Representatividade nos quadrinhos divide opiniões entre políticos e influenciadores
“Eu sempre disse que todo mundo precisa de heróis e todo mundo merece ver a si mesmo em seus heróis”, afirmou o criador da revista, Tom Taylor.
A recente informação divulgada pela DC Comics de que a revista “Superman: Son of Kal-El #5”, que será lançada em novembro, trará um personagem protagonista bissexual dividiu opiniões entre políticos e celebridades.
Os quadrinhos mostrarão Jon Kent, filho de Clark Kent, de 17 anos, vivendo uma relação homoafetiva com o ativista e hacker Jay Nakamura, que tem ligações com o Superman e com Lois Lane. O escritor da história, Tom Taylor, confirmou em entrevista ao portal IGN que o herói fará parte da comunidade LGBTQIA+.
“Eu sempre disse que todo mundo precisa de heróis e todo mundo merece ver a si mesmo em seus heróis. Hoje, o Superman, o herói mais forte do planeta, está se assumindo”, disse Taylor.
Embora os inúmeros relacionamentos entre homens e mulheres nos quadrinhos, os quais muitas vezes sexistas, nunca tenham gerado polêmica a ponto de repercutir entre figuras políticas, a recepção às revistas é bem diferente quando se trata de casais homoafetivos.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), filho de Jair Bolsonaro, criticou em sua conta no Twitter a diversidade sexual apresentada na revista. Chegou a dizer que a intensão seria “destruir a masculinidade dos mais tolerantes para dominar estes cordeiros e instigar o ódio nos resistentes para poder acusá-los de homofóbicos” (SIC).
A publicação prontamente causou reação em artistas e influenciadores, que criticaram o parlamentar por meio da hashtag #BananinhaFragil, no Twitter.
“Difícil entender este tweet. O incômodo do deputado com a sexualidade do Super-Homem vem de uma insegurança quanto à sua própria sexualidade?”, publicou, em resposta, o ator e apresentador Marcelo Tas.
Outra internauta escreveu: “Pensa em um homem que tem masculinidade tão frágil a ponto de ser destruída por um personagem de gibi”.
Essa não foi a primeira vez que um político dito conservador ataca personagens LGBTQIA+ nos quadrinhos. Em setembro de 2019, o pastor e ex-prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, mandou censurar a revista em quadrinhos “Vingadores – A Cruzada das Crianças”, exposta na Bienal do Livro daquele ano.
A censura ocorreu apenas porque a revista trazia a imagem de personagens homens se beijando. Na ocasião, a Bienal havia se posicionado contra a censura, afirmando que “dá voz a todos os públicos, sem distinção, como uma democracia deve ser”.