menos dificuldade de percurso e aferir o quanto o preço do frete vai subir ou não. De acordo com ele, o valor sobe porque a dificuldade de circulação encarece o transporte.

“Já estamos lutando para cobrar que se cumpra a lei do piso mínimo do frete, mas com essa infraestrutura precária piora muito. O pessoal que faz a rota e a gestão dos fretes está compartilhando esse posicionamento”, afirma. Segundo o presidente da ABRAVA, o levantamento tem sido feito através dos próprios motoristas que alertam problemas nas rodovias através de grupos de WhatsApp para que os reparos possam ser cobrados do Poder Público.

“O pessoal está encaminhando vídeos para cobrar reparos nas travessias de pontes, buracos acostamentos, como aconteceu na entrada da GO-060”. Ele ressalta que é um problema que logo vai obstruir o fluxo, pois a rodovia liga o estado de Goiás ao Mato Grosso. “Agora, com a aproximação da safra, a preocupação em relação a segurança dos motoristas e do aumento do frete são as prioridades”.

Ele destaca que a época da chuva revela a situação de precariedade das estradas. “Nessa época a dificuldade para os caminhoneiros é muito grande. Falta manutenção preventiva todo ano e é por isso que a gente vive sofrendo com os danos da chuva”. Chorão cita o exemplo da região onde trabalha, próximo ao município de Catalão. “Quantos acidentes poderiam ser evitados aqui na GO-330, que liga Catalão a Goiânia? A dificuldade de escoamento da produção em Rio Verde também persiste”.

Ele afirma que a Associação esteve junto com o governador no ano passado na região de Rio Verde para realizar um levantamento e mobilizar uma operação tampa-buraco realizada pelo poder público. “No entanto, nesse momento, a tapa-buracos não vai resolver nada. A chuva acaba com o trabalho. Tem que ser feita a manutenção preventiva ao longo do ano.

O vice-presidente do Sindicato Rural de Rio Verde, Ênio Fernandes, afirma que as chuvas estão causando mais estragos nas estradas vicinais, municipais e estradas de terra. “Os transtornos são enormes, a dificuldade logística crescente, como também risco de acidentes. A safra está somente no início, somente 5% foi colhida, mas em persistir esta realidade teremos muita dificuldade no transporte da safra. No fim do dia os custos de produção sobem muito. Precisamos sensibilizar os gestores públicos da necessidade de manutenção preventiva”. 

Ainda segundo ele, o maior desafio é convencer os prefeitos a investirem em manutenção das estradas em um momento de dificuldade financeira. 

Governo deve reparar rodovias danificadas

O juiz Marcos Boechat Lopes Filho, da comarca de Israelândia, determinou em despacho que a Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra) apresente cronograma de execução de obras para reparar a GO-060, entre a cidade de Fazenda Nova e o distrito rural de Piloândia. Após as fortes chuvas que ocorreram no fim de semana, houve um rompimento de bueiro que causou a interdição do trecho.

Em março de 2019, o magistrado, em decisão liminar, determinou a interdição da rodovia para veículos pesados, por causa da má condição do asfalto entre Israelândia e Jaupaci, e na GO-060, entre Iporá e o trevo de acesso à cidade de Moiporá. Na decisão deste ano, o Juiz voltou ao local para perícia e constatou novos estragos.

Durante inspeção in loco, o magistrado conversou com funcionários da empresa Rodocon, contratada para a realização da manutenção da estrada, e foi informado de que as obras estão previstas somente até o trevo para a cidade de Fazenda Nova, de forma que a reconstrução da rodovia não vai chegar às cidades de Israelândia e Iporá, como constava no contrato divulgado pelo Estado. (Especial para O Hoje)  

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