Especialistas trazem dicas para transformar a relação com a comida em um hábito mais benéfico
Especialistas explicam sobre alimentação balanceada e desmistificam alguns mitos
Por Elysia Cardoso
Dados de 2019 da Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada pelo IBGE, mostram que 60,3% dos brasileiros com 18 anos ou mais estão acima do peso. Entre adolescentes de 15 a 17 anos, a pesquisa identificou que 19,4% estão acima do peso, sendo que 6,7% estão obesos. O excesso de peso está ligado a uma série de fatores e a má alimentação é o principal deles.
Com o sobrepeso, diversas doenças podem se desenvolver, prejudicando a qualidade de vida. O consumo de sal em excesso, por exemplo, está diretamente ligado ao aumento do risco cardiovascular. A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica uma quantidade máxima de cinco gramas de sal por dia, mas o brasileiro chega a consumir até 12 gramas diárias.
Adotar uma dieta balanceada é a melhor opção para ter corpo e mente saudáveis e imunes a diversas enfermidades. Segundo a nutricionista Carol Amorim, existem alguns mitos sobre a alimentação saudável que podem dificultar a inclusão de uma dieta balanceada à rotina. A primeira delas é de que comer bem é caro. “Não é necessário gastar rios de dinheiro em lojas de produtos naturais. O prato básico do brasileiro, que inclui arroz, feijão, legumes, verduras e folhosos, já é um parto completo”.
Outro mito, é que a alimentação saudável é sem graça e sem gosto, por isso, a nutricionista indica temperos naturais, que não contém o alto teor de sódio dos alimentos processados e deixa os pratos muito saborosos. “Utilizar azeite, limão e ervas nas saladas; gergelim, orégano, cebola nos legumes; e urucum, alecrim e açafrão nas carnes, por exemplo, dão um toque a mais nos alimentos sem deixar de ser saudável”, sugere Carol.
Adotar dietas restritivas que cortem doces, frituras e imponham jejum é outro mito muito comum quando se fala de emagrecimento e dieta balanceada. “Comer deve ser prazeroso, não é certo ficar ‘morrendo’ de fome. O segredo não é parar de comer, mas organizar as refeições”, explica.
A nutróloga Aline Longatti chama a atenção também para os mitos que envolvem o carboidrato, que acaba sendo eliminado da alimentação em diversas dietas. “O carboidrato é um macronutriente muito importante para o organismo. Ele é a principal fonte de energia para o nosso corpo, especialmente, para o cérebro. Sem a presença do carboidrato o organismo precisa retirar energia de outras fontes para não entrar em falência, processo que pode ser muito estressante”.
Como se alimentar bem
A alimentação é um ato não apenas biológico, mas social. Por isso, Carol Amorim traz algumas dicas para transformar a relação com a comida em um hábito mais benéfico. “Mastigar bem os alimentos, prestar atenção nos cheiros e texturas, buscar sempre novos sabores são formas de melhorar a nossa relação com o alimento”. Além disso, refletir antes de repetir a comida e evitar ingerir líquidos durante as refeições são hábitos que auxiliam na digestão.
“Existe uma relação dinâmica entre doença, nutrição e imunidade. Entretanto, não existem superalimentos, pois nenhum nutriente isolado tem o poder de melhorar o sistema imunológico. Os benefícios de um padrão alimentar são decorrentes do conjunto de alimentos que são consumidos ao longo do dia e da forma como são preparados”, explica Aline Longatti.
Desse modo, incluir no cardápio frutas, cereais integrais, peixes, verduras folhosas e leites e derivados desnatados é ideal, mas é necessário aliar isso a uma rotina de atividades físicas, consumo de pelo menos 2 litros de água por dia, sono regulado e evitar o excesso de bebidas alcoólicas e alimentos ricos em gordura, açúcar e ultraprocessados.