O Hoje, O Melhor Conteúdo Online e Impresso, Notícias, Goiânia, Goiás Brasil e do Mundo - Skip to main content

quinta-feira, 28 de novembro de 2024
PublicidadePublicidade
Imprudência

Goianienses desrespeitam lei e marcam presença em academias ao ar livre

A prefeitura de Goiânia decretou o impedimento ao uso dos equipamentos para evitar aglomerações em parques públicos| Foto: Wesley Costa

Postado em 17 de abril de 2020 por Sheyla Sousa
Goianienses desrespeitam lei e marcam presença em academias ao ar livre
A prefeitura de Goiânia decretou o impedimento ao uso dos equipamentos para evitar aglomerações em parques públicos| Foto: Wesley Costa

Igor Caldas

Mesmo com as academias ao ar livre interditadas nos parques públicos pela Prefeitura de Goiânia desde a última quarta-feira (8), os aparelhos continuam sendo utilizados por frequentadores. A medida foi tomada como uma forma de combater o Coronavírus. Faixas indicativas não são suficientes para impedir o exercício nos equipamentos. Goianienses ainda têm marcado presença nas pistas de caminhada da cidade. Especialistas afirmam que exercícios ao ar livre são recomendados, mas requerem cuidados.

Segundo a administração municipal, os parques tem tido presença diária da Guarda Civil Metropolitana (GCM), policiais militares e auditores fiscais da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh) para fiscalização da medida. Quem for flagrado descumprindo a determinação pode ser conduzido à delegacia por desobedecer à norma de combate à propagação da doença. A pena varia de um mês a um ano de detenção.

Ao todo existem 17 equipamentos de ginástica instalados nos 42 parques de Goiânia. No fim da tarde desta quarta-feira (15) havia um grande número de pessoas se exercitando nas pistas de caminhada do Parque Vaca Brava. Apesar da presença da Polícia Militar, pessoas ignoravam as faixas de interdição dos equipamentos. No parque, pouquíssimas delas utilizavam a máscaras que devem ter uso obrigatório no próximo decreto assinado pelo governador.

De acordo com o médico ortopedista Sandro Reginaldo, membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e da Comissão Científica da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Trauma do Esporte (SBRATE), o isolamento social não é uma questão política, mas de saúde pública. “A medida de quarentena é um fator técnico. Não foi nosso governo ou ministro que inventaram. Os países que afrouxaram a determinação pagaram com muitas vidas”, constata o médico.

Ele ressalta que a prática de exercícios físicos durante a pandemia é fundamental para a manutenção da saúde física e mental, mas é necessário tomar cuidados para evitar aglomerações. Segundo um estudo feito pelo Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da UFG, conduzido pela professora Cristina Toscano, caso as medidas de distanciamento social sejam relaxadas no período de crescimento de casos da doença, o número de óbitos esperados para os próximos 30 dias pode dobrar.

Patologias

Sandro ressalta que a falta de atividade física pode trazer à tona patologias, principalmente em pessoas que estão na melhor idade. Segundo o médico, idosos que não praticam exercícios podem desenvolver sarcopenia, um tipo de atrofia muscular e avanço de osteoporose. “Nesse caso, uma simples queda pode ocasionar uma fratura que pode levar ao agravamento do quadro de saúde da pessoa de”, afirma. 

No entanto, ele ressalta que a manutenção das atividades físicas também é importante para o quadro de saúde dos jovens durante o isolamento. “A gente vê um monte de memes circulando na internet sobre essa questão. Eles podem se tornar uma verdade. Se as pessoas não se cuidarem, ao final do isolamento podem estar obesas e com muitos problemas de saúde, como hipertensão e diabetes”.

O doutor afirma que o período de quarentena pode intensificar problemas como ansiedade, depressão e outros quadros psicológicos que os exercícios físicos ajudam a combater.  “Nesse momento, devemos usar a criatividade e temos que ter muito foco para poder criar uma rotina de exercícios”, declara.  Ele ainda diz que a condição de isolamento leva a uma espécie de letargia, uma armadilha para o próprio corpo. “A pessoa acaba entrando em uma condição de inatividade que se torna um ciclo vicioso e prejudicial”, constata.

Tipos de atividades

A forma como a pessoa deve se exercitar vai depender do local onde ela está isolada, diz o médico. “Se a pessoa mora em uma chácara, por exemplo, fica mais fácil, mas se está em um apartamento apertado vai ter que se esforçar mais”.  Ele sugere a utilização de aplicativos que ajudam as pessoas com exercícios e aulas de educação física. “Há como improvisar algumas coisas, alongamentos, abdominais, usar aplicativos que sugerem dicas”.

Alternativa para locais de prática de atividades físicas fora de casa deve ser a área de lazer de edifícios. No entanto, vai depender de como é a organização da utilização desse espaço pelo condomínio. Alguns edifícios com muitas unidades habitacionais decidiram interditar as áreas de lazer para evitar aglomerações. Outros optaram por agendamento de horários. “Obviamente, nos parques públicos não dá para agendar horários, por isso ocorre à aglomeração que facilita muito o meio de transmissão do vírus”.

Distância entre pessoas deve ser ampliada durante exercícios

Apesar da recomendação de distanciamento social, o médico Sandro Reginaldo afirma que as pessoas podem e devem se exercitar ao ar livre de forma esporádica, se tiverem os devidos cuidados. “É preferível dar uma volta no quarteirão a ir até os parques públicos onde têm ocorrido aglomerações de pessoas”. Ele recomenda sempre o uso de máscara e a distância mínima média  de 4,5 m entre as pessoas caminhando. Para atividades intensas, a distância deve ser ampliada.

O espaço entre as pessoas realizando atividades físicas de maior intensidade como correr, andar de bicicleta e musculação deve ser bem maior que para uma pessoa parada. “Uma coisa é você estar caminhando, outra coisa é correr, e transpirar. Essa intensidade amplia o alcance de partículas e microgotas da respiração e suor que podem estar contaminadas”, alerta o médico.

O ortopedista cita um estudo realizado pela Universidade de Tecnologia Eindhoven, na Holanda e da KU Leuven, na Bélgica, que simula diversas situações de atividades físicas ao ar livre. A pesquisa recomenda que pessoas paradas devem manter distância mínima de 1,5 metros entre elas. Em atividades de corrida ou bicicleta, a distância mínima deve ser de 10 metros. Se a pessoa estiver em velocidade elevada, o distanciamento deve dobrar para 20 metros.

As simulações feitas pelo estudo mostram que as partículas transportadas pela respiração de alguém que possa estar infectado com o vírus podem entrar em contato com pessoas localizadas logo atrás delas. As partículas seriam transportadas por meio do que o estudo se refere como “slipstream”, uma espécie de onda formada pelo deslocamento de ar causado pelo movimento. Uma das recomendações do estudo é evitar se posicionar atrás de uma pessoa que esteja em atividade física.

O médico ortopedista ressalta a importância dos cuidados de higienização das mãos, roupas, e sapatos na volta ao isolamento porque se esses objetos estiverem infectados, poderão contaminar o interior de casa. É recomendado deixar o sapato no exterior de casa antes de entrar no recinto, retirar as roupas para lavar e tomar banho para desinfecção. (Especial para O Hoje)

  

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos canais de comunicação do O Hoje para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.
Veja também