Padrão de beleza imposto pela sociedade pode gerar distúrbio
A comparação pode ser considerada um pouco absurda, mas ela é um extremo pra identificar que o padrão da beleza é uma construção da cultura, sujeito à mudanças a qualquer momento e que, em qualquer lugar em que é hipervalorizado.
Os padrões de beleza sofrem alterações de acordo com a cultura, sociedade e período histórico. No século XX com a ascensão industrial e capitalista, as mídias sociais tornaram-se mais influentes e frequentes, estabelecendo padrões para o corpo feminino. Padrões estes surreais e inalcançáveis por meios naturais. Os padrões utópicos de beleza e jovialidade feminina repercutem na saúde mental feminina e interfere na sua saúde física, gerando transtornos alimentares e de imagem corporal.
Se os padrões mudaram ao longo da história (e sempre tiveram suas variantes regionais), hoje a influência das redes sociais praticamente globalizou por completo as formas idealizadas de estética. As milhares de influenciadoras que vendem corpos esculturais e rostos perfeitos contribuem para uma uniformização do que é a beleza.
No Brasil de 2021, o modelo fitness domina o explorar do Instagram, mas talvez se a rede social existisse nos anos 80, seriam as magras no estilo supermodelos que invadiriam as redes. Essas diferenças quanto ao padrão de beleza imposto pela sociedade são regionais; por exemplo, ao observamos o povo Karen, que vive entre a Tailândia e a Birmânia, vemos que a idealização de beleza, para mulheres, está em um pescoço longo, forçado por anéis metálicos a ser esticado o máximo possível. Quanto maior o pescoço, mais próxima do ideal de beleza a mulher está.
A comparação pode ser considerada um pouco absurda, mas ela é um extremo pra identificar que o padrão da beleza é uma construção da cultura, sujeito à mudanças a qualquer momento e que, em qualquer lugar em que é hipervalorizado, vai levar a consequências drásticas de alterações do corpo, o que pode gerar insatisfação, dor, angústia e problemas de saúde mental.
O delírio do padrão de beleza fitness e a gordofobia
Ainda não falamos aqui de uma importante consequência da busca por padrões de beleza idealizados: a gordofobia. A pressão por um modelo de ‘vida saudável‘ forçada por influenciadores tem como base uma das mais operantes instituições de opressão no mundo: a gordofobia.
A ideia de uma beleza fitness e de um corpo de fisiculturista ser uma forma de vida saudável é falsa. As altas quantidades de suplementos alimentares necessários para essa dieta, além do consumo de hormônios e esteroides para o aumento dos músculos ou substâncias diuréticas para a aceleração do metabolismo pode ter consequências graves no funcionamento do nosso organismo.
O corpo helenístico exibido pelas influenciadoras e influenciadores nas redes sociais não é necessariamente saudável e, além disso, é possível ser gordo, feliz e ter saúde. O acompanhamento de nutricionistas e endocrinologistas é essencial para a compreensão do seu corpo. Se a obesidade é, por um lado, um problema de saúde pública, a pressão por um corpo perfeito e seus impactos na saúde mental das pessoas é tão grave quanto.
É possível viver fora dos padrões de beleza
Existem 7 bilhões de corpos no mundo fora dos padrões de beleza. Até a mais magérrima das modelos nas passarelas terá ‘imperfeições‘ em seu corpo, na visão do padrão de beleza. Intervenções como filtros no Instagram, photoshoppagens e cirurgias plásticas continuarão dominando o seu feed enquanto o padrão de beleza siga sendo racista, eurocêntrico, gordofóbico e sexista.
Acompanhamento de saúde mental, autoconfiança e confiança no afeto dos outros são passes importantes para a construção de uma autoimagem mais saudável e não tão dependente do que você vê no seu feed. Você também pode acompanhar algumas contas que fogem do padrão de beleza. Recomendamos: