Goianos divergem sobre CPI da Covid-19 no Senado
Senador Jorge Kajuru pediu ao STF instalação de comissão para apurar omissão do governo federal no combate à Covid-19 | Fotos: reprodução
Samuel Straioto
Os três senadores goianos não têm posição uniforme sobre a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar possíveis omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia da Covid-19. Jorge Kajuru (Cidadania) é um dos autores do pedido de criação da CPI e defende a investigação. O protocolo ocorreu em 15 de janeiro. Ao todo, 31 senadores assinaram o pedido de criação da comissão, quatro a mais que os 27 exigidos pelo regimento. Já Vanderlan Cardoso (PSD) e Luiz Carlos do Carmo (MDB) são contra a instalação da comissão.
O objetivo da CPI é apurar as ações e omissões do governo Jair Bolsonaro na crise sanitária. A comissão, no entanto, ainda não tinha sido instalada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), até esta quinta. Kajuru ao lado do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) que questionaram a inércia do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), em avaliar o requerimento pela investigação, apresentado há mais de 60 dias, no início de fevereiro. Kajuru e Vieira pediram ação junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) a instalação da comissão. Na última quinta-feira (8), o ministro do STF, Luís Roberto Barroso, determinou que o Senado deve instalar a CPI da Covid. Depois da decisão, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco anunciou em entrevista que vai instalar a CPI. O senador criticou a determinação. Chamou ordem de “equivocada” e disse que será “palanque político” para 2022.
Nas redes sociais Kajuru comemorou a decisão. Em entrevista à revista Época, Jorge Kajuru, afirmou que a comissão não terá nenhum “revanchismo” e criticou Rodrigo Pacheco. “Será uma CPI sem nenhum revanchismo, totalmente independente. Queremos saber os culpados, o que aconteceu”, disse Kajuru, que apresentou o pedido ao Supremo com Alessandro Vieira, colega de Casa e partido. “Não tinha como concordar com o Pacheco de que o Senado está fechado e não era hora de CPI. Ora, se está tendo sessão todo dia, por que não pode ter CPI? O Brasil inteiro está trabalhando remotamente. Demorou demais. Nós já teríamos trazido à tona fatos importantes, e poderíamos estar vivendo uma situação mais sorridente”, disse Kajuru à publicação.
Diferente de Jorge Kajuru, Luiz do Carmo mostrou indignação nas redes sociais. Ele declarou que o STF ultrapassou o limite de intervenção em outros poderes. “(O) STF definitivamente ultrapassou o seu limite de intervenção em outros poderes, deturpação do texto constitucional e incoerência ao proibir missas e cultos, e impor CPI presencial que gera grande aglomeração. Está claro a atuação política e nada jurídica em suas decisões”, declarou Carmo. Em outra publicação o senador disse que vai dedicar esforços para que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco paute pedidos de impeachment de ministros do STF. “Vou dedicar todo esforço possível para que o Senado, via Presidente @rpsenador (Rodrigo Pacheco) paute os pedidos de impeachment de Ministros do Supremo, pois está nítido que se não colocarmos em prática a “separação dos poderes”, o STF implantará uma “ditadura do judiciário no Brasil”, argumentou o parlamentar goiano em outra mensagem.
De forma semelhante a Luiz do Carmo, Vanderlan Cardoso compartilhou uma publicação em que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco afirma que não é o momento para ter uma Comissão Parlamentar de Inquérito, ele considera a CPI como inoportuna. Cardoso ainda criticou invasão da soberania do Senado pelo STF. “Concordo plenamente c/ o presidente @rpsenador (Rodrigo Pacheco). Não era momento de CPI da Pandemia. Nem vou entrar na questão da decisão monocrática do @STF_oficial e de invasão da soberania do @Senado Federal. É momento de conseguir vacinas, salvar vidas, cuidar dos pacientes e consolar famílias”, opinou Vanderlan Cardoso em mensagem nas redes sociais.
Nesta sexta-feira (9), o presidente Jair Bolsonaro também criticou Barroso. Bolsonaro acusou o ministro Barroso de fazer “politicalha”. “Falta coragem moral para Barroso e sobra ativismo judicial”, afirmou. Em nota, o STF afirmou que “os ministros que compõem a Corte tomam decisões conforme a Constituição e as leis e que, dentro do estado democrático de direito, questionamentos a elas devem ser feitos nas vias recursais próprias, contribuindo para que o espírito republicano prevaleça em nosso país.”