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domingo, 24 de novembro de 2024
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Cidades

Transporte coletivo continuam operando na Grande Goiânia com restrições

Portaria será feita para que os passageiros não fiquem desatendidos, com escalonamento para a entrada dos funcionários no trabalho, para que nos horários de pico haja menor número de usuários nos ônibus, paradas e terminais – Foto: Wesley Costa.

Postado em 24 de março de 2020 por Sheyla Sousa
Transporte coletivo continuam operando na Grande Goiânia com restrições
Portaria será feita para que os passageiros não fiquem desatendidos

Manoela Messias

Os ônibus do transporte coletivo da Região Metropolitana de Goiânia devem continuar circulando, pelo menos por enquanto. A garantia foi feita pelo presidente da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), Benjamin Kennedy. Segundo ele, será elaborada uma portaria entre a Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos do Governo do Estado de Goiás (AGR) e a CMTC que irá regulamentar o decreto do governo estadual que impõe limites para veículos que transportam passageiros no Estado. 

A CMTC informou que ficou acertado que o passe-livre para o idoso continuará ativo para atender a parcela que necessita de atendimento e tratamento de doenças crônicas. A Polícia Militar vai atuar na checagem desse trânsito de idosos, fazendo a orientação necessária sobre o bom uso do transporte para se evitar o contágio. 

No documento será proposto um escalonamento para a entrada dos funcionários em seus locais de trabalho, para que nos horários de pico haja menor número de usuários nos ônibus, paradas e terminais. A medida busca adequar o atendimento à liminar da Justiça e ao decreto estadual que prevê que os ônibus transportem passageiros somente sentados.

A medida foi tomada durante reunião realizada na segunda-feira (23) no Paço Municipal, envolvendo representantes dos governos municipal, estadual e em outra feita no domingo (22), com representantes das empresas de ônibus e o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado de Goiás (Sindittrasporte) que pediam a suspensão do serviço. 

Equipamentos para proteção

Outro assunto à tona durante o encontro foi o fornecimento de equipamentos necessários para proteção dos motoristas, o que gera preocupação entre os profissionais. A CTMC solicitou junto às esferas municipais e estadual, que viabilizem para empresas de ônibus máscaras, luvas, aventais, álcool em gel 70%. A solicitação ainda não teve retorno.

Para Kennedy, o documento dará condições para o transporte coletivo operar normalmente sem oferecer riscos. O presidente não deu data para a divulgação desse documento. A interrupção do serviço de transporte coletivo partiu do sindicato dos motoristas, já que a categoria teme a proliferação de casos do novo Coronavírus. A única exceção seria relacionada ao transporte de profissionais da saúde, mas a frota e o número de motoristas que serão designados para a função ainda não estão definidos.

A paralisação estava agendada para começar hoje. As empresas alegaram não ter ônibus suficiente para atender a determinação feita pelo governador Ronaldo Caiado, onde todos os passageiros devem estar sentados durante as viagens, para evitar o contágio pelo Coronavírus. Cada veículo possui espaço para transportar 32 passageiros sentados. Além disso, outra alegação feita é de que há condições de colocar toda a frota na rua, já que cerca de 300 motoristas foram dispensados.

Kennedy ressaltou que o ideal seria que esse atendimento fosse exclusivamente aos funcionários das empresas que possuem permissão para funcionar em período de vigência do decreto do governo estadual, que restringe a abertura de estabelecimentos comerciais para conter as aglomerações de pessoas, durante a pandemia do Coronavírus. Apenas quem trabalha nas áreas de Saúde, de gênero alimentício e outras que deveriam estar liberadas pelo decreto é que estariam autorizadas a usar o transporte coletivo.

O decreto Estadual

A determinação do governador Ronaldo Caiado, faz parte do novo decreto Estadual, e limita a lotação por ônibus. O documento informa que os veículos só poderiam transportar a quantidade de pessoas suficiente para ocupar os assentos, como forma de impedir a aglomeração dentro dos ônibus, que tem sido objeto de ação judicial da Defensoria Pública do Estado (DPE). A medida tem a intenção de evitar a proliferação do novo coronavírus (Covid-19) nas cidades.

No decreto, o governador proíbe que esse sérvio seja suspenso, já que é tratado como essencial. Ideia que contraria o pedido da CMTC, que vê a necessidade de interromper o transporte coletivo por acreditar que este é um disseminador da Covid-19. Ao invés de um ônibus, será necessário mais dois para transportar a mesma quantidade de passageiros. De acordo com o presidente da CMTC, nos dias úteis a operação máxima atualmente na Região Metropolitana é com cerca de mil veículos, restando apenas cerca de 200 como reserva. O serviço de transporte coletivo já tem operado com a capacidade reduzida, fazendo com que fosse aberta uma ação civil pública da DPE para que a operação retornasse ao máximo. 

CityBus suspende serviço, Uber amarga prejuízo  

A HP Transportes, responsável pela operação do serviço de transporte coletivo por aplicativo Citybus 2.0 lamentou ter que suspender os serviços temporariamente. Por meio de nota a empresa disse que reforça saber que “é o mais correto para o momento”. A informação foi repassada aos usuários pelas redes sociais.

“A gente não controla tudo e, com o avanço dos casos do Covid-19, o novo coronavírus, somos obrigados a ir para a garagem, quietinhos, enquanto vocês também ficam em casa. Mas o coletivo sempre vence. Se eu faço a minha parte, e você a sua, muito em breve estaremos juntos novamente”, divulgou nas redes.

O serviço, que completou um ano no mês passado, conta com mais de 80 mil usuários e 68 miniônibus, e atendia mais de 20 bairros da Capital. Ainda em nota, a empresa relatou que, mesmo sendo um momento inesperado, é preciso seguir as orientações que foram repassadas, de isolamento social, para evitar a disseminação do novo coronavírus.

Sem passageiros

O novo coronavírus impactou diretamente na atuação dos motoristas por aplicativo. Anteriormente, a média era de 30 corridas diárias, o que foi reduzida a oito ou menos, segundo Leidson Alves, presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativo de Goiás (Amago). O que faz a categoria começar a entrar em desespero. Atualmente cerca de 60 mil motoristas estão cadastrados em aplicativos de transporte na Região Metropolitana. Segundo a Amago, as empresas de aplicativo não tomaram nenhuma medida para incentivar os condutores. 

Apenas a plataforma Uber irá indenizar, por 14 dias, período de quarentena, o motorista que estiver infectado com o vírus. “Estamos tentando dialogar com o governador. Hoje terei uma reunião com o Secretário Municipal de Planejamento Urbano e Habitação, Henrique Alves. Estamos tentando conseguir cestas básicas com o prefeito e com o governador. A categoria está sofrendo muito”, conta Leidson.

Tales Rocha é um dos motoristas afetados. Ele mora com a esposa e, praticamente todo o sustento da casa, vem das corridas feitas diariamente como motorista de aplicativo. Há 3 anos, são de 12 a 15 horas dedicadas ao trabalho, em toda cidade, mas nos últimos dias a rotina mudou. “Praticamente não temos passageiros. Eu fazia cerca de 35 corridas por dia, hoje faço quarto e ainda foi graças a Deus. Dentro do meu carro sigo as recomendações de ter sempre álcool em gel para mim e para o passageiro, mas nem assim as pessoas estão confortáveis em andar com motoristas”, desabafa.

Uma colega dele, Adriana Veiga, está no ramo há 3 meses. Mal começou e já está preocupada com a queda no movimento. “O carro é alugado, as contas têm data para vencer. Ainda não sei ao certo o que fazer. Tudo isso pegou a gente de surpresa. Não estamos trabalhando menos, diante do baixo movimento. Pelo contrário, passamos o dia todo na rua, tentando passageiros, mas quase não aparece”, conta a motorista. (Especial para O Hoje)

 

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