Entrega da Praça do Trabalhador é adiada novamente
O novo prazo está previsto para dezembro, caso a entrega ocorra nesta data, a obra acumulará mais de um ano de atraso/ Foto: Reprodução
Igor Caldas
A obra da Praça do Trabalhador foi adiada novamente para o dia 29 de dezembro de 2020. O último prazo estipulado pela Prefeitura de Goiânia havia sido para o próximo mês. A conclusão dos trabalhos já foi prorrogada várias vezes. Na tarde desta quinta-feira (17), apenas cinco trabalhadores estavam no canteiro. As máquinas permaneciam paradas e não estavam em operação. Ainda faltam 30% para o término e obra caminha a passos lentos.
Na última prorrogação de prazo, em março, o motivo alegado pela Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos do Município (Seinfra) foram as fortes chuvas que caíram na Capital. Segundo o titular da pasta, Dolzonan Mattos, a umidade trazida pela chuva estava atrapalhando a colocação dos pisos “paver” que revestiriam toda superfície da Praça do Trabalhador.
Na época, o secretário reiterou que a obra contava com o apoio de um maquinário moderno para a instalação dos pisos que tinha a capacidade de assentar até 1300 metros quadrados do material diariamente. No entanto, alegou o déficit no trabalho por causa da umidade do solo trazida pela chuva. Na tarde da última quinta-feira (17) foi observado apenas o assentamento dos pisos à mão pelos trabalhadores da obra.
Se for realmente concluída no novo prazo firmado entre a empresa ganhadora da licitação para execução da obra e a Prefeitura de Goiânia, a Praça do Trabalhador será entregue com mais de um ano de atraso. Os trabalhos tiveram início no dia 17 de junho de 2019, com prazo de 150 dias para término.
A primeira previsão para o término da obra da Praça do Trabalhador era inicialmente prevista para o mês de novembro do ano de 2019, adiado para o julho de 2020, depois adiada novamente para o mês de outubro, e agora adiada novamente para o dia 29 de dezembro.
Representação
Uma recomendação ao Ministério Público foi formalizada pelo ex-presidente da Comissão de Obras Paradas e Inacabadas da OAB/GO, Amarildo Filho, contra a Seinfra, pela suposta ausência de capacidade técnica e financeira da empresa que conduz a obra e causa constantes atrasos a sua entrega.
Entre as alegações apresentadas na representação está o suposto atraso dos salários dos trabalhadores e falta de repasses de verbas da Prefeitura de Goiânia para a empresa responsável. Além disso, denuncia também paralisações por suposta falta de material necessário para continuidade da obra.
Procurado pela reportagem, o Ministério Público de Goiás informou por meio de nota que a referida representação foi realmente protocolada no órgão e já foi distribuída para a 90 a Promotoria de Justiça de Goiânia, com atribuição na defesa do patrimônio público.
Em nota, a Seinfra informa que, mais uma vez, a empresa Ventuno, vencedora da licitação para executar os serviços, pediu prorrogação do contrato até o dia 29 de dezembro. E pelos constantes atrasos, a empresa já foi diversas vezes notificada pela Secretaria.
Ainda afirma que foram executados até hoje 70,79% do total da obra e que do valor atualizado do contrato, R$ 6.213.298,60, já foram pagos à empresa Ventuno R$ 4.398.144,62, restando um saldo contratual de R$ 1.815.153,98. Sobre a representação, a Seinfra informa que o secretário não foi notificado sobre o assunto.
Feirantes não voltarão a Praça do Trabalhador este ano
Os comerciantes da Feira Hippie e da Madrugada não vão conseguir voltar ao seu lugar tradicional de trabalho este ano. Inúmeras prorrogações da conclusão da obra da Praça do Trabalhador fizeram os feirantes enfrentarem poeira, lama e enxurradas da época das chuvas em um local provisório. Com a nova prorrogação para conclusão dos trabalhos para o dia 29 de dezembro e a proximidade das fortes chuvas que cairão em outubro o problema deve se repetir.
“Não vamos trabalhar este ano. Recebemos essa notícia com grande indignação e tristeza”, afirma Waldivino da Silva, presidente da Associação dos Feirantes da Feira Hippie. Ele ainda diz que se a Prefeitura de Goiânia não tomar providências para drenar a água das chuvas no local provisório de instalação das barracas, o pesadelo da lama pode voltar a acontecer com a próxima temporada de chuvas.
Dificuldades dos feirantes
Em março, a equipe do jornal O Hoje cobriu as dificuldades dos feirantes para trabalhar na Feira sob as chuvas. Na ocasião, Valdivino afirmou que as maiores dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores eram os alagamentos, o barro e a lama formada quando a água das chuvas carregava parte da terra vermelha da obra da Praça do Trabalhador para os locais de instalação das tendas e atingia as mercadorias impossibilitando que elas fossem vendidas por conta da sujeira.
“O novo prazo de entrega da Praça do Trabalhador traz profunda indignação porque vamos ficar mergulhados na lama novamente”, lamenta. Waldivino afirma que a pandemia do novo Coronavírus fez com que este ano não fosse fácil para nenhum feirante, mas que os trabalhadores da Feira Hippie e da madrugada já enfrentam dificuldades para trabalhar desde o início da obra, em junho do último ano.
“Já estamos enfrentando problemas desde que nos instalamos no local provisório, veio o Coronavírus e tivemos que ficar sem trabalhar. Quando achávamos que iríamos voltar, vem esse balde de água fria”, diz. O representante dos feirantes afirma que o último prazo de término da obra era para outubro deste ano.
Ele ainda revela que haverá manifestações dos trabalhadores para que a Prefeitura de Goiânia tome alguma medida em relação aos possíveis problemas que as próximas chuvas devem trazer. “Quero saber qual estrutura vai ser montada para conter a água e a lama que vai vir em outubro”, declara. (Especial para O Hoje)