Rodrigo Soares fala sobre retorno do futebol grego: “A maioria não queria”
Lateral chegou ao PAOK há um ano após passagem por Portugal; no clube grego atuou pouco nessa temporada – Foto: Assessoria PAOK
Victor Pimenta
O futebol grego é mais um campeonato europeu que deve
retornar no próximo mês de junho. Os clubes já começaram os treinamentos
visando o término da temporada antes mesmo de agosto. Na Grécia, o atual
campeão nacional é o PAOK, clube com cinco brasileiros, um deles um goiano de
Porangatu, o lateral-direito Rodrigo Soares.
Se no Brasil não temos uma data definida para o retorno dos
treinamentos dos jogadores e das atividades físicas nos centros de
treinamentos, na Grécia por outro lado, as equipes já começam a se mobilizar
para um possível retorno do campeonato grego. Já são duas semanas de preparação
para volta aos gramados.
Quem falou com exclusividade à equipe do canal
10Centralizados, foi o lateral-direito Rodrigo Soares, que atua no PAOK há uma
temporada. O jogador foi abordado em uma videoconferência via streaming para
falar como estão as coisas no continente europeu, se ele vê com bons olhos o
retorno, além de outros temas como a volta do futebol alemão, sua negociação
com o clube grego, futebol brasileiro e sua passagem por Portugal. Você confere
tudo em uma entrevista ping-pong com o atleta goiano.
10Centralizados: Como
que tem sido a questão de seguir os protocolos, são as mesmas dos outros
países?
Rodrigo Soares:
Está todo mundo meio que seguindo um padrão basicamente. Primeiro treino em
grupos menores, de seis jogadores, e depois conforme vão andando, eles permitem
fazer os grupos nos treinos coletivos, porque senão não tem como jogar.
10Centralizados:
Então, já está treinando o grupo todo, voltando com o elenco todo como era
antigamente?
Rodrigo Soares:
Já sim, essa semana já retornou. Hoje mesmo foi o primeiro dia com o elenco
todo reunido, então, já está liberado. Nas últimas semanas foram treinamentos
com grupo de seis jogadores.
10Centralizados: Como
tem sido essa readaptação após longo tempo parado?
Rodrigo Soares:
Se bem que, ficamos “parados” em parte né. Eles estavam com planos de treinos
individuais para todo mundo e obrigaram a gente a fazer. Nos enviaram GPS para
todo mundo para acompanhar os treinos, então não tinha como enganar. Se os
números não batessem, os caras já davam uma bronca para saber o que estava
acontecendo. Então, não ficou totalmente parado.
10Centralizados:
os treinos que vocês faziam era na própria casa, mas eles passaram uma série de
exercícios que você tinha que fazer diariamente?
Rodrigo Soares:
Sim, eles passavam, mas também te davam uma certa liberdade. Você não precisava
necessariamente seguir aquele cronograma. Meio que eles passaram uma ideia para
fazer. Tinha alguns números que você tinha que alcançar, só que tem tipos de
treinamento que não se fazia em casa, então tínhamos que ir para as ruas,
correr nas ruas, porque alguns campos estavam fechados e não podia entrar.
Então o pessoal meio que se virou cada um para alcançar os objetivos, mas
deixaram com liberdade. Só que o número se não batesse depois, eles cobravam.
10Centralizados:
Assim como nos outros países europeus, na Grécia também para sair de casa tinha
que ter uma notificação avisando o que fazer?
Rodrigo Soares:
Tinha sim, mas agora acabou. Suspenderam isso e não precisa mais, mas foi
bastante tempo com restrição sem poder sair de casa e se você quisesse sair,
tinha que enviar uma notificação para um número do governo que eles passavam
para a população para pegaram uma permissão em seu telefone, porque se a
polícia te parasse na rua e você não tivesse essa permissão para estar fazendo
atividade física fora de casa, ir no mercado ou na farmácia, coisas que estavam
sendo permitidas aqui, você tomava multa de duzentos euros. Dois jogadores do PAOK
receberam a multa.
10Centralizados:
Como você está vendo a volta do futebol grego? Estava dando uma olhada e uma
possível data de retorno é para o dia 6 de junho, faltando só uma autorização
do governo. Você acha que já está pronto para o futebol voltar e tudo ok aí na
Grécia?
Rodrigo Soares:
Essa é uma controvérsia grande né entre tanto o pessoal da liga, quanto os
jogadores. Porque acabou que mexeu com muita coisa, como na parte financeira,
na questão da doença também. Tanto que o que mais preocupa os jogadores é isso,
sendo que não há muita segurança para os jogos. E sabemos que infelizmente,
manda quem pode, obedece quem tem juízo. Os jogadores posso dizer que a maioria
não queria o retorno, mas também tem alguns que queriam muito o retorno. Não há
segurança para ter os jogos, a gente sabe que o futebol é um esporte de
contato, você está compartilhando vestiário com outros jogadores. A preocupação
não é nem tanto com a gente, mas sim com aqueles que tem filhos em casa, moram
com pais, pessoas de mais idade e as vezes vai para o centro de treinamento e
pode ser contaminado. A questão chega a não ser nós, mas sim os familiares. A
maioria queria o fim do campeonato, retornando somente na temporada seguinte.
10Centralizados:
Como que você tem visto esse retorno no futebol alemão? Porque se um dos países
mais prejudicas pelo coronavírus teve o retorno do futebol, em países menos
afetados, não teria problema.
Rodrigo Soares:
Exatamente. Como países que estão bem mais afetados que aqui retornaram e
conseguiram fazer protocolos para retornar, aqui meio que ficou sem desculpas
para não jogar. Mas eu acho que seja de país para país, tem que depender da
parte financeira dos clubes, da logística dos clubes e dos protocolos que serão
feitos. Uma coisa é na Alemanha, onde tem estádios tops para você receber toda
a estrutura de um jogo, mesmo com a questão do distanciamento e dos jornalistas
que podem estar no estádio. Aqui na Grécia é diferente, não tem tanto estádio,
assim como Portugal que está tendo problema com clubes que não irão jogar em
casa, porque tem estádios que não suportam o protocolo da FIFA. Então assim, é
uma confusão muito grande.
10Centralizados:
Como tem sido sua adaptação no PAOK? Na última vez que você deu entrevista ao
canal, você ainda estava no Desportivo Aves, tinha sido campeão tinha proposta
de renovação. E agora na Grécia com brasileiros também no elenco.
Soares: Tem
sido boa e ruim ao mesmo tempo. Boa pela transição que foi feita, para um clube
grande como o PAOK, muito bom de jogar, um lugar totalmente diferente do que eu
tinha no Aves. Você muda totalmente a mente, a mentalidade em si é outra. Você
está em um clube de massa, é cobrado na rua, acaba tendo uma vida totalmente
diferente que eu tinha, tendo que me adaptar a essa nova realidade e exigência
que o clube tem. Porque quando eu jogava no Aves, se eu jogasse três jogos e
ganhasse um estava ótimo. Aqui se jogarmos três e empatar um, tomamos dura. A
torcida aqui além de ser um clube grande, eles são exigentes e apaixonados pelo
clube e te param na rua. Teve um jogo que eles nos pararam nosso ônibus no meio
da estrada para fazer cobrança e tudo. Uma situação que eu nunca tinha passado
na minha vida e você acaba tendo que se adaptar, mais cuidado com rede social,
mais cuidado na cidade também, com coisas que você faz, onde anda e com que
fala. Tem sido bom porque é outro desafio e é sempre bom coisas novas. Na
questão de jogo não tem sido um ano bom pra mim, porque quase não joguei, se
fiz muito, foram oito jogos.