Governo divulga informações falsas sobre queimadas no Brasil
Divulgação foi feita pela Secom do governo no último sábado (26). – Foto: Reprodução/ Agência Brasil
Ana Julia Borba
O Governo de Jair Bolsonaro publicou no último sábado (26),
no perfil da Secretaria Estadual de Comunicação Social da Presidência da
República (Secom), uma comparação e uma afirmação falsa, alegando que as áreas
de queimadas no Brasil são as menores em 18 anos.
“Mesmo com os focos de incêndios que cometem o pantanal e
outros biomas brasileiros. A área queimada em todo o território nacional é a
menor dos últimos 18 anos. Dados do instituto nacional de pesquisas nacionais,
o Inpe, revelam que em 2017 foi o ano que o Brasil mais sofreu com queimadas”.
Ainda na divulgação, a Secom publicou uma comparação de
dados de oito meses desse ano e doze meses fechados de anos anteriores. A
mensagem também foi compartilhada pelo Ministério do Meio Ambiente, e dois
ministros postaram a imagem do gráfico: Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Fabio
Faria, a quem a secretaria de comunicação é subordinada.
“Nada mais didático para que tenhamos um retrato claro dos
últimos anos. Os números do Inpe estão aí para que todos possam ver a verdade”,
afirmou o ministro Fabio Faria em seu perfil.
A mensagem publicada pela Secom desconsidera uma observação
que a própria imagem postada traz: os números de 2020 se referem aos oito
primeiros meses do ano – janeiro a agosto, enquanto os dados dos outros anos
consideram os doze meses.
O Inpe afirma que a mensagem da Secretaria de Comunicação do governo não
condiz com a forma correta de comparar os dados de cada ano. O coordenador do programa
de queimadas do Inpe, Alberto Setzer, se manifestou.
“Essa é uma falha muito óbvia, muito clara, na interpretação
dos nossos dados. Não é correto
você comparar o período de 8 meses, que é o que consta no nosso site na
internet com os dados de outros anos relativos a 12 meses, levando em
consideração que setembro, e mesmo outubro, são meses de muita incidência de
fogo na região. Ou seja, a maior parte das queimadas ocorre nessa fase, como
nós estamos acompanhando, e eliminar esses dados dos cálculos, não sei, é muito
estranho, para não usar uma palavra mais ofensiva. ”