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terça-feira, 26 de novembro de 2024
No Brasil

Pesquisa investiga transmissão de Covid-19 entre pessoas e animais

Estudo brasileiro é o primeiro do tipo em um país tropical e está sendo realizado pela UF-PR | Foto: Reprodução.

Postado em 25 de outubro de 2020 por Nielton Soares
Pesquisa investiga transmissão de Covid-19 entre pessoas e animais
Estudo brasileiro é o primeiro do tipo em um país tropical e está sendo realizado pela UF-PR | Foto: Reprodução.

A Universidade Federal do Paraná
(UF-PR) quer saber qual o risco de transmissão da Covid-19 entre humanos e
animais de estimação. Para obter a resposta, a instituição coordena uma
pesquisa nacional que vai avaliar cerca de mil animais, cujos donos tiveram
diagnóstico positivo para o novo Coronavírus, confirmado por exame
laboratorial. 

Sob coordenação do professor
Alexander Welker Biondo, os pesquisadores farão testes gratuitos, por swab
(coleta de amostra viral de orofaringe e nasofaringe) e sorológico, em cães e
gatos em cinco capitais brasileiras: Curitiba (PR), Belo Horizonte (MG), Campo
Grande (MS), Recife (PE) e São Paulo (SP).

Serão dois momentos de avaliação,
com amostras biológicas coletadas com intervalo médio de sete dias, entre
animais cujo tutor esteja em isolamento domiciliar, com diagnóstico confirmado.

Voluntários

Para ter mais informações sobre
participação na pesquisa, o interessado pode enviar um e-mail para
covid19@ufpr.br. Além de cumprir todos os requisitos, deve informar seu número
de celular, e-mail, nome do tutor e do animal e especificar se é cão ou gato. A
equipe do projeto entrará em contato o mais rapidamente possível. Os
selecionados serão orientados sobre procedimento para a coleta de amostras.

Eles também serão informados
sobre os aspectos envolvidos no estudo e, caso concordem com o protocolo da
pesquisa, devem assinar o termo de consentimento livre e esclarecido e
responder a um questionário para determinar as características ambientais e
outros fatores associados à infecção nos animais.

Resultados

Os resultados dos testes serão
informados aos tutores ou familiares através de contato telefônico e pela
emissão de laudo eletrônico, que será enviado por e-mail ou aplicativo de
comunicação. Em caso positivo, os demais animais da residência também serão testados
. Além disso, os familiares serão orientados a estabelecer o acompanhamento
veterinário por 14 dias, intensificando medidas de higiene e proteção
individual e coletiva.

Itália

O estudo brasileiro será o
primeiro do gênero em um país tropical, já que algo semelhante só foi
desenvolvido na Itália, segundo a UFPR. Segundo o professor Biondo, aquele país
trabalhou com uma amostra de 817 animais. Nenhum foi positivo no PCR, mas 3.4%
dos cães e 3.9% dos gatos apresentaram anticorpos contra o SARS-CoV-2. “Até o
final de 2020, esperamos ter [no Brasil] em torno de mil amostras nas cinco
capitais estaduais”, afirmou o pesquisador.

A definição do número amostral
levará em conta o total de indivíduos positivos no trimestre anterior à coleta,
considerando aproximadamente 10% do total de casos em humanos.

Minas

A pesquisa, financiada pelo
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e
Ministério da Saúde tem, em Belo Horizonte, a colaboração da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG), por meio do Laboratório de Epidemiologia de
Doenças Infecciosas e Parasitárias do Departamento de Parasitologia.

Na avaliação do professor David
Soeiro, coordenador do estudo em MG, considerando os recentes relatos sobre a
detecção do novo Coronavírus em animais de estimação e a grande proximidade
entre eles e seus tutores, é importante elucidar aspectos da história natural
da doença, como o possível ciclo zooantroponótico em estudo multicêntrico para
a vigilância de Sars-CoV-2 em pets. As amostras obtidas no projeto serão
preservadas de modo a também estabelecer um banco para estudos posteriores.

Primeiro caso

Neste mês foi diagnosticado, em
uma gata, de Cuiabá (MT), o primeiro caso de covid-19 em animal no país .
Diante do caso, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Mato
Grosso (CRMV-MT) emitiu nota na qual destaca que não há evidências científicas
de que animais de companhia são fonte de infecção para humanos.

No documento, o CRMV-MT, lembrou
que a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) e a Organização Mundial da
Saúde (OMS) emitiram pareceres afirmando que não há evidências e estudos
significativos comprovando que animais possam transmitir a covid-19.

Assim, segundo o Conselho, como
não há evidência científica de que animais sejam vetores mecânicos ou possam
carregar o vírus, ou que o vírus possa se replicar nos animais. “O que
observa-se, desde o surgimento da pandemia, é que os poucos animais com a
infecção podem ter sido infectados por humanos, por meio do contato direto, e
não o inverso”, acrescenta a nota. (ABr)

 

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