Em disputa emocionante, Thiago Paulino conquista o ouro no arremesso de peso
A 21ª medalha de ouro do Brasil nos Jogos de Tóquio foi conquistada nesta sexta-feira (3) pelas mãos de Thiago Paulino, atleta do Time Ajinomoto, que venceu a prova do arremesso de peso, classe F57, para atletas que competem em cadeira de rodas (sequelas de poliomielite, lesões medulares e amputações). Em uma disputa acirradíssima, Thiago assegurou o […]
A 21ª medalha de ouro do Brasil nos Jogos de Tóquio foi conquistada nesta sexta-feira (3) pelas mãos de Thiago Paulino, atleta do Time Ajinomoto, que venceu a prova do arremesso de peso, classe F57, para atletas que competem em cadeira de rodas (sequelas de poliomielite, lesões medulares e amputações). Em uma disputa acirradíssima, Thiago assegurou o ouro com a marca de 15,10 m, novo recorde paralímpico da prova. No final, ele dedicou a conquista para sua mãe, sua grande incentivadora, que faleceu no ano passado.
A prova do arremesso de peso teve contornos dramáticos pela própria dinâmica da competição, em que cada atleta faz todos os seus arremessos de uma vez e depois fica aguardando o desempenho dos adversários. Thiago foi o último a competir e viu o chinês Wu Guoshan, que ficou com o ouro nos Jogos do Rio, em 2016, alcançar a marca de 15 metros, quebrando o recorde paralímpico e assumindo a liderança da prova.
Depois de um período de tensão, quando os voluntários tentavam acertar o posicionamento da cadeira, o brasileiro fez um primeiro arremesso para 14,77 m, porém assegurou o ouro na segunda tentativa, em que cravou 15,10 m, superando ainda o recorde do chinês. Fez ainda uma tentativa para 15,05 m e queimou as três últimas. Ao encerrar a participação, caiu no choro e dedicou a vitória para sua mãe.
“Foi um processo longo e complicado até aqui. No meio do caminho, acabei perdendo minha mãe, em outubro de 2020, depois de um longo período na UTI e, por isso, a emoção no final. Foi um momento muito difícil, em que deixei um pouco a carreira de lado para cuidar da família, sofri bastante”, comentou Thiago, lembrando a importância de sua mãe na carreira.
“Ela sempre acreditou em mim. Sempre me dava força. Antes da pandemia, ela dizia que eu iria conseguir esta medalha, que eu estava bem treinado. Disse que daria a medalha para ela e iria homenageá-la, só não sabia que seria desta forma. Estou muito feliz e tenho certeza de que ela também está”, afirmou.
Sobre a prova, o atleta do Time Ajinomoto disse que já esperava uma disputa muito acirrada. “Foi uma prova forte, como eu esperava. A Paralimpíada é uma competição especial, é a medalha que me faltava. Bicampeão pan-americano, bicampeão mundial. Essa medalha estava entalada na garganta desde a Rio-2016, quando fiquei em quinto lugar. E ainda houve o problema com a cadeira, não estavam conseguindo amarrar direito. Na hora de arremessar, ela ficava torta e eles não entendiam o que fazer. Eu sabia a posição que ela teria que ficar e insisti nisso. Felizmente mantive a concentração e deu tudo certo”, disse Thiago Paulino, que dividiu o pódio com outro brasileiro, Marco Aurélio Borges, que ficou com a medalha de bronze.
Em 2010, Thiago Paulino teve parte da perna esquerda amputada após um acidente de moto, quando estava a caminho da empresa em que trabalhava como vigilante. No ano seguinte, começou a praticar atletismo após ser convidado por um amigo, professor de educação física, que treinava arremesso de peso e lançamento de disco.