Importações aceleram queda e vendas externas crescem menos em setembro
Após recordes para a balança comercial, Goiás perdeu fôlego nas exportações em setembro – Foto: Reprodução
Lauro Veiga Filho
Num
ano de recordes para a balança comercial em Goiás, graças especialmente ao
apetite da China por grãos e carnes, o mês de setembro foi marcado por uma
perda relativa de fôlego das exportações e por uma ampliação na tendência de
queda das importações. As vendas externas realizadas a partir de Goiás, que
haviam saltado 22,85% em agosto, sempre na comparação com o mesmo mês de 2019,
passaram a crescer 3,64% em setembro, saindo de US$ 607,924 milhões para US$
630,075 milhões. As compras, que já vinham em baixa, recuando 2,51% em agosto,
fecharam setembro com retração de 12,78%, caindo de US$ 289,324 milhões para
US$ 252,338 milhões.
O
superávit comercial (exportações menos importações) ainda continuou avançando
com certo vigor, embora menos intenso do que no mês imediatamente anterior. Em
agosto, o saldo havia atingido US$ 474,940 milhões, resultado pouco mais de
45,1% acima do número registrado no mesmo mês do ano passado (US$ 327,312
milhões). No mês seguinte, o ritmo de avanço foi menos robusto, mas ainda
demonstrava vigor, com alta de 18,56% frente a setembro de 2019, alcançando US$
377,737 milhões diante de US$ 318,60 milhões um ano antes.
No
acumulado dos primeiros nove meses deste ano, as exportações somaram US$ 6,403
bilhões, maior nível na série histórica para o período, crescendo 22,7% em
relação aos US$ 5,218 bilhões exportados em igual intervalo do ano passado, sob
impulso da soja em grão destacadamente. As importações, refletindo os impactos
da crise sanitária sobre a atividade econômica, sofreram baixa de 9,0% na mesma
comparação, passando de US$ 2,637 bilhões para US$ 2,399 bilhões, pior
resultado no período desde 2016. Acumulado em US$ 4,003 bilhões entre janeiro e
setembro deste ano, o superávit comercial alcançou novo recorde, saltando
55,09% frente aos nove meses iniciais de 2019, quando havia somado US$ 2,581
bilhões.
Soja e veículos
Nas
duas pontas, foram fundamentais as contribuições da soja em grão, que ajudou a
catapultar o dado recorde nas vendas externas, e a forte retração nas
importações de veículos, tratores, peças e acessórios. Neste caso, atingidas
fortemente pela crise, que fez a produção do setor encolher 42,4% na comparação
entre o acumulado de janeiro a julho deste ano e o mesmo período de 2019, as
importações da indústria montadora de veículos e tratores no Estado desabaram
praticamente 35,0%, de US$ 332,434 milhões para pouco menos de US$ 216,116
milhões. O salto nas vendas externas de soja em grão, que passou a responder
por 38,5% de tudo o que o Estado exportou neste ano, diante de 27,19% em 2019,
contribuiu com 88,5% para o crescimento do total das exportações goianas. As
exportações do grão cresceram 73,9% e somaram US$ 2,467 bilhões entre janeiro e
setembro deste ano, o que se compara com US$ 1,419 bilhão em idêntico intervalo
do ano passado.
Balanço
·
As
exportações de soja foram impulsionadas, por sua vez, pelo crescimento dos
volumes embarcados, especialmente em direção à China, que sozinha absorveu 85,5% de todo o
grão vendido por Goiás neste ano, considerando sempre o período
entre janeiro e setembro. Em volume, as vendas aumentaram 78,3%, para 7,218 milhões
de toneladas (das quais, 6,169 milhões tiveram o mercado chinês como destino).
Os preços médios da soja exportada, por sua vez, anotaram recuo de 2,49%,
saindo de US$ 350,52 para US$ 341,80 por tonelada.
·
O
grão desembarcado na China assegurou uma receita cambial na faixa de US$ 2,110
bilhões, num aumento de 77,8%. O mercado chinês igualmente absorveu a maior
porção da carne bovina congelada exportada por Goiás, num total de US$ 481,606
milhões, ou qualquer coisa ao redor de 65,7% da exportação total realizada pelo
setor, próxima a US$ 732,908 milhões.
·
No
total, as vendas externas de carne bovina congelada avançaram em torno de
20,0%, mas as exportações para a China saltaram 87,7%. Aliás, sem o mercado
chinês, o Estado teria exportado menos carne neste ano.
·
Portanto,
sob dominância da soja, as exportações goianas para o mercado chinês cresceram
impressionantes 61,15% entre janeiro e setembro de 2020 e o mesmo período do
ano passado, chegando a US$ 3,068 bilhões. Sozinha, a China respondeu por 47,9%
das vendas externas totais do Estado, diante de uma fatia de 36,48% em igual
período de 2019, quando haviam somado US$ 1,904 bilhão.
·
Como
as importações de produtos chineses por Goiás são relativamente baixadas,
mantendo-se ao redor de US$ 335,53 milhões nos primeiros nove meses deste ano
(num recuo de 0,47% diante do mesmo período em 2019), o saldo comercial atingiu
números elevados e crescentes. No ano passado, até setembro, havia somado algo
ligeiramente inferior a US$ 1,570 bilhão, mas aumentou 74,06% neste ano, para
US$ 2,732 bilhões.
·
A
participação da China na formação do superávit comercial de Goiás, que já era
elevado em 2019, aproximando-se de 60,8%, elevou-se para 68,25% neste ano,
sempre até setembro. Mais do que isto, o mercado chinês apresentou ainda uma
contribuição expressiva para o incremento do superávit goiano com o restante do
mundo, qualquer coisa em torno de 81,7%.
·A participação chinesa foi também
elevada nos embarques de ferro-ligas. No total, o Estado exportou US$ 589,274
milhões neste ano, numa elevação de praticamente 22,0%. Em torno de 45,2%
daquele total tiveram a China como destino, correspondendo a US$ 266,401
milhões, em alta de 41,9% em relação a 2019. Os chineses responderam por pouco
mais de metade dos embarques de ferro-ligas, algo próximo a 64,885 mil
toneladas (76,3% mais do que o volume comprado no ano passado).