Após surto de superbactérias, UTI no Hugo segue interditada
Sete pacientes foram contaminados em ala hospitalar; este não é a primeiro caso do tipo na Capital
O Hospital Estadual de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo), em Goiânia, segue com uma ala de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) interditada. O Hospital identificou sete casos de contaminação de superbactérias em uma UTI, o que resultou na interdição da respectiva ala por uma semana. Ontem (04), uma equipe de infectologia, em conjunto com outras áreas e a direção técnica, voltou a avaliar sobre o final da quarentena estabelecida.
Em nota, o Hugo informou que a desinfecção do terminal foi concluída na última sexta-feira (01) e que os pacientes estão estáveis, inclusive com alguns recebendo alta da UTI e segundo o tratamento para o qual foram internados. Além disso, o comunicado afirmou que, até o resultado do parecer realizado ontem, novos pacientes não seriam admitidos nesta ala de UTI.
Entenda
No último dia 27, documento do Serviço de Controle de Infecção (SCI) do Hugo apontou que foram encontradas bactérias acinetobacter e Klebsiella pneumoniae Carbapenemase (KPC), resistente à maior parte dos antibióticos, segundo informou a Unidade. De acordo com o SCI, a quantidade de casos encontrada na UTI caracteriza um provável surto e transmissão cruzada. O órgão afirmou ainda que as bactérias possuem elevado risco de morte e transmissão, além da capacidade de ficar por até seis meses em superfícies.
Relembre
Esta não é a primeira vez que um hospital da Capital registra surtos da bactéria KPC. Em junho do ano passado, o Hospital e Maternidade Dona Íris (HDMI), informou que simultâneo a testagem positiva para Covid-19 de três profissionais da saúde e de um bebê internado na UTI, a unidade passava por um surto positivo para covid-19. Além disso, a unidade disse que passava, na época, por um surto da respectiva bactéria KPC.
À ocasião, o Hospital também restringiu o acesso e informou sobre a tomada de providências emergenciais. Segundo a unidade de saúde, a preocupação era ainda maior já que o quadro de Covid-19, associado ao surto da bactéria multirresistente, reforçou a necessidade do impedimento de admissão de novos bebês (pacientes), uma vez que a superbactéria KPC, por ser resistente, poderia causar complicações, como pneumonia ou infecções.
KPC
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) explica que a enzima Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) pode ser produzida por vários tipos de enterobactérias, isto é, bactérias que estão presentes no trato gastrintestinal – e o conhecimento científico tem demonstrado que ela confere às bactérias uma resistência ainda maior aos antibióticos, podendo inativar penicilinas, cefalosporinas e monobactâmicos.
Segundo a Anvisa, a enzima KPC já foi documentada em diferentes bactérias, como Salmonella enterica, Enterobacter sp, Enterobacter cloacae e na própria Klebsiella pneumoniae, que pode agir como uma bactéria oportunista em pessoas que estão com a saúde muito debilitada, provocando infecções graves no ambiente hospitalar.
No Brasil, o primeiro relato desse novo mecanismo de resistência ocorreu em 2005, em Recife (PE), e estava relacionado à bactéria Klebsiella pneumoniae. Atualmente o tratamento dos pacientes é realizado com os antibióticos Polimexina B e Colistina. (Especial para O Hoje)