Manifestantes voltam a protestar em Carrefour de Goiânia contra assassinato de homem negro
O supermercado teve a entrada fechada e a própria Avenida T-9 chegou a ser interditada por alguns instantes| Foto: Reprodução
Eduardo Marques
Cerca de 200 pessoas se reuniram na tarde desta segunda-feira (23), em frente ao supermercado Carrefour, na Avenida T-9, em Goiânia, em um protesto pacífico contra o racismo e o assassinato de João Alberto Freitas, morto por seguranças da unidade do Carrefour de Porto Alegre (RS), no último dia 19 de novembro.
O supermercado teve a entrada fechada e a própria Avenida T-9 chegou a ser interditada por alguns instantes. Alguns carros que passavam no momento do ato buzinaram, e houve até quem desceu do veículo com o punho levantado para manifestar apoio.
Ao O Hoje, Flávio Batista, um dos organizadores da manifestação, disse que o protesto foi um “ato de resistência”. “Foi uma resposta ao pedido de socorro, um grito de indignação, e ao mesmo tempo, uma mensagem para todos que passam pela engrenagem racista brasileira: vocês não estão sozinhos.”
Ele considera que a morte de Freitas não foi um caso isolado, mas trata-se de crime de racismo. “Todos os diagnósticos sobre a violência no Brasil são unânimes em dizer: os corpos mais atingidos pela violência são negros. A grande diferença é que dessa vez a violência racista foi filmada”, garante.
De acordo com Batista, a Polícia Militar (PM) foi chamada pelos responsáveis do Carrefour, mas que não houve confronto com os manifestantes. “O protesto deixou sua mensagem e ocupou as ruas com sua indignação. A PM acompanhou a manifestação sem interferir e esteve ali para garantir o que a rede Carrefour solicitou: impedir a nossa entrada no estacionamento do supermercado”.
O ato foi organizado pelos seguintes coletivos e movimentos: Coletivo Rosa Parks; Grupo Pindoba; Pretas de Angola; Centro de Referência Negra; Coletivo Novembro Negro; Mães de Maio no Cerrado; Mães Pela Diversidade; Centro Popular da Mulher; Escola Ubuntu; Astral, Associação Coró de Pau; Rede Goiânia de mulheres negras; Associação Quilombo Kalunga e Movimento Negro Unificado de Goiás.
Morte de João Alberto gerou revolta
Imagens obtidas pela Folha de S.Paulo revelam que João Alberto, de 40 anos, foi asfixiado por quase quatro minutos após ser espancado por pelo menos dois minutos por seguranças do Carrefour em Porto Alegre na última quinta (19). O vídeo mostra, ainda, que Freitas agrediu um dos vigilantes.
Depois da morte de João Alberto, uma série de protestos começou em várias capitais do Brasil. Em São Paulo, a 17ª Marcha da Consciência Negra, realizada no dia 20, sexta-feira, terminou em quebra-quebra numa unidade do Carrefour da Rua Pamplona, no bairro Jardins, Zona Sul da capital.