Eduardo Marques

Com a inauguração da primeira unidade pública para atendimento de animais em Goiânia, a prestação de serviços frustra proprietários. Ela começou a funcionar na última sexta-feira (13) após passar quase dois anos de a Câmara Municipal ter aprovado o projeto de sua criação. O local fica no antigo Centro de Zoonoses no Setor Balneário Meia Ponte e tem capacidade para atender cerca de 30 animais por dia.

Segundo a prefeitura, no local são realizadas vacinação e triagem para adoção e quando for constatada alguma doença infecciosa com risco para o ser humano é feito o encaminhamento do animal para o Centro de Controle de Zoonoses, da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

A estudante Geovana José Alves, de 22 anos, salienta que ficou magoada com o atendimento na unidade de saúde. Ela procurou o local para buscar tratamento para a cadela que está com tumor na barriga e perna, no entanto não se sentiu satisfeita. “Me senti um pouco frustrada. Esperava que eles fizessem pelo menos os exames. A cirurgia eu já tinha a consciência que não iria acontecer aqui, mas imaginava pelo menos um atendimento digno para minha cadela”, lamenta.

A estudante reclama que houve uma espécie de maximização de publicidade da unidade, porém não atende as expectativas dos usuários. “A prefeitura está noticiando que é um hospital, o que na verdade eles não estão fazendo todos os atendimentos. Eu entendo eles terem aberto e a importância disso, contudo o atendimento não está atendendo aos meus anseios”. 

Sem saber o que fazer, ela deixou o centro de atendimento a animais com tristeza e disse que retornaria ao local para procurar a veterinária com quem ela adotou o animal para tomar as devidas providências de saúde. “A partir de agora vou esperar outra veterinária que trabalha aqui, porque foi dela de quem adotei a cadela, para ver se ela sabe de uma clínica mais em conta e a que ponto posso esperar. Por se tratar de um tumor, tenho medo de perder minha cachorrinha”. 

Indignada, Geovana critica a atual gestão. “O prefeito deveria ter vergonha de abrir uma coisa e falar que está com orgulho, que leva o nome da mãe dele e não oferece nem estrutura aos médicos veterinários. Não tem o que eles fazerem. Eles não podem tirar do bolso deles para isso. Os profissionais precisam que o local tenha auxílio dos responsáveis”. 

Controle

Procurado pela reportagem, o titularda Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), Gilberto Marques Neto, afirmou que a Prefeitura de Goiânia colocou em prática a primeira parte da lei de autoria do vereador Zander Fábio, onde estava prevista a implantação do centro ambulatorial. “Nesta etapa já prevê a triagem, a consulta, o procedimento como suturas, ultrassonografias, raios-X, encaminhamentos para cirurgias eletivas, que fizemos parcerias com a Universidade Federal de Goiás (UFG). Ali, serão para procedimentos mais complexos”. 

Gilberto afirma que todos os casos recebidos no local são fechados os diagnósticos e realizados os encaminhamentos necessários em casos mais complexos para a UFG, sendo todos custeados pela prefeitura. “Todos os casos que vierem nós vamos fechar o diagnóstico, dar o encaminhamento que for necessário e viabilizar os procedimentos necessários mais complexos que são encaminhados para UFG, mas custeados pela Prefeitura de Goiânia”, garante. 

O responsável pela Amma se defende dos ataques e diz que o que pode estar acontecendo são pessoas estarem tentando extorquir a população utilizando de animais em estado de sofrimento. “O que está acontecendo é algumas pessoas que talvez não conseguem mais ficar aí divulgando foto de cachorro em sofrimento para arrecadar dinheiro. Tinha muita gente aí em mídia social ganhando dinheiro, extorquindo pessoas, causando comoção em pessoas que sensibilizam com a causa animal. Tem gente que não está satisfeito em ver isso”. 

Neto conta que a prefeitura já viabilizou uma licitação para ampliar a unidade de atendimento aos animais. “Já está tudo programado, todo trabalho envolvendo o bem-estar animal. Todos os proprietários de animais que procurarem o local terão o seu atendimento necessário, como se estivesse em um hospital mais completo do mundo. Vai receber o atendimento e se for necessária a cirurgia ela já será concluída”. Gilberto afirma que o órgão realiza um controle da população de animais, através de castração e a fiscalização de maus-tratos e abandono.

A dona de casa Maxlea Morais reclama da burocracia para ser atendida na unidade. Ela foi informada no local que quem deseja receber assistência deve ser inscrito no Cadastro Único (CadÚnico), o que atrapalha em caso de emergência. “Desde essa noite [domingo] meu cachorrinho passa mal. Então tinha que ser atendido. Não é urgente? Eu fiquei triste por isso. O que a gente vai fazer? Acho que não precisa disso. O atendimento deveria ser universal. Precisa ser inscrito no CadÚnico para ser atendido? Não precisa disso. Se o cachorro estiver morrendo, não vai atender?”, reclama a mulher que teve de ir depois no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) da Vila Finsocial para realizar o cadastro. 

Sobre a reclamação da Maxlea, Gilberto Marques Neto afirmou que a Prefeitura de Goiânia realizou a divulgação necessária para que esse incômodo não chegasse ocorrer, além de haver funcionários para informar. (Especial para O Hoje)

Unidade tem capacidade para atender 30 animais/dia  

O prefeito Iris Rezende (MDB) inaugurou nessa sexta-feira (13) a primeira unidade pública para atendimento gratuito de animais. O Centro de Saúde e Bem-Estar Animal, localizado no antigo Centro de Zoonoses do Setor Balneário Meia Ponte, já está funcionando e tem capacidade para atender cerca de 30 animais por dia.

Ao chegar ao local, Iris Rezende foi aplaudido pela comunidade. Iris Rezende destacou a importância da nova unidade, a primeira deste tipo na região Centro-Oeste. “Faltava em Goiânia uma estrutura veterinária dessa, uma vez que a população tem amor pelos animais e as pessoas que não tinham condições de pagar um veterinário não conseguiam tratar seus animais de estimação. São animais que fazem parte da família e essa estrutura vai dar sustentação a esse amor que nós temos pelos animais”, afirmou.

A unidade é administrada pela Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) e foi idealizada por meio de projeto do vereador Zander Fábio. Segundo a responsável pelo local, Flaviana Esteves, o Centro de Saúde Animal, trabalhará com todos animais, de pequeno, médio e grande portes. 

“O funcionamento será de forma gradativa, em duas etapas. Na primeira etapa serão atendimentos ambulatoriais de baixa complexidade, pois não temos ainda um centro cirúrgico no local. Os casos mais complexos serão encaminhados para a UFG. Na segunda etapa, com a implantação do Centro Cirúrgico, poderemos atender casos mais graves no próprio hospital”, explicou.

No local também serão realizadas vacinação e triagem para adoção e quando for constatada alguma doença infecciosa com risco para o ser humano será feito o encaminhamento do animal para o Centro de Controle de Zoonoses, da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).