Saiba como reaproveitar o lixo orgânico fazendo compostagem em casa
A técnica é muito utilizada em grande escala na agricultura, mas pode ser feita em residências e apartamento, produzindo adubo para plantas | Foto: Arquivo pessoal
Nielton Soares
Atualmente, há uma tendência mundial para reaproveitar tudo que ‘não serve mais’. Nesse contexto, as autoridades estão em um dilema, como acabar com os ‘lixões’. Algumas prefeituras, inclusive, promovem campanhas de separação de resíduos. Porém, nessa questão, o lixo orgânico se torna um vilão, pois contamina os demais produtos recicláveis e coloca tudo a perder.
Então, o que fazer? Em Goiânia, já há pessoas que fazem um bom uso dos restos de alimentos, sem esperar uma ação mais efetiva do poder público. O exemplo é da servidora pública federal, Anna Paula Podestá. Ela mora em um apartamento e contou que consegue fazer a compostagem, gerando o próprio adubo para as plantas dela e ainda doando para os vizinhos. E o melhor, quem tem composteira, garante: “não causa mal cheiro”.
Além de dar um novo destino para o lixo orgânico, a pessoa ainda contribui para a melhoria do meio ambiente. “Todos os dias, a gente acaba produzindo um pouco de resíduos orgânicos em casa. Por exemplo, no café da manhã, você descascou um mamão, a casca do mamão; pegou uma banana, tem a casca da banana; abriu um ovo, têm as cascas do ovo; fez o café, tem a borra do café. Tudo isso, vai na composteira”, ensina Anna, acrescentando que para lá vai ainda tudo que sobra do almoço e do jantar.
“A compostagem doméstica é uma ação extremamente importante, do ponto de vista ambiental, para a gestão da cidade também. É importante que as pessoas comecem a fazer a compostagem em casa, porque em média cada brasileiro produz em torno de 1 kg de lixo por dia. Metade desse lixo é orgânico, que pode facilmente ser transformado em adubo”, explica a consultora ambiental e doutora em Ecologia, Nathália Machado.
Ela calcula também que se metade da população parasse de mandar para o aterro sanitário resíduos orgânicos, haveria uma otimização do serviço público. “Nós teríamos uma diminuição de gastos, diminuição de combustíveis fósseis e de carbono. Também haveria uma diminuição do plástico, usado para acondicionar esse material”, alerta.
Como fazer?
A compostagem é uma técnica muito usada em grande escala na agricultura, mas também pode ser produzida domesticamente e aplicada em plantas, hortas e jardins.
O processo de compostagem em casa ou apartamento, como no caso da Anna, é simples e exige apenas três caixas plásticas escuras, sendo uma com tampa, folhas secas e galhos pequenos e cerca de 100 minhocas californianas.
As caixas devem ser empilhadas em três níveis. Nas duas caixas superiores é onde é feita a compostagem. Lá devem ter pequenos furos que serão responsáveis pela comunicação entre uma caixa e outra. Já a caixa inferior é utilizada apenas para coletar o resíduo líquido orgânico, que também é utilizado nas plantas.
O primeiro passo é forrar o fundo da caixa superior com folhas secas e pequenos galhos ou, mesmo, com serragem. A primeira camada vai funcionar como dreno para o processo.
Na sequência, deve-se colocar a terra com minhocas e logo acima os resíduos orgânicos. Porém, é importante que o lixo orgânico seja coberto com outra camada de folhas secas para contribuir com a oxigenação.
Por fim, é preciso ir colocando diariamente os restos de alimentos no depósito até preencher tudo. Quando se completa, basta passar essa caixa para baixo e subir uma vazia para recomeçar o processo, sem a necessidade de colocar novas minhocas.