Com baixa umidade relativa do ar, Goiás terá mês com clima desértico
Clima seco acende alertas vermelho e alaranjado na maior parte do Estado, umidade deve variar entre 13% e 18%| Foto: Wesley Costa
Igor Caldas
O período de estiagem na Capital completa quase 100 dias. O clima desértico com altas temperaturas e a umidade relativa do ar em Goiás chegou a atingir níveis abaixo de 12%. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) em Goiás, o nível de umidade deixou alertas vermelho e alaranjado para a maior parte do Estado no fim de semana. De acordo com o Inmet, essa condição climática de deserto atingiu 241 dos 246 municípios goianos. Em algumas regiões a umidade chegou a 10%.
De acordo com previsões do Clima Tempo, a umidade relativa do ar deve variar entre 13% e 18% até o dia 11 de setembro. A maior parte das áreas do país também vai sofrer com predomínio de tempo seco e altas temperaturas, com regiões atingindo o pico de 40ºC. O Inmet orienta o aumento da ingestão de líquido, evitar exercícios físicos e exposição ao sol nas horas de maior calor, umidificar ambientes e evitar consumo de bebidas diuréticas durante esse período.
Mesmo com a previsão de chegada de duas frentes frias no início de setembro, a forte e grande massa de ar seco predominante sobre o país vai dificultar as quedas de temperatura pelo interior do país nos primeiros 10 dias do próximo mês.
Segundo o gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas do Estado de Goiás (CIMEHGO), André Amorim, a próxima previsão de precipitações de chuva é para meados de outubro. No entanto, a chuva da passagem destas duas frentes frias vai cair em outras regiões do país. A precipitação deve se concentrar sobre o extremo sul do Brasil e nas áreas próximas ao litoral do Sul e do Sudeste.
A umidade relativa do ar deve permanecer em torno de 10% em outras regiões do Centro-Oeste e do interior do Sudeste, como já aconteceu na última semana de agosto. O mapa de projeções da plataforma indica a projeção de um sistema de alta pressão forte (massa de ar seco) na média atmosfera (circulação anticiclônica em aproximadamente 5000 metros de altitude) prevista para o começo do próximo mês.
O aviso vermelho é declarado quando a umidade fica abaixo do nível de 12% e é direcionado às autoridades de Defesa Civil para que decidam adotar medidas que evitem o desconforto para a saúde da população e também para prevenção e combate às queimadas e incêndios. Quando a umidade relativa do ar fica abaixo de 30%, o Instituto considera a região como “alerta amarelo” alertando para perigo potencial.
A pneumologista Fernanda Miranda de Oliveira acredita que a propagação do vírus Sars-Cov-2 pode aumentar com a baixa umidade do ar, característica do período da estiagem. “As doenças transmitidas por aerossóis de modo geral têm sua disseminação aumentada nos meses de inverno. Isso acontece porque a baixa umidade do ar mantém as partículas suspensas por mais tempo, os níveis de poluição atmosférica aumentam e as pessoas tendem a ficar por mais tempo em ambientes fechados”, explica.
A diretora de vigilância epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Grécia Carolina Pessoni, afirma que ainda não há comprovação científica de que o clima seco e frio aumente a propagação do Sars-Cov-2. No entanto, alerta que o cuidado com a prevenção de outras infecções respiratórias comuns neste período do ano pode ser uma arma contra a Covid-19. “As infecções respiratórias se tornam um fator de risco para a doença causada pelo Coronavírus e se manter saudável é muito importante”, declara.
Grécia diz que se os sintomas respiratórios persistirem deve-se buscar atendimento em uma unidade de saúde. “Enquanto a pessoa tiver sintomas leves como febre baixa e tosse, é melhor se recuperar em casa. Mas se os sintomas persistirem por mais de três dias, é importante buscar testes de Covid-19 antes que os sintomas se agravem”, conclui.
Ela ainda pontua que quando a umidade do ar fica abaixo de 30%, as vias respiratórias ficam mais ressecadas e a irritação das mucosas é maior. “Principalmente as crianças sofrem mais com doenças respiratórias nesta época. Além disso, outros vírus circulam com mais facilidade no tempo seco”, explica.
Doenças respiratórias podem gerar confusão
Entre as doenças respiratórias que podem aumentar neste período do ano estão gripes, resfriado, pneumonia, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), asma, rinite e sinusite. A gripe é a principal dessas doenças que pode ser confundida com a Covid-19. “Porque geralmente apresenta febre, dor de cabeça, indisposição, tosse que pode ser seca ou produtiva, dor de garganta e sintomas nasais como obstrução nasal, coriza, espirros, além da falta de ar”, esclarece a doutora Fernanda, que é pneumologista há 22 anos.
A especialista afirma que fumantes e portadores de doenças respiratórias crônicas são grupos de risco para enfermidades virais respiratórias e também para a Covid-19. Essas pessoas devem redobrar os cuidados durante a estiagem. “Esses pacientes devem prestar muita atenção neste período, quando as viroses são mais frequentes e especialmente agora em que estamos vivendo uma pandemia”, alerta.
Ela ainda diz que é importante que as pessoas estejam com sintomas controlados e uso correto da medicação. Aqueles que estão em tratamento não devem interrompê-lo sem orientação médica. Em caso de piora dos sintomas eles devem procurar assistência médica o mais rápido possível’, salienta a pneumologista, que ressalta também que essas precauções valem, inclusive, para quem não é do grupo de risco.
Dicas
No geral, é possível se prevenir para evitar contrair alguma doença respiratória durante o inverno e Fernanda Miranda dá as dicas. “Manter-se bem hidratado, evitar locais pouco arejados ou com aglomerações, lavar sempre bem as mãos, usar soro fisiológico nas narinas, evitar o uso de ar condicionado, se possível usar umidificadores nos ambientes, evitar ambientes externos no período das 10h às 16h, quando a umidade relativa do ar estiver menor que 50%, não fumar”, aponta. (Especial para O Hoje)