Mortes envolvendo motociclistas representam 66% dos acidentes fatais na Capital
Dos 45 óbitos registrados neste ano, 30 são de motociclistas, de acordo com registros da Delegacia de Crimes de Trânsito (Dict).
Por Daniell Alves
Os acidentes envolvendo motociclistas que resultaram em mortes no trânsito de Goiânia representam quase 70%. Dos 45 óbitos registrados neste ano, 30 são de motociclistas, de acordo com registros da Delegacia de Crimes de Trânsito (Dict). Ultrapassar limites de velocidade é uma das principais causas de acidentes de trânsito no mundo, aponta a Organização Mundial de Saúde (OMS).
No último domingo (1º), um jovem de 24 anos morreu em um acidente de trânsito envolvendo uma moto e um caminhão, na BR-153, sentido Anápolis/Aparecida de Goiânia. O caminhoneiro ouviu um barulho de derrapagem na pista e, ao parar o veículo, verificou que havia uma motocicleta presa na roda dianteira esquerda do caminhão.
O corpo do motorista caiu cerca de 100 metros atrás. O óbito foi constatado pelo médico da concessionária Triunfo, que também acionou o Instituto Médico Legal (IML). Já o condutor do caminhão realizou o teste do bafômetro, tendo como resultado negativo para consumo de bebidas alcoólicas.
Outro motociclista também morreu no dia 30 último, após colisão com um poste de energia na Avenida Gercina Borges, em Goiânia. Com o impacto, a vítima não resistiu. Segundo a Dict Goiânia, no momento do acidente, o motociclista saiu da pista e subiu na calçada quando bateu de frente com o poste.
A delegada da Dict, Maíra Barcelos, aponta para um aumento considerável de motocicletas desde o início da pandemia. Logo, também cresceram os acidentes. “Muitas pessoas perderam seus empregos e passaram a utilizar motocicletas para poderem trabalhar em entrega, por exemplo”, explicou. Contudo, o percentual de motociclistas envolvidos em acidentes sempre esteve em alta. “Praticamente 70% dos acidentes registrados pela Dict envolvem motociclistas”, informa.
Frota
Atualmente, Goiás possui cerca de 920 mil motocicletas. O último estudo divulgado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) mostrou Goiânia em 6° lugar no quesito maior frota de carros do Brasil. Na categoria motos, a Capital ficou em 4° lugar.
O número justifica o quanto o trânsito de Goiânia é lento e estressante, conforme explica o professor do Instituto Federal de Goiás (IFG) e engenheiro de transportes, Marcos Rothen. Segundo ele, a cada ano surgem novos automóveis e o trânsito piora. “E não tem opção, quem decide ir a pé anda por calçadas inclinadas, obstruídas e o transporte coletivo não tem conforto”, diz.
Somado a isso, a ausência de sinalização em vias movimentadas também contribui para a ocorrência de incidentes, avalia o doutor em transportes e professor do Instituto Federal de Goiás (IFG), Adriano Paranaíba. “Além de imprudência, falta de cuidado e atenção por parte do motorista, é importante ver o outro lado da moeda. Outros fatores envolvem a má sinalização das vias, má qualidade das vias – buracos, qualidade do asfalto, outros problemas de geometria das vias”, exemplifica.
Principal causa de morte
De acordo com o Relatório de Status Global de Segurança Viária da ONU, acidentes são hoje a principal causa de morte de pessoas entre 05 e 29 anos. E ainda, que cerca de 1,35 milhão de vidas no mundo são perdidas no trânsito. Excesso de velocidade lidera, com folga, o ranking de infrações que resultam em multa em Goiânia. Foram registradas 376.454 em 2021.
A via que lidera o número de infrações é a Avenida Tocantins, com 36.347. Na sequência, aparecem Avenida Araguaia (32.209), Avenida Paranaíba (26.580), Rua 132, no Setor Sul (16.308) e Marginal Botafogo (15.636).
Todas as infrações foram cometidas em vias sinalizadas verticalmente, horizontalmente e com equipamentos eletrônicos; semáforos e redutores de velocidade. “Não há autuações em ruas sem sinalização. O trânsito mata e a única vacina é a mudança de comportamento”, alerta o secretário Horácio Mello, sobre os cuidados no trânsito.
As penalidades para quem estiver acima da velocidade permitida, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) são classificadas de três formas: 1)Velocidade superior à máxima em até 20%: multa média, 4 pontos na CNH e R$ 130,16 em multa; 2) Velocidade superior à máxima em mais de 20% e até 50%: infração de trânsito grave, 5 pontos na carteira de habilitação e multa de R$ 195, 23; 3) Velocidade superior à máxima em mais de 50%: infração gravíssima, 7 pontos na CNH, R$ 293,47 de multa com multiplicador e suspensão do direito de dirigir.