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sábado, 23 de novembro de 2024
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Meio Ambiente

Cada vez mais frequentes: entenda o que leva ao aumento de enxames e ataques de abelhas

Em Goiás, número de ocorrências envolvendo abelhas em setembro chama a atenção; o biólogo Adriano Silva e o tenente-coronel Thiago Abdala destacam a importância de preservar esses insetos e seu habitat

Postado em 3 de outubro de 2021 por Giovana Andrade
Cada vez mais frequentes: entenda o que leva ao aumento de enxames e ataques de abelhas
Em Goiás

No início de setembro, na cidade de Hidrolândia, um grupo de 23 pessoas foi atacado por um enxame de abelhas enquanto praticavam escalada. Vinte pessoas ficaram feridas e seis delas precisaram ser hospitalizadas.

No final do mesmo mês, o motorista de um caminhão carregado com gás líquido foi atacado por abelhas após cair de uma ponte na BR-153, em São Luiz do Norte, no norte de Goiás. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o veículo caiu em cima de duas colmeias e o condutor levou cerca de 500 ferroadas, ficando em estado grave.

Na tarde da última quinta-feira (30/09), o Corpo de Bombeiros Militar (CBM-GO) de Aparecida de Goiânia foi acionado para retirar um enxame de abelhas que tomou conta de uma bicicleta infantil, em um condomínio no Setor Residencial Porto Dourado. O enxame foi transportado e solto em uma área de reserva e ninguém se feriu.

O registro de três ocorrências semelhantes em menos de um mês chama a atenção, podendo inclusive gerar dúvidas sobre como lidar com uma situação desse tipo. No entanto, caso você tenha ficado com a impressão de que as abelhas são inimigas dos humanos, não tire conclusões precipitadas, afinal, os acidentes envolvendo enxames de abelhas não são culpa dos insetos.

Conforme explica o biólogo Adriano Silva, essas ocorrências estão diretamente relacionadas à ação humana. “Com a redução da zona rural, desmatamento demais, as abelhas acabam procurando ambientes na zona urbana, porque tem a possibilidade de alimento, tem água, tem rios passando dentro das cidades. Então elas acabam vindo pra zona urbana, como todos os outros animais quando a gente invade o habitat deles”, diz.

Além disso, ele lembra que a reprodução desses insetos se dá nesta época do ano, o que tem como consequência o aumento dos enxames, de forma que elas dividem as colmeias e vão atrás de um novo lugar para morar. E, por causa do aumento da área urbana e diminuição de áreas silvestres, acabam disputando espaço com os humanos.

Nesse sentido, o biólogo destaca que as abelhas se irritam com facilidade, o que pode levar aos ataques. “As abelhas não vão atacar ninguem só por querer, é sempre causado por um estímulo externo que as leva a fazer isso. A cidade é um ambiente muito barulhento, com bastante ruído, e as abelhas ficam irritadas muito facilmente. Tem a movimentação de pessoas passando perto dessas colmeias e elas não gostam disso e acabam atacando”, expõe.

Esse fato pode ser observado nas ocorrências mencionadas anteriormente: no caso do motorista, o veículo caiu em cima das colmeias, o que deve ter perturbado os insetos. Já no caso do enxame que se abrigou na bicicleta, as abelhas foram retiradas com cuidado e não picaram ninguém.

Na perspectiva do tenente-coronel Thiago Abdala, do CBM-GO, o aumento das queimadas nas últimas semanas também pode ter influenciado o aumento dos enxames de abelhas nas cidades. “Devido ao aumento dos incêndios em vegetação, ocorre a destruição do habitat natural destes animais silvestres, e os mesmos deslocam para o interior das cidades em busca de alimento e abrigos”, diz.

Ele lembra que muitos desses enxames são migratórios, e destaca que é crime ambiental exterminar animais silvestres, o que inclui as abelhas. Por isso, e considerando o perigo apresentado pelos insetos, o ideal ao se deparar com um enxame é acionar o Corpo de Bombeiros, que saberá lidar devidamente com a situação.

Além disso, é importante lembrar que, apesar do ferrão e da picada dolorosa, as abelhas são insetos indispensáveis para o meio-ambiente e, consequentemente, para a manutenção da vida humana. Pertencente à ordem Hymenoptera, da superfamília Apoidea, as diversas espécies de abelhas são de extrema importância para o equilíbrio do ecossistema, uma vez que, através da polinização, são responsáveis pela reprodução de cerca de 80% das plantas.

Ou seja, sem as abelhas, a vida em geral sofreria, já que a vegetação seria significativamente reduzida, o que demonstra a importância de proteger esses insetos.

“Elas são essenciais para a manutenção da biodiversidade, a produção de alimentos e a vida humana”, conclui o tenente-coronel.

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