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quarta-feira, 27 de novembro de 2024
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Cidades

Jataí alcança 1° lugar na produção de cana-de-açúcar

A produção deve ter aumento de 50% em Goiás, que tem uma região favorável pela latitude e fotoperíodo adequado | Foto: Reprodução

Postado em 23 de novembro de 2020 por Sheyla Sousa
Jataí alcança 1° lugar na produção de cana-de-açúcar
A produção deve ter aumento de 50% em Goiás

Daniell Alves

O município de Jataí, Região Sudoeste do Estado, alcançou o primeiro lugar em ranking com os municípios brasileiros campeões em produtividade de cana-de-açúcar. A pesquisa foi elaborada pelo site novaCana, especializado em cobertura do setor agropecuário. Foram consideradas as cidades com produção acima de 300 mil toneladas em 2019, com rendimento superior a 85 toneladas por hectare. O levantamento contemplou 116 cidades, contra 136 em 2018.

Além de Jataí, 13 cidades de Goiás aparecem no ranking, que toma como base os números divulgados pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o site novaCana, em 2019, o município do Sudoeste goiano alcançou produção de 3 milhões de toneladas em 25 mil hectares plantados.

O secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Carlos de Souza Lima Neto, comentou a divulgação e destacou a liderança de Jataí e das regiões Sul e Sudoeste goianas na produção da cana-de-açúcar no Estado. “O ranking divulgado pelo site especializado novaCana evidencia o esforço que tem sido empreendido pelos produtores de Jataí e da região, no implemento cada vez maior de tecnologia e qualificação, na produção de cana-de-açúcar, sobretudo pela produtividade obtida”, avalia.

Segundo ele, o Estado dará atenção a estes produtores e usinas com intuito de facilitar condições de produção e aumento de políticas públicas direcionados ao setor, a exemplo de recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO). Ao longo dos últimos anos, o Estado vem aumentando sua importância no cenário nacional na produção de cana-de-açúcar, com aumento da área plantada, produção e produtividade média. Entre os fatores que favorecem esse incremento está o clima tropical mais adequado para a produção da cana-de-açúcar.

Latitude e fotoperíodo

Conforme explica a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a região de Goiás é favorecida pela sua latitude e o fotoperíodo adequado à cultura, ou seja, a planta recebe as horas de iluminação necessárias para ter bom desenvolvimento vegetativo. O relevo e topografia auxiliam na mecanização das lavouras e, com isso, há redução nos custos de produção e no impacto ambiental. Os principais municípios com áreas de produção de cana-de-açúcar, desde o início do período chuvoso, não passaram por fases de estresse hídrico, e as áreas de renovação receberam chuvas suficientes para seu desenvolvimento.

Alternativa para os biocombustíveis

A cana-de-açúcar é considerada uma das grandes alternativas para o setor de biocombustíveis devido ao grande potencial na produção de etanol e seus respectivos subprodutos. A agroindústria sucroalcooleira nacional, diferentemente do que ocorre nos demais países, opera numa conjuntura positiva e sustentável. O segmento industrial brasileiro produz o etanol ecologicamente correto, que não afeta a camada de ozônio e é obtido a partir de fonte renovável. Além da produção de etanol e açúcar, as unidades de produção têm buscado aumentar sua eficiência na geração de energia elétrica, auxiliando no aumento da oferta e redução dos custos, contribuindo para ampliar a sustentabilidade do setor.

Estimativa é que produção aumente mais de 50% 

A estimativa da safra nacional 2020/2021 de cana-de-açúcar, divulgada pela Conab, prevê uma produção, com leve recuo de 0,1% em comparação à safra anterior. Para Goiás, no entanto, a expectativa é de crescimento da produção, da área de cultivo, com pequeno ganho de produtividade. Estima-se no Estado produção de mais de 77,3 milhões de toneladas em Goiás, crescimento de 2,7% em relação à safra anterior (2019/2020). Com esse volume, o Estado deve responder por 12% da produção nacional e manter a segunda posição no ranking brasileiro, atrás apenas de São Paulo. Um dos motivos para esse resultado é a crescente demanda por açúcar no mercado internacional.

De acordo com a Conab, a previsão é que Goiás registre aumento de 53,6% na produção desse subproduto em relação à safra anterior, alcançando 2,7 milhões de toneladas de açúcar na safra 2020/2021.  A área destinada à produção de cana no Estado, nesta safra, também deve crescer. Está estimada em 965,9 mil hectares, sendo 2,4% maior que a observada na safra passada. Em relação ao destino dessa cana, 26,2% são para a produção de açúcar (na safra anterior o número era de 17,3%) e 73,8% para a produção de etanol (safra passada foi de 82,7%).

7% da produção

Desse modo, a expectativa é que Goiás seja responsável por 6,96% da produção nacional de açúcar, ocupando a terceira posição no ranking brasileiro, enquanto de etanol a previsão é de 17% da produção nacional, sendo segundo lugar no ranking, com mais de 4,7 bilhões de litros na atual safra. Antônio Carlos de Souza Lima Neto explica que a evolução de todos esses números no setor sucroenergético na atual safra, em comparação com a anterior, é reflexo de fatores como incentivos ao setor no Estado, boas condições climáticas em Goiás – até o momento -, e investimentos realizados nas unidades de produção. “São questões que contribuem para que o nosso Estado consiga ampliar área plantada, produção e produtividade nesta safra que está em desenvolvimento”.

Ele também ressalta a mudança no perfil do destino da produção de cana, causada por fatores externos e internos, que vão desde a oferta mundial limitada de açúcar em importantes produtores asiáticos, as taxas de câmbio até a redução do consumo nacional de etanol por causa da pandemia da Covid-19. “Fatores climáticos interferiram em países da Ásia, que são grandes produtores de açúcar, e isso refletiu por aqui, já que houve maior procura pelo açúcar brasileiro e goiano. Com isso, aumentou a demanda pelo produto nacional. A tendência é que as unidades locais vão aproveitar mais a cana para a fabricação de açúcar. Por isso o salto previsto de 17,3% na safra passada para 26,2% na atual”, enfatiza.

A maior parte da cana produzida em Goiás é para produção de etanol, que nesta safra reduzirá sua participação, em resposta à dinâmica de mercado – recuo no consumo de etanol e expansão da demanda externa por açúcar. A indústria de processamento, que na safra 2019/20 utilizou 82,69% da produção goiana de cana para fabricação de etanol, para safra 2020/21, estima destinar 73,81%.

A estimativa da safra 2020/2021 indica produção de 642,1 milhões de toneladas de cana no Brasil. Com esse volume de cana deve ser produzido o recorde de 39,3 milhões de toneladas de açúcar, situando o Brasil no patamar de maior produtor do mundo por dois anos seguidos, com um crescimento de 32% em relação ao que foi alcançado na última safra. A produção já tem mercado garantido, de acordo a equipe da Conab. A exportação brasileira de açúcar aumentou expressivos 69,9% nos quatro primeiros meses dessa safra (abril-julho) em relação ao mesmo período de 2019, e a expectativa é de que continue em alta.

Já a produção de etanol oriundo de cana-de-açúcar, nesta safra, deverá ser de 27,8 bilhões de litros no Brasil. Esse valor representa uma redução de 18,3% em relação à safra passada. Vale lembrar que, na última safra, a maior disponibilidade na produção de cana e o quadro conjuntural negativo experimentado pelo açúcar, possibilitaram que majoritariamente a produção fosse convertida em etanol, tornando a produção daquela safra a maior da história do setor sucroenergético nacional. (Especial para O Hoje)

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