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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
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Terapia

Precisamos falar da solidão e irresponsabilidade de famosos ou subcelebridades “influenciadores”

Recentemente pessoas públicas têm usado as redes sociais sem consciência e movendo milhares de seguidores com o que nem sempre é adequado, afirma especialista

Postado em 15 de agosto de 2021 por Carlos Nathan Sampaio
Precisamos falar da solidão e irresponsabilidade de famosos ou subcelebridades "influenciadores"
Recentemente pessoas públicas têm usado as redes sociais sem consciência e movendo milhares de seguidores com o que nem sempre é adequado

A solidão já é considerada um dos “males” do século, ainda mais para os brasileiros e na pandemia, como uma pesquisa divulgada pelo instituto Ipsos, que ouviu 23 mil pessoas de 28 países. Segundo o estudo, 50% das mil pessoas entrevistadas no Brasil, entre 23 de dezembro de 2020 e 8 de janeiro deste ano, disseram sentir solidão “muitas vezes”, “frequentemente” ou “sempre”. E, diferente do que se pensa, pessoas públicas como subcelebridades e influenciadores, mesmo com seus milhares ou milhões de seguidores, também podem passar por situações ou condições de solidão.

O problema aumenta, ainda mais, pois, dividindo suas experiências com milhares de pessoas, estas personalidades acabam tendo uma responsabilidade maior, não sabendo como utilizá-las parte das vezes. Quem explica, a convite do O Hoje, é a psicóloga Márcia Pompeu. Junto à reportagem, Márcia analisou três episódios recentes protagonizados por pessoas públicas na internet que causaram grandes polêmicas e que são, psicologicamente indentificados como “perigosos”.

Um dos episódios foi “promovido” pela modelo Raissa Barbosa, de 29 anos, que ficou mais conhecida ainda após o reality show A Fazenda 12. Raissa, que tem 4,3 milhões de seguidores no Instagram, surgiu desesperada em seu stories em julho, após ter reação à vacina da Covid-19, tomada um dia antes. Chorando, ela relatou ter passado mal e demonstrou arrependimento em ter sido imunizada. “Se eu soubesse que ia ficar tão mal…“, disse ela, que também expôs amigos que não atenderam suas ligações.

Para Márcia, este é um claro episódio da Síndrome de Borderline, transtorno mental caracterizado por humor, comportamentos e relacionamentos instáveis, do qual Raissa sofre. “Porém, nos vídeos ela mostra que não conseguiu ajuda de ninguém e, apesar da solidão, não justifica a reação exposta para milhares de pessoas que, além de preocupante, já que muitas pessoas não poderiam fazer nada para ajudá-la naquele momento, ainda invalidou a vacina contra Covid-19, que tem salvado milhões de vidas pelo mundo”, afirma a psicóloga.

Também de reality, a consultora de marketing e ex-bbb Sarah Andradem também protagonizou uma cena online onde chorou em julho. No seu longo desabafo a influenciadora cita sobre os problemas que enfrentou após sair do Big Brother Brasil e outros momentos antes do programa, em quais, durante uma depressão, ela chegou a pensar em acabar com a própria vida. A psicóloga explicou que, dependendo do tom, é importante que qualquer assunto seja abordado. “Apesar disso, chorar em redes sociais pra promover a pena, não é um caminho adequado e pode levar pessoas a agir de forma equivocada”, garantiu.

Outro episódio mais recente foi o da ex-mulher do ilusionista Pyong Lee, a Sammy Lee, que encerrou seu casamento depois que cenas da suposta traição do pai de seu filho foram ao ar em outro reality show, Ilha Record. Ao ver o ex-marido sendo supostamente infiel, a mulher, bastante abalada, postou uma foto com o filho nos Stories e escreveu sobre a dificuldade de segurar as lágrimas em frente ao pequeno Jake (filho do casal). Ela apagou o post em seguida.

Antes disso, Sammy Lee, eu também tem mais de 4 milhões de seguidores, já havia desabafado diversas vezes e anunciado o fim do casamento mesmo sem a presença de Pyong, que está no reality. “Isso causa desconforto, ódio, e o tal do ‘cancelamento’. Mesmo que a atitude do marido tenha sido errada, estes tipos de ações devem ser tomadas de forma legal e, de preferência, se a espetacularização da mídia. Não podemos esquecer que tudo isso envolve uma criança, famílias em geral”, disse Márcia.

Os três casos, segundo a psicóloga, retratam que é possível que ambas as mulheres se sintam sozinhas, mesmo com seus milhões de seguidores, e que é uma válvula de escape desabafar com as pessoas. “Porém, estas atitudes podem desencadear muitas consequências ruins a curto ou longo prazo, envolvendo pessoas inocentes direta, ou indiretamente”, afirma a especialista.

Márcia encerrou a entrevista lembrando da importância de acompanhamento psicológico. “Todos, qualquer pessoa, até famosos, influenciadores, subcelebridades, precisam de acompanhamento, terapia, ajuda. Não podemos julgar essas pessoas por suas ações, mas, nestes contextos, é perigoso. O que é dito pode refletir em outras pessoas e trazer graves consequências, então, na dúvida, procure sempre um profissional para ajudar, principalmente quando há solidão e não há com quem contar”, conclui a psicóloga.

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