Reabilitando o hábito de leitura com textos curtos
Com a queda do hábito de leitura dos brasileiros, dicas de obras mais sucinatas podem contribuir para o processo de reaver essa prática enriquecedora | Foto: Reprodução
Augusto Pereira
O Instituto Pró-Livro, com apoio do Itaú Cultura, divulgou, no ano passado, que pouco mais de 100 milhões de brasileiros afirmam ter o hábito de leitura. A pesquisa “Retratos da leitura no Brasil” apontou que, de 2015 a 2019, o país perdeu 4,6 milhões de leitores. Além disso, lemos em média somente 4,2 livros em um ano.
Com frequência, vemos pessoas dizendo que “liam mais, quando mais novos” e, realmente, os pré-adolescentes, de 11 a 13, são a faixa etária que mais leem no país (81%), de acordo com o estudo. Agravando esse prejuízo no hábito de leitura dos brasileiros, a Reforma Tributária pretende aumentar em 20% o preço de livros.
Reaver o hábito de leitura pode ser bastante árduo, mas não é impossível. Pense em um processo de reabilitação: a desintoxicação é gradual. Por isso, se perdeu o hábito de leitura, a tentativa de ler uma obra “grande” pode ser frustrada. Comece por leituras menores, sendo assim, listamos algumas sugestões:
Venha ver o por do sol
Escrito por Lygia Fagundes Telles, este conto foi publicado em 1988 e está disponível gratuitamente na internet. A história de Raquel e Ricardo traz muito suspense e surpresas para uma narrativa com bastantes simbolismos. O pós-término de um relacionamento pode revelar o lado violento de uma pessoa.
O leopardo é um animal delicado
Escrito por Marina Colasanti, o livro foi publicado em 1998 e não está disponível na internet, mas pode ser comprado por até R$ 15,00 em sebos de livros usados. O leopardo é um animal delicado também é um conto da coletânea da autora e traz toda a condição sensual e sexual de uma mulher.
Ser goiano
Escrita por José Mendonça Teles, a crônica faz parte da coletânea do livro “Crônicas de Goiânia”, da editora Kelps, que foi publicado em 1998. A narrativa traz toda a nossa goianidade e pode despertar o sentimento de pertencimento a identidade de Goiás. O texto pode ser lido gratuitamente na internet.
Maria, Maria
Escrito por Marina Colasanti, o conto também faz parte da coletânea do livro “O leopardo é um animal delicado”, publicado em 1998. Entretanto, pode ser encontrado gratuitamente na internet. A narrativa atualiza a história bíblica do Messias, mas valoriza a mulher, que teve papel importante na crença.
Outonizar-se com dignidade
Escrito por Carlos Drummond de Andrade, a crônica data de 1957 quando também foi publicado o texto “Fala, Amendoeira” do autor. Ambos são interessantes devido retratam a paixão do personagem por uma árvore. Porém, especialistas analisam que a narrativa fala mais sobre autoconhecimento e respeito às fases da vida.
A moça tecelã
Escrito por Marina Colasanti, o conto integra o livro “Um Espinho de Marfim” publicado em 1999. A autora é reconhecida pela construção da identidade feminina e pelo discurso feminista. Nesta narrativa, o empoderamento está em destaque quando a personagem constrói a sua própria realidade.
Erótica é a alma – Adélia Prado
Escrito por Adélia Prado, o conto faz parto do livro “Poesia Reunida”, que foi publicado em 1991. A narrativa nos inspira a encarar a velhice com humor e exuberância. A autora ressalta que o erotismo não está presente somente na juventude, mas na aceitação das marcas da vida.