Preso, hacker teria extorquido padre Robson com ajuda da polícia
Em depoimento, Welton Ferreira contou que apanhou e teve que pagar R$ 160 mil para delegado | Foto: Reprodução.
Nielton Soares
Mesmo preso, o hacker Welton
Ferreira continuou chantageando o padre Robson de Oliveira, de 46 anos. A
afirmação foi feita pelo próprio acusado em depoimento cedido ao juiz Ricardo
Prata. Na ocasião, Welton estava preso na Delegacia Especializada em
Investigações Criminais (Deic), em Goiânia, e teria conivência de policiais e
delegado.
No relato aos investigadores,
Welton conta que ao ser detido no Rio de Janeiro e transferido para Goiás, não
havia provas contra ele, que alega ter utilizado o aplicativo Telegram –
ferramenta que apaga as mensagens simultaneamente após enviou.
Segundo o autor, o delegado
Kleiton Dias teria sido um dos coniventes para a criação de novas imagens e
encaminhamento de novas mensagens ao religioso. No documento judicial, Welton
afirmou que permaneceu por uma semana na Deic, período que criou mensagens
falsas para extorquir padre Robson.
No depoimento, o hacker diz: “…se
for pedir perícia disso aí… As datas dos e-mails tudo eu criei, lá dentro da
Deic. Fiquei uma semana dentro da sala do delegado fazendo isso daí. Não tinha
nenhuma prova contra eu (sic). Eu criei isso aí, eu falava com o padre sempre
por Telegram”.
Welton acrescentou ainda no
depoimento, de que o delegado exigia dinheiro dele, ao ponto de sofrer
agressão. Com isso, ele teria sacado R$ 165 mil da própria conta para repassar
aos policiais.
Segundo o hacker, acompanhado das
agressões havia as exigências: “…o delegado falou ‘eu quero dinheiro, eu quero
dinheiro‘, e batia em mim. Aí [diz o nome de outro agente] colocava o saco na
minha cabeça, dando murro, murro, batendo, batendo. Até que eu falei ‘então
vamos buscar o dinheiro ‘”, narrou. Ele disse ainda que teria conseguido fugir
da delegacia pelo portão dos fundos, mas não deu detalhes de como isso ocorreu.
De acordo com o acusado, ele
teria sido contratado inicialmente para extorquir R$ 1,5 milhão de padre
Robson, porém, acabou exigindo R$ 2 milhões, invadindo o WhatsApp e o e-mail do
religioso e forjado imagens constrangedoras.
O hacker contou no depoimento que
no WhatsApp havia conversas do padre com advogado. “Ele desviando dinheiro da
Associação. Ele compra a fazenda por dois milhões, põe na Associação por seis,
e põe quatro no bolso dele”, revelou.
Respostas
Acerca das acusações aos polícias
da Deic, a Polícia Civil de Goiás (PC-GO), por nota, informou “que a atual
gestão instaurou procedimento na Corregedoria da instituição para apurar
eventual transgressão disciplinar de policiais civis”. No entanto, o comunicado
esclarece que esse procedimento interno “é sigiloso enquanto estiver em
andamento, razão pela qual não serão prestadas maiores informações”.
A defesa de Welton, apontado como
um dos hackers que extorquiu padre Robson, esclarece, também por nota, as
supostas extorsões, apesar de condenação em primeira instância, “não há, até a
presente data, trânsito em julgado desta”, estando em recurso.