HGG realiza primeiro procedimento de redesignação sexual nesta quarta-feira (29)
A cabeleireira Maria Luiza Alves Teles, de 23 anos, será a primeira pessoa a passar pela cirurgia.
O Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG) realiza nesta quarta-feira (29/09) a sua primeira cirurgia de redesignação sexual. A cabeleireira Maria Luiza Alves Teles, de 23 anos, será a primeira pessoa a passar pelo procedimento na unidade de saúde, e diz estar muito feliz por ter a chance de passar pela cirurgia. “Estou muito feliz e pensando positivo para que tudo dê certo”, disse Maria Luiza enquanto arrumava a mala que ia levar ao hospital para se internar.
Ela faz parte um grupo de seis mulheres transexuais pacientes do Serviço Especializado do Processo Transexualizador (Ambulatório TX), que se encontraram nesta segunda-feira (27) no hospital com a psicóloga Flávia Christine Bezerra e estão prontas para realizarem a cirurgia no HGG, que teve seu início retardado devido à necessidade de suspensão de procedimentos eletivos por causa da pandemia. Outras nove pacientes já atingiram o prazo de dois anos do início do tratamento, estabelecido por lei para poder realizar a cirurgia, e também devem, em breve, realizar o procedimento.
Para marcar o início das cirurgias redesignadoras, o secretário de Estado de Saúde, Ismael Alexandrino, participará de uma solenidade nesta quarta-feira (29) para marcar o início das cirurgias pelo hospital, a primeira unidade de saúde pública do governo de Goiás a realizar tal procedimento.
A cirurgia de redesignação, em que são criadas a genitália externa e a vagina, é mais uma etapa do processo transexualizador realizado pelo Ambulatório TX, criado em 2017 pelo HGG para atender à demanda da população transexual do Estado, até então atendida apelas pelo Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (UFG), que atualmente está com as cirurgias suspensas.
Desde sua criação, 515 pessoas passaram pelo serviço, sendo que somente em 2021, 230 já foram atendidas pelo ambulatório, que já realizou 5.277 atendimentos ambulatoriais e 27 cirurgias, sendo 14 plásticas e 13 ginecológicas. Entre os atendimentos ambulatoriais, o destaque é para psicologia, que realizou 2.490 atendimentos. Até então, o hospital realizava procedimentos de histerectomia vaginal, que é a retirada do útero, e a mastectomia, a retirada dos seios. Os dois procedimentos realizados até então eram direcionados aos homens trans.
Para a responsável pelo Ambulatório TX, a ginecologista Margareth Rocha Giglio, o início das cirurgias redesignadoras é uma conquista para o hospital, para a população trans e para toda a sociedade. “Na verdade a gente vai ter benefício para o paciente, que vai poder operar depois de um longo período de procura. Essa cirurgia é feita em poucos lugares do país e hoje ser paciente do HGG é a única forma de se fazer a cirurgia no Estado; para o hospital, já que ele se firma cada vez mais como um hospital de atendimento terciário, especializado em cirurgias complexas; e para a sociedade, que tem um referencial para poder encaminhar essa população trans.”