Igor Caldas

Ações de solidariedade têm se espalhado pela Capital no período de crise causada pelo novo Coronavírus. Pessoas que já estavam envolvidas em ações solidárias antes da pandemia começaram a se movimentaram para criar redes de ajuda aos mais necessitados em tempos de isolamento. Algumas instituições também entraram na onda de ajuda ao próximo e somaram esforços para suprir as necessidades das populações mais vulneráveis.

Uma das campanhas que está sendo exitosa é chamada de Solidariza Goiânia que, por meio da tecnologia, faz chegar doações a quem precisa. “A ideia básica é unir doadores às pessoas que necessitam receber itens básicos de sobrevivência com o mínimo de aglomeração possível”, explica o coordenador da campanha, o policial rodoviário federal, Fabrício Rosa. Ele diz que há anos tem envolvimento com ações solidárias em Goiânia, mas em tempos de Coronavírus precisou elaborar um jeito para que os voluntários não tivessem que se reunir.

A campanha criou um grupo de whatsapp para cada região da cidade onde doadores e beneficiados podem se reunir. Cada um dos sete grupos possui lideranças que coordenam o fluxo e transporte de doações. “A maior parte dessas lideranças também já era envolvida com ações solidárias na Capital antes da pandemia”, constata Fabrício. Os grupos acabam sendo autogeridos por causa da facilidade trazida pelos meios tecnológicos. Doadores e beneficiados devem preencher formulários digitais cujos dados são transferidos para planilhas que ajudam a organizar os fluxos de doações.

A planilha de doadores já conta com 300 pessoas que desejam ajudar as outras 800 que estão inscritas no projeto. Fabrício se impressionou com a velocidade que a ajuda está fluindo. A campanha corre nas redes sociais há apenas 6 dias e já ajudou mais de 100 famílias. “A grande sacada foi desenvolver o projeto sem se reunir e sem se aglomerar. Essa era a grande dificuldade. A tecnologia foi fundamental para ajudar nesse sentido”. Outra coisa que impressionou o coordenador do projeto foi a autogestão. “Tudo acontece de forma orgânica, nada precisa ser hierarquizado”, explica.

O policial afirma que as formas de contribuição para o projeto são ilimitadas que aceita ideias de novas formas para ajudar. Pode se doado dinheiro em uma vaquinha online, materiais de alimentação e limpeza, atendimento profissional virtual de médicos, psicólogos, professores e outras profissões liberais, materiais de proteção para os colaboradores ou famílias beneficiadas, pode doar tempo como liderança dentro dos grupos ou até mesmo transporte para pegar e entregar as doações. Para garantir lisura, ao final do projeto será feita prestação de contas dos valores arrecadados.

A capilaridade do projeto atingiu vários segmentos de populações vulneráveis como pessoas em situação de rua, imigrantes, profissionais autônomos que estão sem trabalhar porque necessitam ficar isolados, idosos e gestantes. “Por meio do projeto, conseguimos realizar a primeira consulta médica de pré-natal em uma gestante que estava carregando o bebê há sete meses”, relata Fabrício. Outro segmento alcançado pelo projeto foi um grupo de prostitutas que estavam sendo obrigadas a continuar se prostituindo em meio a pandemia por terem contraído dívidas com uma cafetina.

Pontos de álcool em gel são instalados na cidade 

Outra rede de solidariedade estendida em tempos da pandemia foi o Projeto dos Amigos Doar Faz Bem. A Organização Não Governamental foi criada em 2014 para desenvolver trabalhos em prol de crianças, adolescentes, jovens e famílias socialmente vulneráveis nas comunidades de Goiás e está somando esforços para levar ajuda às pessoas mais atingidas pela avanço da Covid-19. Um dos focos do projeto é justamente a população em situação de rua que carece de higienização, principal medida recomendada no combate ao novo Coronavírus.

“Pensamos nas pessoas que não possuem o mesmo acesso ao banho e higienização das mãos e instalamos pontos com álcool em gel em alguns lugares da cidade”, afirma o coordenador do projeto, o bancário Leandro Silva Lemos, 32 anos. Foram instalados pontos com garrafas pets de dois litros cheias de álcool em gel para o uso da população de rua ao longo da Avenida Independência e no Cepal do setor Jardim América. “Espero que a gente consiga mais doações de embalagens e do higienizador para que possamos instalar mais pontos pela cidade”. Leandro afirma também contar com a colaboração da população para não depredar as instalações.

Outra ação que está sendo desenvolvida pelo projeto é a fabricação de kits de higienização e equipamentos de prevenção ao vírus junto a montagem de cestas básicas que serão entregues a famílias carentes. “Estamos necessitando de doações dos itens que compõem os kits para ajudarmos no combate ao vírus e à fome causada pela falta de alimentos durante o isolamento”. Os kits são compostos de cestas básicas de alimentos, materiais básicos de limpeza, pequenas embalagens de álcool em gel e sabonete líquido.

Leandro afirma que o grupo já confeccionou MIL frascos de álcool em gel. Destes, 200 foram entregues à população de rua e 500 foram destinados à Santa Casa de Misericórdia, lares de idosos e casas de recuperação de dependentes químicos. O projeto tem forte presença nas redes sociais e atende por mensagens no Facebook e Instagram. Para encontrá-los basta, pesquisar pelo nome Projeto dos Amigos Doar Faz Bem.

UFG Solidária

A Universidade Federal de Goiás também têm realizado uma série de ações em solidariedade ao combate do novo Coronavírus. Dentre elas, está o programa de extensão UFG Solidária, coordenada por sete professores da instituição, de variadas áreas do conhecimento, que trabalham com populações empobrecidas por meio de projetos de extensão e/ou pesquisa dentro da Universidade.

O objetivo do projeto é arrecadar doações, em dinheiro, para a compra de produtos que atendam às necessidades básicas diárias de pessoas em situação de vulnerabilidade social, conforme demanda definida por seus representantes/lideranças. Esta ação conta com parcerias preestabelecidas governamentais e não governamentais do Estado de Goiás.

Além disso, a UFG também realiza ações educativas de combate ao Coronavírus, voluntariado na aplicação na vacinação drive thru contra influenza. A Faculdade de Medicina tem realizado atendimento aos pacientes com Covid-19 por meio de telemedicina. Produção de milhares de EPIs junto às outras instituições e ações de pesquisa e desenvolvimento voltadas para o combate ao vírus. (Especial para O Hoje)