Pandemia do coronavírus atinge diversos segmentos comerciais
Enquanto alguns setores comerciais lucraram, outros decretaram falência em razão da queda nas vendas do comércio| Foto: Wesley Costa
Daniell Alves
De modo positivo ou negativo, a pandemia do Coronavírus atingiu diversos segmentos comerciais. Alguns conseguiram aumentar em mais de 100% os lucros e outros mal conseguem sobreviver por falta de recursos. Levantamento feito pelo Sindicato dos Estabelecimentos Particulares do Estado (Sepe) aponta que os segmentos que mais tiveram crescimento foram o setor farmacêutico, supermercados, transporte por aplicativo e laboratórios.
Já os bares e restaurantes, em contrapartida, registraram a pior queda nos últimos meses. Isto porque o decreto estadual determinou o fechamento destes locais por cerca de três meses. O dono do restaurante Magna em Goiânia, Marco Soares, afirma que o faturamento caiu 80% desde o início da pandemia.
No primeiro momento, ele conta que resolveu fechar as portas para preservar os funcionários. “Estamos com menos mesas, só trabalhamos com reservas agora, mudança de horários. E em relação aos meus funcionários testamos todos a cada 15 dias. É um custo a mais para a casa, mas deixamos todos mais tranquilos”, explica. O público-alvo do restaurante são pessoas com idade mais avançada. Marco revela que eles conseguiram se adaptar aos novos costumes. “Sexta só atendo poucos clientes, mas está tudo tranquilo por aqui, eles respeitam bastante”, diz.
Mesmo com capacidade para atender 80 pessoas, o estabelecimento recebe cerca de 20 clientes diariamente. O Magna é um restaurante de alta gastronomia. Considerado hoje pela imprensa gastronômica um dos melhores restaurantes do Centro-Oeste junto com duas unidades em Brasília.
O proprietário informa que adotou todas as medidas de segurança estabelecidas pela área da saúde para impedir o contágio do novo Coronavírus. Clientes só podem entrar com máscaras, as mesas têm distanciamento de dois metros, há álcool em gel disponível e a capacidade de atendimento foi reduzida para 50%.
Farmácias
As farmácias, por outro lado, viram as vendas subirem com a pandemia. A necessidade de comprar remédios se tornou uma rotina para os goianienses. O farmacêutico Matheus Xavier, de 26 anos, conta que, no mês de março, as vendas de medicamentos subiram consideravelmente. “Naquele período, tivemos uma venda bem alta. As pessoas foram muitas vezes às farmácias para comprar álcool em gel e álcool 70%. Segundo ele, algumas farmácias da Capital chegaram a faturar R$ 100 mil em um único dia.
No mês seguinte, as vendas normalizaram. “Tivemos uma queda em vendas porque muitas pessoas fizeram estoque de medicamentos e outros produtos duram mais tempo. Com a flexibilização do decreto, o movimento voltou normalmente”, destaca.
A dona de casa, Maria Creonice Pereira, de 50 anos, resolveu não estocar medicamentos, mesmo tendo um filho com doença crônica, que faz parte do grupo de risco. Ela conta que permaneceu em quarentena e adotou as medidas de prevenção. “Não adianta se desesperar em um momento como esse. Eu comprei os remédios rotineiros que eu sempre uso para medicar meu filho”, revela.
Varejo
Durante a pandemia, o comércio varejista de Goiânia foi um dos segmentos mais afetados. A Região da 44, por exemplo, permaneceu por mais de 90 dias fechada. Muitos lojistas faliram e funcionários perderam empregos. Em contrapartida, os supermercados continuaram lucrando, pois seguiram abertos e as pessoas estocaram muitos alimentos em um primeiro momento.
Contudo, os lojistas precisaram encontrar alternativas para continuar vendendo. E isso aconteceu por meio das plataformas digitais. No começo da pandemia, a lojista Rayssa Gonçalves, que possuía uma loja física de roupas na Região da 44, teve uma queda drástica de 60% nas vendas. “O movimento caiu muito e o pouco que vendíamos era para pagar o aluguel”, revela.
Após o fechamento das lojas, ela decidiu investir em divulgação nas redes sociais e, hoje, consegue lucrar mais de R$ 15 mil por semana enviando mercadorias para todo o Estado. “As clientes fazem os pedidos e geralmente pedem para entregar em transportadoras”, explica. As galerias da 44 já foram reabertas, mas muitos lojistas optaram por manter as vendas apenas on-line, como foi o caso de Rayssa.
Empresas goianas terão R$ 21 milhões em financiamento
As empresas goianas terão mais de R$ 21 milhões em financiamentos por meio do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). Os investimentos voltados a empreendedores goianos ultrapassarão R$ 2,5 bilhões. A previsão é atender cerca de 450 empresários no Estado, que poderão obter até R$ 100 mil de financiamentos com uma das menores taxas do mercado brasileiro.
“[O crédito] é fundamental para continuar a proteger e não deixar com que as pessoas que são capazes de movimentar essa máquina se decepcionem ou que sejam excluídas da oportunidade do trabalho”, afirma o governador Ronaldo Caiado. Para ele, o programa do Governo Federal tem um formato inteligente, que consegue driblar a burocracia e garantir que o dinheiro chegue rapidamente ao bolso dos empreendedores, gerando emprego e renda.
O presidente da GoiásFomento, Rivael Aguiar, projetou que o Estado deve conseguir operacionalizar todo o recurso disponibilizado nos próximos dias. Isso porque, em face do lançamento, R$ 18 milhões já estão pré-aprovados para cerca de 300 micro e pequenos empresários. Ou seja, há uma força-tarefa para viabilizar a movimentação dos negócios goianos. “Estamos esforçados no sentido de gerar emprego e promover desenvolvimento regional”, observa.
Pronampe
O Pronampe foi instituído pela Lei 13.999, de 18 de maio de 2020, e é destinado ao desenvolvimento e ao fortalecimento dos pequenos negócios, em meio à pandemia do novo Coronavírus. A iniciativa é operacionalizada por instituições financeiras públicas e privadas e já concedeu, numa primeira etapa, R$ 18,7 bilhões a micro e pequenos empresários em todo Brasil.
Neste mês, o programa foi ampliado, com o aporte de R$ 12 bilhões. É desse montante que, inicialmente, R$ 21 milhões foram destinados para a operacionalização da GoiásFomento. A linha de crédito é concedida com juros da taxa Selic e mais 1,25% ano, e prazo para pagamento de até 36 meses com oito meses de carência.
Cada empresa ou empresário poderá obter até R$ 100 mil, limitado a 30% do faturamento da empresa nos últimos 12 meses ou 50% do capital social, no caso das empresas com menos de um ano de funcionamento. O recurso poderá ser usado para investimentos e capital de giro, como o pagamento de salário, água, luz, aluguel, reposição de estoque e aquisição de máquinas e equipamentos. (Especial para O Hoje)