Clima e queimadas afetam a produção de alimentos e elevam preços
Verduras e legumes foram os itens mais afetados com a redução na produção. O pepino, quiabo e chuchu tiveram alta nos valores
Desde fevereiro de 2024, líderes goianos têm alertado para os reveses econômicos na agricultura de uma estiagem prolongada. Em uma reunião com membros da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) com líderes da agricultura goiana, foi alertado por membros da pasta para uma piora na estiagem de 2024 e na situação hídrica.
Segundo contou o gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), André Amorim, as chuvas de 2023 não foram o bastante para repor as bacias hidrográficas. Além disso, as chuvas foram esparsas e muito localizadas. Em algumas regiões do norte do Estado, choveu até 40% menos do que precisava. Por causa disso foi emitido um alerta para produtores rurais da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg).
Agora, quatro meses depois do começo das estiagens, os goianos sentem ainda mais os efeitos esperados e as consequências disso como na baixa umidade relativa do ar, no calor intenso e no aumento das queimadas. Para os produtores rurais, podem sentir na colheita de uma safra reduzida que também era esperada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o engenheiro agrônomo, Fernando Sousa, ao O HOJE, essa mistura dos três fatores climáticos afeta a produção agrícola do Estado, principalmente a reserva hídrica necessária para a atividade. Com isso, o especialista afirma que as principais culturas afetadas pela estiagem são as de irrigação que dependem diretamente da água.
Alguns exemplos destes alimentos são as verduras e legumes. Ainda aponta como a produtividade final do tomate foi impactada por esses reveses. Vale lembrar que o Estado é um dos maiores produtores do alimento. Enquanto isso, a cultura de grão não será tão afetada por estar no período da entressafra.
Além disso, o acréscimo das altas temperaturas com uma baixa umidade do ar fazem com que a perda da água seja elevada para o produtor. “[Atualmente] a demanda econômica pelas irrigação está inviável pela quantidade de água reduzida nas bacias e o aumento da evaporação. Por dia perdemos de quatro a cinco milímetros de água por dia por causa desses fatores climáticos. Há três meses era menos do que três milímetros.”
Além desses fatores, Sousa explica que as queimadas também podem afetar a produção por reduzir a qualidade do solo disponível para o plantio. Essas chamas destroem a palhada e alteram a composição biológica do solo, com isso pode ser possível uma diminuição na produção de áreas queimadas. Enquanto isso, as fumaças que foram produzidas pelas queimadas não devem afetar a produção, apesar de causarem prejuízos para a saúde.
Consumidores sentem os preços nos bolsos
E não são apenas os produtores que se sentem mais inseguros com o mercado. Com a diminuição da produção houve também uma diminuição na oferta de certos alimentos. Como afirma o gerente do Centrais de Abastecimento de Goiânia (Ceasa-GO), Josué Siqueira, alguns itens à venda tiveram os preços ao dobro do encontrado anteriormente. Os itens que mais tiveram alta foram o pepino, o quiabo e o chuchu com aumento de 100% pela baixa produção.
Ainda segundo Siqueira, consumidores devem ficar atentos aos preços e se estão condizentes ao valor de mercado. Como afirma, o valor final dos produtos pode não fechar com a produção e por isso os produtores aumentam os valores dos alimentos.
Como afirma, o preço de mercado do tomate está reduzido pela época do ano, contudo, como afirmou Fernando, a rentabilidade do alimento foi impactada em Goiás. “Hoje uma caixa de tomate custa R$ 50 para o produtor produzir, mas ele está vendendo de R$ 25 a R$ 30. Ou seja, praticamente tem que vender duas caixas de tomate para tirar o custo de um.”