Cigarro ilegal representa mais da metade do consumo em Goiás
Seis das 10 marcas mais vendidas em Goiás são ilegais e representam 42% do mercado
Os cigarros vendidos de forma ilegal foram os mais consumidos no Estado, correspondendo a 55% de todo o consumo em Goiás, aponta pesquisa do Ibope Inteligência/Ipec. De acordo com o estudo, 38% desses produtos foram contrabandeados principalmente do Paraguai e 17% produzidos no Brasil por fabricantes que não pagam os impostos devidos.
Já no ano de 2019, o mercado ilegal era de 63% de participação no Estado, ou seja, uma redução. Segundo pesquisadores, a redução pode ser associada ao cenário de pandemia da Covid-19. Isto porque provocou alta na moeda norte-americana, ultrapassando a marca de R$ 5. Desse modo, o preço médio do produto ilegal subiu de R$ 3,34 para R$ 4,64, aproximando, assim, do cigarro comercializado legalmente que tem preço mínimo de R$ 5 por determinação da lei,
Para o presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO), Edson Vismona, que divulgou a pesquisa, essa diminuição na diferença de preços resultou de uma queda no consumo do cigarro ilícito e consequente migração do consumidor para o cigarro legal, produzido nacionalmente, sob as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”, aponta.
Como é o caso do cabeleireiro Paulo Ricardo Freire, que opta pelo cigarro nacional. Ele já sustenta o vício por três anos. Ou seja, desde a juventude já fumava e isso começou, segundo ele, por influência de amigos. “Comecei a fumar a partir da ingestão de bebida alcoólica em resenha com conhecidos. Por dia, já traguei cinco cigarros no máximo, depende muito do meu humor”. Segundo ele, o produto traz uma sensação de relaxamento.
A frequência em que Paulo fuma varia muito. Ele já chegou a ficar seis meses sem o cigarro, mas a vontade falou mais alto. Um dos motivos que o faz ter vontade de usar é a ansiedade. Segundo Edson, mesmo com a queda do mercado ilegal, o resultado ainda é circunstancial. “Esta queda é reflexo de um cenário atípico e, sem estratégias de longo prazo, o mercado ilegal voltará a crescer”, afirma.
Além da alta do dólar, o recuo incomum na economia ilegal também é resultado de restrições implementadas para contenção da pandemia, como o fechamento parcial de fronteiras e dos comércios formais e informais, além do fechamento temporário de fábricas de cigarros no Paraguai e o trabalho das forças de segurança.
Marcas Ilegais
Seis das 10 marcas mais vendidas em Goiás são ilegais e representam 42% do mercado. A principal fabricante nacional é a Cia. Sulamericana de Tabacos, que produz a marca Club One (6%) uma cópia do cigarro paraguaio Gift (2%). Como estratégia para capturar mercado, os maços trazem similaridades na identidade visual e embalagem do produto paraguaio. No topo do ranking está a paraguaia Euro (20%).
Arrecadação perdeu R$ 139 milhões
Conforme dados da Receita Federal foram apreendidos em Goiás 6,52 milhões de maços de cigarros. O total representa cerca de R$ 32 milhões. O cigarro ilícito lidera o ranking de apreensões no Brasil. Apesar da redução, as organizações criminosas fizeram cerca de R$ 479 milhões com o produto no Estado.
Apenas no ICMS, os cofres públicos deixaram de arrecadar R$139 milhões. O imposto é justamente uma das principais fontes de receita do Estado para o desenvolvimento de políticas públicas sociais para educação, saúde e segurança.
Tabaco mata 8 milhões de pessoas por ano
O tabaco mata mais de oito milhões de pessoas por ano, aponta a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mais de sete milhões dessas mortes resultam do uso direto desse produto, enquanto cerca de 1,2 milhão é o resultado de não-fumantes expostos ao fumo passivo. A OMS afirma ainda que cerca de 80% dos mais de um bilhão de fumantes do mundo vivem em países de baixa e média renda onde o peso das doenças e mortes relacionadas ao tabaco é maior.
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) explica que, além de estar associado às doenças crônicas não transmissíveis, o tabagismo também é um fator importante de risco para o desenvolvimento de outras enfermidades, tais como tuberculose, infecções respiratórias, úlcera gastrintestinal, impotência sexual, infertilidade em mulheres e homens, osteoporose, catarata, entre outras.
Diante das inúmeras doenças que o câncer pode causar, a orientação do Inca é para que as pessoas não fumem. Essa é a regra mais importante para prevenir o câncer, principalmente os de pulmão, cavidade oral, laringe, faringe e esôfago. De acordo com o Instituto, ao fumar, são liberadas no ambiente mais de 4.700 substâncias tóxicas e cancerígenas que são inaladas por fumantes e não fumantes. Parar de fumar e de poluir o ambiente é fundamental para a prevenção do câncer. (Especial para O Hoje)