Tratamentos oncológicos em Goiás continuam sendo desafio em meio a pandemia
Mesmo com medidas de proteção, centro de tratamento acaba tendo fluxo menor de pacientes | Foto: reprodução
João Gabriel Palhares
Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer, até o final de 2021, mais de 600 mil brasileiros devem ser diagnosticados com algum tipo de câncer – entre os principais estão mama, próstata, cólon de reto, cólon de útero e pele. Em decorrência da pandemia, muitos desses casos que já foram diagnosticados têm suspendido seus tratamentos por medo do contágio. Para a reportagem do O Hoje, no Dia Mundial do Combate ao Câncer, servidores do Hospital Araújo Jorge contam sobre as rotinas que vêm sendo tomadas na instituição para a proteção dos pacientes.
De acordo com o Hospital, dois dias após a decretação da Organização Mundial da Saúde (OMS) do estado de pandemia por conta do vírus da Covid-19 a Diretoria Executiva instituiu o Comitê Covid-19 da Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG). Com a criação, o objetivo da equipe foi propor e realizar ações de forma compartilhada, em prol da segurança e proteção dos pacientes e colaboradores, visitantes, acompanhantes, prestadores de serviços e público em geral.
Dentre as ações propostas pela Associação, foram implementadas triagens nos Centro de Quimioterapia e Oncologia Clínica, com medição de temperatura e entrevista feita por enfermeiro na busca por sinais ou sintomas do vírus; Testagem RT-PCR em todos os pacientes antes de cirurgias eletivas e internações para Quimioterapia; Redução da quantidade de acompanhantes, limitando a apenas uma pessoa por paciente, a unidade de saúde também tem organizado os atendimentos em blocos de horário.
Apesar das medidas adotadas, o Diretor Técnico do HAJ, Dr. Carlos Henrique Ribeiro do Prado, conta que diante do pavor da pandemia, os profissionais da unidade sentiram uma queda drástica no fluxo de pacientes do hospital. Com os novos picos de contaminação, o alerta para quem está no tratamento contra o câncer é ainda maior. De acordo com estudos do Inca, pessoas que estão diagnosticadas com a doença e foram infectados podem ter a possibilidade de contrair mais variantes do vírus da Covid-19.
Esse fato se dá por conta do sistema imunológico do paciente se encontrar fragilizado, o que acaba permitindo com que o vírus se multiplique muito mais vezes do que acontece em outros pacientes. Segundo a médica a frente do Setor de Controle de Infecção Hospitalar do HAJ, Cássia Miranda de Godoy, o sistema imunológico comprometido é típico de pacientes oncológicos devido aos medicamentos usados no tratamento e suas atividades imunodepressoras. “Essa característica favorece a replicação do vírus, podendo culminar no aparecimento de variantes mais transmissíveis ou mais letais do coronavírus”, complementa.
Diante das informações, com o início das vacinações no Estado de Goiás. Em parceria com a Secretária Municipal de Goiânia, o Hospital imunizou todos os seus colaboradores com a vacina contra o vírus da Covid-19. Em meio ao desenrolar das vacinações, o Inca, analisou que pacientes oncológicos, por possuírem uma diversidade genética viral bem maior que dos outros grupos, tem uma justificativa de prioridade no plano de imunização, o que garantiria mais segurança para continuação dos tratamentos.