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sábado, 23 de novembro de 2024
incerteza

Desemprego acumula alta de 7,4% ao longo de setembro

A abertura de novas vagas, seja no setor formal, seja em ocupações informais não tem sido suficiente / Foto: Reprodução

Postado em 17 de outubro de 2020 por Sheyla Sousa
Com desemprego alto
Mercado de trabalho continuava derrapando nos meses finais de 2020

Lauro Veiga 

Embora
o emprego tenha apresentado alguma oscilação para baixo e para cima até o dia
26 de setembro, conforme medição mais recente realizada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o cenário para o mercado
continuava francamente negativo, decorridos praticamente sete meses de
pandemia. A versão semanal da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD
Covid-19), divulgada ontem, mostra que o total de pessoas ocupadas chegou a
avançar de 82,341 milhões na semana entre os dias 29 de agosto e 5 de setembro
para pouco menos de 83,690 milhões entre os dias 13 e 19 do mês passado (com
quase 1,350 milhão de empregos a mais, numa variação de 1,64%). Mas recuou
novamente para 83,043 milhões na semana seguinte, com fechamento de 646,546 mil
vagas, num recuo de 0,8% (o que, para o IBGE, caracterizaria estabilidade), ao
mesmo tempo em que o total de desempregados acumulava um incremento de 7,43%
desde o início do mês passado.

Entre
o começo de setembro e a semana terminada no dia 26, portanto, a economia
conseguiu criar 702,155 mil ocupações, correspondendo a uma variação de 0,85%.
Desde a primeira edição da PNAD Covid-19, realizada na semana de 3 a 9 de maio,
quando o total de pessoas ocupadas chegava a 83,945 milhões, perto de 901,457
mil pessoas perderam sua colocação no mercado, o que representou uma redução de
1,07%.

A
PNAD Covid-19, como o IBGE destaca, leva em conta uma amostra de famílias menos
ampla do que a versão “completa” da PNAD e tem sido tratada pelo instituto
ainda como “experimental”. De qualquer forma, os dados fornecem algum tipo de
indicador mais atualizado sobre como o mercado de trabalho tem se comportado
desde maio, quando foi iniciado o levantamento.

Além
de oscilante e bastante modesta, o fato é que a abertura de novas vagas, seja
no setor formal, seja em ocupações informais (trabalhadores por conta própria,
sem carteira ou que prestavam serviços para familiares sem remuneração), não
tem sido suficiente para abrigar as pessoas que haviam desistido de procurar
emprego nas semanas iniciais da pandemia e agora começam a retomar a busca, diante
da reabertura da vários setores da economia e relaxamento das medidas de isolamento
social.

Disparada

Um
dos reflexos daquela tendência está nos números do desemprego. Na semana de 20
a 26 de setembro, a PNAD Covid-19 registrou um total de 14,013 milhões de
pessoas sem ocupação, com a taxa de desemprego subindo para 14,4% diante de apenas
10,5% na primeira semana de maio. Se confirmados pela pesquisa mais habitual do
IBGE, a desocupação caminha para novo recorde negativo, o que preocupa diante
do que os números antecipam em relação às possibilidades de uma retomada
efetiva da atividade econômica. Sem um mercado de trabalho de fato em
recuperação e de uma elevação na renda das famílias, o consumo tende a
manter-se em queda, especialmente depois da redução a menos da metade do
auxílio emergencial que vinha permitindo aos mais vulneráveis compensar as
perdas de renda sofridas durante a pandemia.

Balanço

·  
Numa tendência mais firme e muito mais negativa, o
número de desempregados vinha crescendo semana a semana no mês passado, saindo
de 13,044 milhões (29 de agosto a 5 desemprego) para 13,287 milhões (13 a 19 de
setembro) e daí para aqueles 14,013 milhões de pessoas (20 a 26 de setembro).
Desde o começo do mês, portanto, mais 968,708 mil pessoas entraram para a fila
do desemprego, significando uma variação de 7,43%, conforme já anotado.

·  
Na semana inicial de maio, em torno de 9,817 milhões
de pessoas estavam desocupadas. Dali até os últimos dias de setembro, como se
pode perceber, a pesquisa registrou um aumento de nada menos do que 4,196
milhões no total de desocupados, num salto de 42,75%. Apenas para reforçar,
foram encerradas 901,457 mil ocupações no mesmo intervalo, enquanto 3,295
milhões de pessoas tentaram voltar ao mercado (e acabaram engrossando o
desemprego).

·  
Isso se explica porque o número de pessoas com 14
anos ou mais de idade na força de trabalho (quer dizer, ocupadas ou
desocupadas) avançou de 93,761 milhões no início de maio para 97,057 milhões no
final de setembro, aproximadamente, num avanço de 3,51%.

·  
O total de pessoas fora da força de trabalho, que
não haviam buscado emprego na semana da pesquisa, qualquer que tenha sido o
motivo, sofreu redução de quase 3,7% naquele mesmo período, saindo de 76,176
milhões para 73,390 milhões (quer dizer, 2,786 milhões a menos). Ao redor de
34,8% desse contingente, em torno de 25,566 milhões no final de setembro, ainda
gostariam de voltar a trabalhar, caso tivessem oportunidade. O percentual havia
sido de 35,5% no início de maio, representando 27,052 milhões de pessoas.

·  
O número baixou 5,49% entre maio e setembro,
significando que 1,486 milhão de pessoas decidiram arriscar a sorte no mercado
novamente, sem muito sucesso.

·  
Quando se somam as pessoas desocupadas e aquelas que
continuam fora do mercado, mas gostariam de trabalhar, o número sobe para
39,579 milhões, o que parece ser mais próximo do desemprego “efetivo” na
economia, o que traria a taxa de desempregados para 32,3% ao final de setembro.
Para comparar, no começo de maio, o número atingia 36,869 milhões, numa taxa de
30,5%. Em quatro meses, o contingente aumentou 7,35% (praticamente mais 2,710
milhões a mais).

·  
Em outra característica dos efeitos da crise
sanitária, o emprego informal (e, por definição, mais vulnerável) foi o mais
atingido, com o total de pessoas na informalidade caindo de 29,961 milhões em
maio para 28,381 milhões no final de setembro, com corte de 1,579 milhão de
ocupações (menos 5,27%). Numa estima que considera as estatísticas da PNAD
Covid-19, as ocupações formais chegaram a crescer 1,26% naquele mesmo período,
passando de 53,984 milhões para 54,662 milhões, depois de atingirem 56,280
milhões na semana entre 17 e 23 de maio (neste caso, chega-se ao corte de 1,619
milhão de vagas formais, numa queda de 2,88%).

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