Mais de 2 mil indígenas foram infectados por Coronavírus e 82 morreram
Os dados referem-se apenas aos indígenas que vivem em aldeias. Por outro lado, 1.747 de casos foram descartados – Foto: Reprodução.
Desde o início da pandemia, 2.085
indígenas aldeados já foram contaminados com o novo Coronavírus e 82 morreram
em decorrência da Covid-19. Outros 466 ainda são casos suspeitos e estão em
investigação, enquanto 1.747 tiveram a contaminação descartada. Os dados –
apresentados nesta terça-feira (9) durante entrevista coletiva no Palácio do
Planalto – referem-se apenas aos indígenas que vivem em aldeias.
Casos do novo Coronavírus foram
registrados em 500 aldeias, que correspondem a 8,5% dos 5.852 agrupamentos
deste tipo existentes no Brasil. Os distritos indígenas com mais infectados são
do Alto Rio Solimões (AM) (444), do Ceará (158), do Maranhão (148), do Alto Rio
Negro (AM) (141) e de Manaus (AM) (128).
“O distrito que mais nos
preocupa é o Alto Rio Solimões, que concentra 21% dos casos. Outro que nos
preocupa é o Alto Rio Negro. E o terceiro é o Vale do Javali, que concentra a
maior população de indígenas isolados”, afirmou o secretário especial de
Atenção Indígena do Ministério da Saúde, Robson Santos.
Na evolução no tempo, os casos
ficaram controlados durante o mês de abril e aumentaram a partir do início de
maio. A incidência de casos e óbitos acompanha em geral a dinâmica da
população, com mais casos entre adultos (80%) e mais mortes entre idosos (60%).
“O primeiro caso na saúde
indígena aconteceu muito tempo depois dos demais. Eles fizeram o isolamento
social. Mas o tempo vai passando, alguns falam que só pega a pessoa de idade,
mas os dados mostram que não. Os falecimentos são muito de pessoas idosas que
não saíram da sua aldeia, mas pegaram de alguém mais jovem que saiu”, comentou
Robson Santos.
O secretário listou algumas
ações, como o acompanhamento dos casos, manutenção, disponibilização de
recursos para compra de insumos, equipamentos, testes e equipamentos de
proteção individual (EPIs), além da manutenção das equipes multidisciplinares
das equipes de saúde.
“Foram criadas equipes de resposta
rápida, um reforço de profissionais. Cada distrito pode contratar até duas
equipes. Não temos problema de falta de recursos, mas falta de profissionais e
dificuldade de comprar insumos, com máscaras que aumentaram 10.000% o valor”,
observou o secretário.
Foram implantadas duas alas
indígenas em hospitais de Manaus (AM) e de Macapá (AP), ampliações em unidades
de saúde já em funcionamento. Outras estruturas semelhantes estão em
implantação no Amazonas, Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Roraima.
Em Manaus, foi inaugurado, no fim
de maio, uma ala hospitalar destinada ao atendimento de indígenas infectados
pelo novo Coronavírus. Adaptado a tradições e costumes indígenas, o espaço
funciona no Hospital de Retaguarda Nilton Lins, que, desde abril, é considerado
referência para o tratamento de pacientes com covid-19.
A ala indígena conta com 53
leitos, sendo 33 leitos clínicos, 15 leitos em unidade de terapia intensiva
(UTI) e cinco em unidades de cuidados intermediários (UCI), além de posto de
enfermagem. Um espaço foi destinado à instalação de redes e outro para a
realização de rituais religiosos, respeitando as diversidades étnicas. (Agência Brasil)