Erosões avançam e ameaçam vias e imóveis em Aparecida de Goiânia
Há 45 pontos com erosões no município. Destes, 22 ameaçam ou já atingiram vias públicas e imóveis na cidade| Foto: Wesley Costa
Igor Caldas
O problema das erosões, característico da época de chuvas, avança em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da Capital. De acordo com o Cadastro de Erosões às Margens de Córrego da Defesa Civil de Aparecida de Goiânia, há 45 pontos com erosões no município. Destes, 22 ameaçam, ou já atingiram vias públicas e imóveis na cidade. Problemas causados por processos erosivos são antigos e constantes em Aparecida. O solo do local é arenoso e existem mais de 200 quilômetros de extensão de córregos e ribeirões sobre a área do município.
As erosões que atingiram vias no Jardim Helvécia levaram medo á população e interdições no trânsito. Uma erosão costeira atingiu a rua Aparecida de Goiânia, também no Jardim Helvécia. As pistas foram interditadas pela Secretaria Municipal de Trânsito. Na Avenida Benedito Silvestre de Tolêdo, entre o bairro Jardim Riviera e Independência Mansões, uma das pistas teve de ser interditada por causa do avanço de uma erosão que iniciou em um canteiro central da via.
Outros locais indicados pelo documento estão na Avenida Itamarati, Bueiro do Pontal Sul onde erosão provocada pela danificação do ponto de lançamento das águas pluviais ameaça atingir a via pública. O bueiro está parcialmente comprometido. Na rua Maria Arruda, Setor Veiga Jardim, onde a erosão atingiu a via pública e danificou a pavimentação e meio-fio, o local está sinalizado, com vias interditadas e a Avenida Independência, Bairro Independência, onde o processo erosivo provocado pelo escoamento superficial das águas ameaça atingir a via de intenso tráfego.
Com relação à Avenida Benedito Silvestre Toledo, no Setor Independência Mansões, a Seinfra informa que com as constantes chuvas, as galerias de água pluvial do canteiro central da Avenida Benedito de Toleto se romperam, formando uma erosão no local. A Seinfra explica que vem monitorando a situação e que assim que passar o período chuvoso irá realizas as obras de contenção e recuperação da pista e do canteiro central da via.
Processo erosivo
Residentes na Alameda Caapau, no Setor Jardim Helvécia temem que o avanço de um processo erosivo alcance as casas. A dona de casa OsmarinaVeira Barros, mora no mesmo local há mais de 20 anos. Ela afirma que o problema com erosões no local é recorrente. “No passado, eu lembro que já vi um buraco aberto pela chuva nessa mesma rua, bem próximo desse aí”. Ela também conta que a cratera que se formou começou pequena, mas foi crescendo cada vez mais com as chuvas.
“A gente nem consegue dormir direito quando começa a chover à noite. Ficamos com medo do buraco engolir nossa casa”. Osmarina relata que a Prefeitura de Aparecida esteve no local. “Eu vi uma movimentação aqui, acho que foi algum engenheiro. O que eu sei é que a erosão não está contida. A cada chuva que ocorre, abre mais um pouco”, lamenta. A dona de casa vive com seu neto, Lemoel Amorim Barros, 22 anos. Ele afirma que o processo erosivo começou depois que a prefeitura fez a implantação da rede de esgoto na via, no fim do último ano. “Desde fevereiro abriu um pequeno buraco, que originou essa cratera”, afirma Lemoel, que cursa o último ano de graduação em Engenharia.
Diante dos destroços de manilhas de uma galeria pluvial que existia no local onde a erosão se formou, o estudante analisa os agravantes do processo erosivo. “Fizeram essa galeria pluvial aí com uma estrutura muito precária e depois que arrumaram a rede de esgoto o trecho ficou sem asfalto por quase dois meses”.
O estudante acredita que a demora para asfaltar o trecho que foi escavado para a implantação da rede de esgoto fez com que as águas da chuva fossem infiltradas pelo solo, acelerando o processo de erosão no local. “Como a galeria não tinha uma estrutura muito boa, acabou cedendo também”. Além disso,Lemoel aponta que houve problemas de incompatibilidade dos materiais usados nas estruturas da via. “A compactação do solo não é compatível com os materiais usados na execução das obras”, afirma.
Uma erosão costeira avançou até a pista da Rua Aparecida de Goiânia, no Jardim Helvécia. O estado avançado da erosão fez com que populares acionassem a Defesa Civil do município. Em loco, o órgão constatou que o processo erosivo foi intensificado com as chuvas e trepidações da pista causadas por veículos pesados. A Secretaria de Trânsito interditou quatro pistas da via para evitar acidentes.
A Secretaria de Infraestrutura de Aparecida de Goiânia informa que uma equipe técnica já esteve no local na semana passada para avaliar a situação. De acordo com a Seinfra, a galeria pluvial da rua se rompeu com as fortes chuvas e que a partir de agora será realizado um estudo e projeto para recuperação da erosão. Ainda segundo a Seinfra, assim que passar o período chuvoso será realizado um trabalho de contenção, de forma paliativa, até que os projetos e licitações sejam concluídos para realização da obra definitiva. Com relação à sinalização do local, a Secretaria Executiva de Mobilidade e Trânsito de Aparecida informa que foi realizada a sinalização e interdição de parte da pista. (Especial para O Hoje)
Tráfego de veículos pesados agrava erosões
De acordo com o supervisor da Defesa Civil de Aparecida de Goiânia, Juliano Cardoso, o avanço dos processos erosivos tem uma dinâmica própria. “O crescimento das erosões vai depender muito da quantidade de chuvas, comuns nessa época do ano e também do nível de trepidação da pista causado pelo tráfego de veículos pesados”, afirma.
Ele também explica como o processo erosivo acabou chegando às vias públicas.“Processo erosivo que acabou atingindo sistema viário em quatro vias públicas. É preciso uma ação rápida para evitar que haja mais danos. Sistema de drenagem pluvial no local se caracteriza pelo encontro de quatro redes de drenagem no ponto onde aconteceu a erosão. No ponto de lançamento da rede pluvial para o manancial começou a sofrer o processo erosivo e foi avançando até as pistas. Juliano afirma que esse processo erosivo é antigo e recorrente no local.
O agente ainda afirma que o aterro para a construção da via feita no passado foi executado com materiais incompatíveis com a compactação do solo da região. Ao observar a segmentação do solo exposta pelo processo erosivo, Juliano constata que há mistura de lixo e entulho usado para cobrir algum processo erosivo que persiste desde o passado.
Juliano ressalta a importância dos moradores terem feito a ocorrência junto a Defesa Civil do Município, pois alerta que a iluminação do bairro a noite é precária e prejudica a visibilidade da cratera na via causada pela erosão. “Se o trecho não for sinalizado com materiais que reagem à luz dos faróis dos carros, há a possibilidade de um veículo se acidentar e cair no buraco. A iluminação no trecho da via não é das melhores”, constata.
Obras paliativas
O secretário de Infraestrutura de Aparecida de Goiânia, Mário Vilela, está há 11 anos a frente da pasta do município. Em reportagem para O Hoje, ele já afirmou que os problemas causados pelos processos erosivos são antigos e recorrentes na cidade. No entanto, seria necessário um aporte bilionário para que esses problemas fossem realmente sanados. Segundo ele, a prefeitura só consegue arcar com as despesas para execução de obras paliativas.
Em 2017, o Setor Garavelo estava sendo engolido por uma enorme cratera causada por processos erosivos. A Prefeitura de Aparecida conseguiu um aporte externo de R$20 milhões para a execução da obra de caráter urgente que conteve a erosão nas imediações do Parque Tamanduá. O município está buscando aporte de recursos financeiros juntamente à Defesa Civil Nacional para resolver alguns pontos críticos de erosão na cidade. (Agência Brasil)