“Não há batalha judicial e sim uma tentativa de preservar vidas”, diz procurador
Liminar que permitia reabertura do comércio nesta sexta (3) foi derrubada por pedido do MP à Justiça. Para ele, não há como diminuir a curva da Covid-19 sem isolamento – Foto: Divulgação/MP
Marcella Vitória
O procurador-geral de Justiça de Goiás, Aylton Flávio Vechi,
reiterou na manhã desta sexta-feira (3), em entrevista por videoconferência,
que o objetivo do MP-GO não é travar uma guerra judicial mas garantir a
subsistência e o atendimento na rede hospitalar a fim de salvar vidas.
De acordo com Vechi, o Ministério Público tem acompanhando
os estudos feitos pela Universidade Federal de Goiás (UFG), que tem direcionado
sua atuação assim como tem feito o Executivo.
“Todos os dias a pandemia nos traz informações de como a
sociedade deve se comportar”, destacou, ao frisar que é preciso combater
achismos e ouvir o que dizem os estudos científicos e as informações sobre
leitos de enfermaria e UTI para a Covid-19.
“Falo isso de forma firme, não há como diminuir a curva
exponencial da pandemia, sem o isolamento. Estamos percebendo que a população
assiste a essa pretensa batalha judicial como se estivéssemos medindo força.
Não é isso”, argumenta.
“Entendemos que, no momento, o isolamento 14×14 possibilita a
convivência entre subsistência e vidas, por isso, vamos seguir o que diz a
ciência”, relata.
Cenário
Para Aylton Flávio Vechi, o cenário atual é gravíssimo assim
como na semana passada, quando o município de Goiânia avançou na flexibilização
de algumas atividades. “Na minha concepção não havia cenário para liberação do
comércio. Tínhamos todos os dados mostrando isso e o cenário não mudou, o COE
também tinha alertado que não era o momento”.
“Sabemos que a condição de recepção da população pelo Estado e
municípios com os leitos existentes é precária. É preciso buscar um equilíbrio
e coordenação no enfrentamento à pandemia”, defende.
Vechi explica que na prática, a União edita normas gerais,
Estados edita normas específicas e os municípios tem liberdade para restringir
essas normas. “Não é uma liberdade plena até porque senão vira uma bagunça. Os
exercícios precisam ser respeitados, as coisas precisam ter o mesmo sentido.
Não estamos discutindo qual decreto é melhor, mas precisa haver uma
coordenação”.
Ainda de acordo com o procurador, os municípios, em especial
aqueles com situação mais grave, precisam adotar medidas uniformes. Para ele,
se as coisas continuarem desta forma, será difícil estabelecer parâmetros para
a Covid-19. “Se Aparecida adota uma medida e Goiânia outra isso é um
problema, pois faltará coordenação e o cenário não será bom”.
“Queremos uniformizar a atuação para o combate à pandemia e
vislumbrar um horizonte”, encerrou Vechi, alegando que a medida 14×14 é a
melhor opção para o momento.