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sexta-feira, 29 de novembro de 2024
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Alerta

Leitos de UTI para Covid-19 se esgotam na rede privada, em Aparecida de Goiânia

O número de pacientes com a doença disparou de 767 para 2.020 casos no último boletim|Foto: Wesley Costa

Postado em 26 de junho de 2020 por Sheyla Sousa
Leitos de UTI para Covid-19 se esgotam na rede privada
O número de pacientes com a doença disparou de 767 para 2.020 casos no último boletim|Foto: Wesley Costa

Igor Caldas

Aparecida de Goiânia tem enfrentado outro estágio da pandemia. Nas últimas semanas o número de casos aumentou de forma vertiginosa e, apesar do escalonamento do comércio, a média de taxa de isolamento social se manteve inferior ao recomendado pelas organizações de saúde. As vagas de UTI para Covid-19 na rede privada estão com 100% de ocupação. Na rede pública a taxa de ocupação é de 49%.

O prefeito do município, Gustavo Mendanha, se mostrou preocupado e deve adotar fechamento das atividades comerciais na cidade aos domingos para tentar minimizar os efeitos da pandemia. O movimento nas zonas comerciais diminuiu, mas falta conscientização da população no uso de máscaras e na manutenção do isolamento social. 

De acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde, o número de pacientes diagnosticados com a doença disparou de 767, no dia 8 de junho, para 2.020 casos no último boletim, divulgado na quarta-feira (24). Somente nas últimas 24 horas foram registrados 150 novos casos confirmados da doença. O número de mortes causadas pela Covid-19 mais que dobrou. Em 8 de junho havia 16 óbitos provocados pela doença, o último boletim registra 33, com mais quatro em investigação. 

Em entrevista ao blog Folha Z, o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, afirmou que a população do município está vivendo outro estágio da doença, diferente das cidades do Nordeste que receberam o vírus antes e passaram pelo pico da pandemia. Para Gustavo, a população precisa se dar conta da gravidade da situação, pois acredita que o município está entrando no “olho do furacão”. A declaração do chefe do executivo foi feita após a escalada de casos de contaminação pelo Coronavírus em Aparecida nas últimas semanas.

Macrozonas municipais

No dia 8 de junho o novo modelo adotado pela prefeitura de Aparecida de Goiânia para flexibilização das atividades do comércio com fechamento de regiões por dia da semana entrou em vigor. A administração do município estabeleceu 10 macrozonas municipais e permitiu abertura do comércio de regiões específicas em diferentes dias da semana. O objetivo foi o aumento no isolamento social, da média de 35%, registrada no período, para 50% recomendável pelas autoridades em saúde.

O modelo de escalonamento por macrozonas veio acompanhado da definição de quatros cenários indicados pela cor verde, amarela, laranja e vermelha que indicam os graus de ocupação de leitos hospitalares no município. Em duas semanas, o cenário foi do verde para o amarelo. Isso motivou o prefeito Gustavo Mendanha a fechar as atividades comerciais aos domingos.

No atual cenário, a classificação do nível de risco da pandemia em Aparecida de Goiânia cidade para “Moderado”, segundo as medidas do Ministério da Saúde. Por isso, deve haver um endurecimento de normas para o combate ao vírus com lockdown em toda cidade aos domingos. Somente supermercados, padarias, farmácias, postos de combustível e serviços de saúde de urgência e emergência estão autorizados a funcionar. Se o nível de risco do município chegar ao grau alto, cada macrozona deverá ser fechada por duas vezes na semana.

Verônica Sousa atribui o aumento no número de casos a falta de conscientização das pessoas. “O pessoal deveria sair de casa apenas se for necessário, mas não é o que a gente percebe no comércio todo dia”, diz. A comerciante ainda revela que muitas pessoas insistem em usar as máscaras de forma errada, sem cobrir o nariz e a boca, algumas delas nem mesmo portam o equipamento de proteção. 

A vendedora também opinou sobre o modelo de escalonamento de atividades econômicas por dia da semana adotado pela Prefeitura de Aparecida de Goiânia. “A medida é muito ineficiente porque as pessoas não ficam em casa quando o comércio na região delas está fechado”. Além disso, ela cita o fato de muitas pessoas que moram em Aparecida trabalharem em Goiânia e usarem o transporte público lotado para se locomover. Goiânia voltou às atividades comerciais em shoppings, galerias, camelódromos e lojas de rua na última terça-feira (23).

Prefeito defende consumo em lanchonetes e restaurantes

Mesmo diante do que chamou de “olho do furacão”, o prefeito Gustavo Mendanha defende a volta do funcionamento das áreas para consumo de alimentos dentro de restaurantes no município. Os restaurantes só podem funcionar por meio de delivery ou na compra do alimento para ser consumido fora do local. Em entrevista à imprensa, o prefeito justificou que a restrição tem obrigado as pessoas a comprarem marmitas e consumirem nas ruas, sentadas no passeio público.

O prefeito julga que o consumo de alimento nas calçadas é uma situação de insalubridade. Para ele, seria melhor abrir as áreas de restaurantes com o número de cadeiras e mesas reduzido para permitir um melhor controle. Também seria necessário um funcionário para montar os pratos, para não deixar que as pessoas sirvam a própria comida. Gustavo deve apresentar essa flexibilização na próxima reunião do Comitê de prevenção e enfrentamento ao Coronavírus em Aparecida.

A Prefeitura de Aparecida afirma que é uma das cidades que mais se preparou para a Covid-19, com capacitação e aumento na capacidade de atendimento de pacientes. Foram abertos 63 novos leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) de uso exclusivo para pacientes com infecção causada pela doença.

Transporte público

De açodo com o chefe do executivo, o cenário amarelo era esperado e houve implementação de ações projetadas para enfrentá-lo. O prefeito também apontou desrespeito da população em relação às medidas sanitárias e uso de máscaras. O prefeito concordou que o transporte público é ponto crítico de aglomeração, não somente em Aparecida, mas em toda Grande Goiânia. Esse fator facilita o alastramento do coronavírus.

Isolamento

No entanto, a média da taxa de isolamento social se manteve a mesma, fechando em 35% no último dia 22. Os dados foram solicitados pelo Jornal O Hoje para a empresa In Loco, que monitora a taxa de isolamento a partir da rede móvel de telefonia. Apesar da taxa de isolamento ainda se manter baixa, a comerciante Verônica Sousa afirma que o movimento em um dos maiores centros comercial da cidade, a Avenida Igualdade, no Setor Garavelo, caiu bastante. “O maior movimento foi mesmo no Dia das Mães e Dia dos Namorados, agora voltou a cair”. (Especial para O Hoje)  

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