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sábado, 23 de novembro de 2024
Infraestrutura

Alagamentos podem se agravar com falta de bueiros em Aparecida de Goiânia

Moradores reclamam de alagamento causado por falta de estruturas. Impermeabilização do solo piora cenário – Foto: Wesley Costa

Postado em 13 de janeiro de 2021 por Sheyla Sousa
Alagamentos podem se agravar com falta de bueiros em Aparecida de Goiânia
Moradores reclamam de alagamento causado por falta de estruturas. Impermeabilização do solo piora cenário - Foto: Wesley Costa

Eduardo Marques

A falta de bueiros causa transtornos para famílias que moram na Avenida Waldomiro Cruz, no Residencial Norte-Sul, em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da Capital. Os moradores da região reclamam que a água da chuva escorre e adentra nas residências.

A Secretaria de Infraestrutura do município informa que encaminhará uma equipe técnica ao local para analisar a viabilidade de construção de um bueiro celular na divisa dos dois bairros e, assim realizar o projeto e captar os recursos, por meio de parcerias com o governo federal, para a execução da obra. A reportagem não obteve acesso a previsão do cronograma de quantos bueiros serão construídos pela prefeitura neste ano.

Para a urbanista e presidente da Associação pela Recuperação e Conservação do Ambiente (Arca), Maria Ester de Souza, o problema da falta de bueiros piora com a impermeabilização do solo. “Se impermeabiliza o chão e não considera que toda água que cair ali vai ter que escoar, como se fosse uma calha, se não der uma segunda alternativa para aquela água, então aquela rua ficará cheia, principalmente quando ocorrem precipitações elevadas de chuvas”. Segundo ela, a falta de um sistema de drenagem subterrânea, causa mais alagamento nas ruas.

Quando as bocas de lobos estão entupidas, a arquiteta aponta que ocorre por dois motivos. O primeiro é pela falta de manutenção constante. “Tem quatro estações do ano, e cada vez que tem uma dinâmica de mudança de estação, uma manutenção nesses bueiros deve ser feita na cidade inteira”. O segundo aspecto que ela menciona é falta de educação ambiental. “Se somar a falta de educação ambiental, pelo menos em um tipo de medida aplicada nas políticas públicas, então vê uma população que entende que o bueiro é uma lata de lixo e, assim, complica a vida do gestor e de quem mora em locais mais baixos”.

Contudo, de acordo com ela, a culpa por essa obstrução das bocas de lobos é da gestão municipal. Maria Ester justifica que é dever do governo mostrar exemplo de conservação dos bueiros. “A culpa é do prefeito. Na medida em que uma pessoa decide morar na cidade, ela precisa ser bem recepcionada. Alguém precisa dizer a ela como a cidade funciona e como ela deve se comportar. Se ela não fizer isso, então deve sofrer uma sanção. E isso não ocorre. As pessoas quem deveriam dar exemplo, no entanto, não o fazem. É função da gestão pública educar”, adverte.

Segundo a arquiteta, para evitar alagamentos na cidade causados pela falta de bueiros e até quando estão entupidos, é preciso tomar uma série de ações. A primeira é se preparar para as chuvas. “Sabemos que vem chuva no verão e ela será torrencial. Então, se prepara, organizando os bueiros, e organizando a própria calçada”. A segunda possível solução para o problema é colocar nas políticas públicas a necessidade de a cidade não ser tão cimentada. “Vemos o inverso nas políticas públicas. A lei flexibiliza essa quantidade de cimento. Por mais que há necessidade de cimentar a cidade, precisa vir acompanhada da impermeabilização do solo”. A especialista sugere que a lei puna quem cimenta tudo, a começar pela própria prefeitura.

Defesa Civil

O superintendente de Proteção e Defesa Civil de Aparecida de Goiânia, Juliano Cardoso, aponta que em caso onde não há bueiros nas ruas e vierem chuvas fortes, a população deve acionar o órgão pelo número de emergência 199. Porém, se o alagamento não estiver ocorrendo, através do 3545-6036 ou 3545-6041 ou equipes móveis pelos números 98471-5300 ou 98471-7800. Ele garante que esses números estão 24 horas ligados.

Em situações de emergência, o órgão primeiramente verifica se há vítimas ao chegar ao local. Em seguida, percebem se há alguma estrutura de edificação corre o risco de desabamento ou se algum veículo corre o risco de cair em algum buraco. “Aciona as equipes de emergência e a Secretaria de Trânsito para sinalizar a via. Caso não tenha dano, espera a água abaixar. Quando ocorre algum dano, acionamos também a Secretaria de Infraestrutura para que possa recuperar o trecho”.

Cardoso afirma que o órgão auxilia toda a gestão pública e a sociedade civil organizada no sentido de minimizar os efeitos das intempéries, com foco de prevenir. “A Defesa Civil se ocupa em realizar um levantamento de estudos, planejamentos, para os períodos diversos do ano. Em Aparecida de Goiânia o órgão trabalha em conjunto com a Secretaria de Infraestrutura, Secretaria de Trânsito e Mobilidade, Secretaria de Bem-Estar Social, Secretaria de Habitação, Secretaria de Meio Ambiente e Habitação. De modo que trabalhamos em conjunto para planejar as adversidades e ao mesmo tempo buscar soluções”.

Ele salienta que a Defesa Civil, dentro do planejamento em conjunto, consegue atender a população. “No período de estiagem uma equipe está trabalhando com focos de queimadas, enquanto a outra planeja para o período chuvoso. Ela já está trabalhando na limpeza de bueiros, um mapeamento georeferencial de todos os pontos de alagamento da cidade. No período de seca, a Defesa Civil e a Secretaria de Infraestrutura planejam uma galeria pluvial. Em contrapartida, a pasta adota medidas para solucionar o problema”.

O gerente do Sistema de Meteorologia do Estado e Hidrologia de Goiás (Simehgo), André Amorim, prevê que em Aparecida de Goiânia pode ter chuva acumulada em de mais de 70 mm para esta semana. Segundo o especialista, a formação das áreas de instabilidade propicia que as pancadas de chuvas isoladas possam vir localmente fortes, acompanhadas de rajadas de vento e raios. 

Preservação de bocas de lobos contribui para o meio ambiente 

O lixo urbano não aparece sem intervenção, principalmente se for humana. Aquilo que é jogado nas ruas da cidade – sacolas plásticas, bitucas, latinhas de alumínio e até restos de alimentos – pode, em algum momento, escoar para os bueiros, provocando o entupimento das redes de águas pluviais.

Segundo publicação do blog BRK Ambiental, quando o problema acontece, a água limpa da chuva que iria escorrer pela rede pluvial até os rios e lagos fica retida pelo lixo, o que causa alagamentos nas vias e aumenta o risco de enchentes na cidade. Essas inundações, além de causarem danos materiais, favorecem a proliferação de doenças, como leptospirose, hepatite A, febre tifoide, e doenças de pele como micoses.

O lixo urbano também é capaz de gerar inúmeros problemas ambientais. De acordo com o texto, a água da chuva que consegue escapar dos entupimentos vai arrastar toda a sujeira que encontrar pelo caminho para dentro de rios e lagos, contribuindo para a poluição desses mananciais.

“A destinação que você dá ao seu lixo doméstico também é importante para o saneamento da cidade. Não adianta dispor de uma rede de esgotos bem distribuída se o caminho até a estação de tratamento estiver bloqueado por embalagens, cotonetes e outros dejetos despejados indevidamente em ralos e vasos sanitários”, aponta.

Nestes casos, o esgoto que não encontra passagem pelos canos bloqueados pode retornar e eclodir para os ralos das casas e as valas da cidade. Isso acontece porque as redes de esgoto das cidades brasileiras são projetadas para receber apenas a água que já foi utilizada na pia da cozinha e do banheiro, no chuveiro, no tanque ou no vaso sanitário. (Especial para O Hoje) 

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